Em ação inédita, professores indígenas de Caarapó iniciam graduação em Pedagogia Intercultural

Grupo de acadêmicos do curso de Pedagogia Intercultural com autoridades municipais de Caarapó na aula inaugural, em Amambai – Divulgação

Professores indígenas do povo Kaiowá e Guarani da rede municipal de ensino de Caarapó – ao lado de colegas do município de Amambai – deram início neste mês à graduação em Pedagogia Intercultural. O curso está sendo ministrado pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), na Unidade Universitária de Amambai.

O governo do Estado, por meio da Assessoria de Comunicação UEMS, informou que o curso é um convênio com as prefeituras de Amambai e Caarapó e é um dos únicos no país na proposta dele, que tem como público-alvo professores indígenas do povo Kaiowá e Guarani vinculados à Rede Municipal de Educação dos municípios de Amambai e Caarapó, como docentes na Educação Infantil ou Anos Iniciais do Ensino Fundamental nas escolas indígenas. Foram ofertadas 50 vagas, sendo distribuídas: a) 25 vagas para docentes da rede municipal de Amambai; e b) 25 vagas para docentes da rede municipal de Caarapó.

As aulas acontecem em regime de alternância, ou seja, a carga horária será desenvolvida em parte na Unidade da UEMS em Amambai (com disciplinas concentradas) e outra parte nas aldeias em que os professores atuam profissionalmente (tempo comunidade).

O início do curso de Pedagogia Intercultural ocorreu no dia 13 deste mês, em Amambai, quando os acadêmicos foram acolhidos pelos docentes e equipe técnica da Unidade Universitária da UEMS, com a presença de autoridades da área de educação escolar indígena de Caarapó e Amambai.

No dia 21 ocorreu a aula inaugural do curso. O Poder Executivo municipal de Caarapó foi representado pela secretária de Educação, Esporte e Cultura, Ieda Maria Marran, além de representantes do setor de educação indígena e os diretores de escolas indígenas. O Poder Legislativo de Caarapó foi representado pelo seu presidente, Gilberto Segóvia, e pelo vereador Professor Pontinha. O evento teve ainda a presença do reitor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Laercio Alves de Carvalho, do secretário estadual de Educação, Hélio Queiroz Daher, prefeito Edinaldo Luiz de Melo Bandeira (Amambai), e vereadores Ligia Borges e Tato Souza (Amambai).

Também prestigiaram o evento vários professores Guarani e Kaiowá de outros municípios vizinhos, representantes dos movimentos indígenas, como Aty Guasu, Movimento dos Professores G/K, Kunhangugue Jehoky Guasu, acadêmicos e professores do Teko Arandu, FAIND/UFGD.

A secretária Ieda Marran fez questão de enaltecer a visão do prefeito André Nezzi e da Câmara de Vereadores em relação ao projeto que beneficia a educação indígena. “Trata-se de um importante investimento nessa área tão importante da administração pública. Então, ficam os nossos agradecimentos ao nosso prefeito e aos nossos vereadores pelo apoio”, disse a secretária, sublinhando que “essa luta junto às instituições de ensino superior vem de longa data e que, finalmente, os professores Guarani e Kaiowá são atendidos em suas demandas”.

“Pensar em educação é fazer valer as legislações que garantam o direito a uma formação específica, voltada para a cultura e tradições da comunidade. O Curso de Pedagogia Intercultural Indígena é um sonho antigo dos Indígenas Guarani/Kaiová, e hoje realizado através das parcerias com as Lideranças e professores Indígenas e os municípios de Caarapó, Amambai e UEMS”, pontua a secretária. “Acreditamos nos nossos professores indígenas, que terão uma formação inédita, porém, muito bem estruturada, pensada para a promoção do protagonismo dos estudantes dentro de suas aldeias”, conclui.

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