Como criar um Brasil melhor em 2 atos, por Wilson Aquino

Wilson Aquino é jornalista e professor – Divulgação

“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.” Essa marcante observação de Rui Barbosa (1849 – 1923) parece ecoar ainda hoje diante da desafiadora realidade brasileira.

É inegável que essas palavras ressoam na contemporaneidade, refletindo a desilusão do povo diante da desonra e injustiça que permeiam nosso país. E Monteiro Lobato (1882 – 1948), outro ícone literário brasileiro, oferece a solução para as crises moral, econômica, social e política que o Brasil enfrenta: “Um país se faz com homens e livros.” Homens íntegros, comprometidos com o bem-estar da nação, diferentemente de muitos líderes eleitos que priorizam interesses pessoais ou partidários em detrimento do povo.

Enquanto a sociedade não aprender a escolher seus representantes, afastando aqueles que demonstram ser maus gestores, seja por incompetência, desvio moral ou falta de comprometimento com a população, os desafios persistirão. Informações sobre candidatos são facilmente acessíveis; portanto, é imperativo que cada eleitor pesquise, trabalhando para retirar da vida pública todos aqueles que não representam seus interesses, por meio do poder do voto.

A outra sugestão de Lobato também é crucial: “Livros.” Em meu último artigo (“Jovens e adultos precisam estudar mais!”, publicado na semana passada), destaquei a crescente distância das pessoas (jovens e adultos) das instituições educacionais (Não somente das faculdades, mas dos ensinos técnicos e até da conclusão do ensino médio) e a importância de incentivar o estudo e a leitura. O desenvolvimento nacional ocorre por meio do conhecimento adquirido nos livros. Estudos proporcionam salários melhores, qualidade de vida digna e uma visão mais ampla do mundo, elementos essenciais para conduzir o país ao progresso, como visto em nações asiáticas, por exemplo, que evoluíram de comunidades empobrecidas para o primeiro mundo.

O Brasil tem potencial para alcançar esse sucesso, dada sua grande extensão territorial, terras férteis e clima favorável que permitem até 3 lavouras/ano, recursos naturais e uma população alegre e trabalhadora. Contudo, é crucial ter administradores competentes em níveis municipal, estadual e nacional para que ele alavanque rumo ao desenvolvimento.

Defendo a necessidade de todos – pais, escolas, empresários, prefeituras e setor público e privado em geral – incentivarem a leitura, especialmente entre crianças, jovens e adolescentes. Eles representam o futuro e devem cultivar o hábito de ler, explorando um mundo de conhecimento e imaginação que contribui para sua formação intelectual.

Infelizmente, o fato de muitos pais não possuírem esse hábito, dificulta a transmissão aos filhos. Da mesma forma, a maioria das prefeituras brasileiras foca apenas na infraestrutura das escolas, negligenciando a criação de bibliotecas atrativas acessíveis a toda comunidade. É preciso descentralizar, levar bons livros aos bairros mais distantes, com títulos criteriosamente selecionados para despertar o gosto (em crianças, jovens e adultos) pela leitura e aumentar o nível de conhecimento em todos.

Em conclusão, diante do desafio de criar um Brasil melhor em dois atos, é imperativo que a sociedade exerça seu papel ativo na escolha de seus representantes. O voto consciente é a arma mais poderosa contra a perpetuação de maus gestores, porque como o próprio Senhor nos adverte por intermédio das Escrituras Sagradas (Prov. 29:2), “Quando os justos governam, alegra-se o povo; mas quando o ímpio domina, o povo geme”.

Além disso, a visão de Monteiro Lobato sobre a construção de um país com homens e livros continua mais atual do que nunca. Investir na educação e na promoção da leitura é uma estratégia fundamental para moldar cidadãos críticos, conscientes e capacitados a impulsionar o desenvolvimento do Brasil.

Nesse contexto, os administradores públicos têm um papel vital ao estabelecer políticas educacionais e culturais que promovam não apenas a construção de escolas, mas o desenvolvimento intelectual contínuo de toda a população. Ao escolher governantes comprometidos e fomentar a leitura, estamos pavimentando o caminho para um futuro mais justo, próspero e alinhado às aspirações de grandes pensadores como Rui Barbosa e Monteiro Lobato, bem como aos anseios mais profundos de todo o povo brasileiro. Somente assim poderemos verdadeiramente construir um Brasil melhor para as futuras gerações.

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