Público de feira nacional elogia bengala eletrônica feita por alunos da Escola do Sesi de Corumbá

Bengala apresentada na Febrace foi desenvolvida para guiar deficientes visuais com o auxílio de sensores e georreferenciadores – Divulgação

Durante a mostra de projetos finalistas da Febrace (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia), o “Olho de Agamotto”, bengala eletrônica desenvolvida por alunos da Escola do Sesi de Corumbá para guiar deficientes visuais com o auxílio de sensores e georreferenciadores, recebeu elogios dos visitantes que passaram pelo estande organizado pelos alunos da instituição de ensino e foram apresentados ao projeto. A feira nacional está na 16ª edição e é promovida pela USP (Universidade de São Paulo), na capital paulista, de 12 a 16 de março.

Estudante do Colégio Bandeirantes, de São Paulo (SP), Helena Motta destacou que, além de relevante, o projeto conseguiu ir além do objetivo de proporcionar inclusão para deficientes visuais. “Achei muito interessante quando os alunos contaram que criaram um grupo para integrar os cegos, então é algo que merece ir para frente”, disse, referindo-se à organização de um grupo para representar os deficientes visuais de Corumbá.

“Em Corumbá não existe um instituto que defende os portadores de deficiência visual, então, quando os alunos começaram a trabalhar no projeto, sentiram a necessidade de ouvir mais o cego, entender o que eles esperavam de um dispositivo desenvolvido para eles. Então, em contato com eles, a Escola do Sesi de Corumbá acabou criando um grupo de apoio que, além de integrar os cegos da cidade, contribui com a representatividade e inclusão deles”, explicou o coordenador pedagógico da Escola do Sesi de Corumbá, Marcel Giordano Jeffery, que acompanha os estudantes durante a feira em São Paulo (SP).

De Niterói (RJ), Rafael Carrilho, estudante da Escola Técnica Estadual Henrique Lage, considerou que o projeto é muito útil. “Os deficientes visuais realmente necessitam de auxílio e de algo melhor do que uma bengala comum, que limita os passos a uma linha reta, enquanto o Olho de Agamotto tem uma detecção do corpo inteiro, em volta de todo o corpo do deficiente, então é um projeto muito inteligente”, opinou.

Para o estudante Frederico Monteiro, da Usefaz, de Guaratinguetá (SP), o projeto é um auxílio a mais para deficientes. “Ainda que existam outros mecanismos para auxiliar o cego, como um cão-guia ou uma bengala tradicional, o projeto é muito mais eficaz, porque ao apitar e vibrar, direciona o cego, é muito simples e eficiente”, contou.

A feira

A Febrace reúne 346 projetos finalistas feitos por estudantes dos ensinos fundamental, médio e técnico de escolas públicas e particulares de todo o País, selecionados entre mais de 2.250 mil projetos. Os projetos inscritos na 16ª edição da Febrace são avaliados por especialistas e devem conter um artigo, exposição de pôster, vídeo ou slide explicativo. Nesta sexta-feira (16/03), serão anunciados os vencedores, após avaliação por especialistas de diversas áreas, sendo que são premiados os projetos vencedores em diferentes categorias e subcategorias.

A delegação da Escola do Sesi de Corumbá que apresenta o “Olho de Agamotto” é composta pelos alunos Kiany Climaco Guerrero e Paulo Henrique Almeida da Silva. Eles contam, ainda, com a colaboração de ex-alunos da instituição, Adilson Correa da Silva Junior e Fabio Gustavo Mercado Urquieta, que também participaram do desenvolvimento da bengala antes de se formarem. A professora articuladora e coordenadora do projeto, Marcelly Rodrigues Tavares, e o coordenador pedagógico Marcel também estão presentes na feira.

O “Olho de Agamotto” já foi eleito o melhor projeto multidisciplinar da edição 2017 da Fecipan (Feira de Ciência e Tecnologia do Pantanal) e também ganhou o 1º lugar na área de Engenharia da 4ª FetecMS (Feira de Tecnologia, Engenharias e Ciências de Mato Grosso do Sul), realizada pela UFMS e Grupo Arandú de Tecnologias e Ensino de Ciências. O nome do dispositivo foi baseado no amuleto que o personagem das HQs (Histórias em Quadrinhos) do Grupo Marvel, “Dr. Estranho”, carrega no pescoço e é inspirado no mundo real em “O Olho que Tudo Vê”, de Buda, nome dado a Siddhartha Gautama, líder religioso que viveu na Índia e fundou o “budismo”.

A professora orientadora do projeto, Marcelly Rodrigues Tavares, destacou o bom desempenho dos alunos da Escola do Sesi de Corumbá no primeiro dia de avaliações. “O grupo teve grande êxito, então as nossas expectativas são as melhores possíveis. Os alunos estão animados e dando seu melhor no momento de mostrar o protótipo, o diário de bordo, e se mostram preparados para os próximos dias de apresentação, porque ainda temos dois dias pela frente”, pontuou, acrescentando, ainda, que os alunos também estão assistindo palestras e aproveitando o máximo possível as oportunidades de aprendizado.

Os alunos

Aluna da 3ª série do Ensino Médio e integrante da equipe, Kianny Clímaco Guerreiro se diz satisfeita. “Fico bastante orgulhosa por participar desse projeto e ver o quanto ele pode mudar a vida das pessoas com deficiência visual, e pelo fato de vários avaliadores elogiarem bastante nosso projeto, então espero que a gente melhore cada dia mais”, disse.

Ex-alunos da Escola do Sesi de Corumbá, Fábio Gustavo Urquieta e Adilson da Silva Júnior, que foram integrantes da equipe do “Olho de Agamotto” enquanto estudavam na instituição e acompanharam toda a concepção do projeto, também participam da apresentação durante a Febrace. “É impressionante, pois ao ver a variedade de projetos, as diversas áreas de aplicação em que as pessoas trabalham e não são profissionais, pois a maioria está no ensino técnico, você vê a tecnologia dando seus passos e mostrando para o mundo o que ela é capaz de fazer”, disse.

Na torcida, Naiara Aparecida Firmino Rodrigues, que também é ex-integrante do “Olho de Agamotto” e acompanha a equipe em São Paulo, avalia que a participação na feira é um dos pontos altos do projeto. “Uma feira desse nível foi um dos pontos mais positivos para o projeto, tanto em questão de experiência como na expansão do projeto que cada vez tem se tornando mais conhecido em vários lugares”, finalizou.

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