Último dia de workshop do ISI Biomassa debate descarbonização, economia circular e biocombustíveis

Os participantes do 2º Workshop Internacional de Inovação em Biomassa – Futuro Verde – Assessoria/ISI Biomassa

O que já está sendo feito pelas empresas e as inúmeras possibilidades de inovação para produção de energia e redução na emissão de CO2 estiveram no centro do debate na programação do último dia do 2º Workshop Internacional de Inovação em Biomassa – Futuro Verde, realizado nesta quinta-feira (27/10), pelo ISI Biomassa (Instituto Senai de Inovação em Biomassa), em Três Lagoas. Em dois dias de evento, foram mais de 25 palestrantes nacionais e internacionais debatendo descarbonização, bioeconomia, economia circular e biocombustíveis.

O gerente de Gestão e Negócios, ISI Biomassa, João Gabriel Marini, comentou sobre a importância da instituição encabeçar o evento. “É uma satisfação receber aqui pesquisadores e representantes de empresas de renome que estão contribuindo com assuntos muito relevantes para o mundo todo”.

A bioeconomia é a ciência que estuda os sistemas biológicos e recursos naturais aliados à utilização de novas tecnologias, com propósitos de criar produtos e serviços mais sustentáveis.

O debate foi conduzido pelo diretor do Laboratório Nacional de Biorrenováveis, no Centro Nacional de Pesquisa e Energia e Materiais (CNPEM), Eduardo Couto. Ele explicou brevemente sobre a contribuição da instituição para o setor. “Basicamente pegamos a biomassa do Brasil e convertemos em moléculas de alto valor agregado”, disse.

O chefe adjunto de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa, Walder Nunes, destacou a grande abrangência da bioeconomia e as possibilidades sustentáveis do agro. “Vemos que o agro tem uma relação extremamente próxima da bioeconomia, tanto pela dimensão econômica como em área plantada, variedade de produtos e forte interação com a indústria”, destacou.

O fundador da Bioprocess, Daniel Atala, apresentou o trabalho da startup no desenvolvimento de biotecnologiaa para a indústria 4.0. “Habilitar essas ferramentas permite destravar a produção, diminuir incertezas e definir estratégias para uso de recursos”.

Já o diretor-executivo da Assessa, Daniel Barreto, apresentou as possibilidades do uso da biomassa na produção de cosméticos. “Estamos falando de conectar a base da biomassa ao consumidor”, destacou ao lembrar o caráter emocional desse setor.

Além disso, ele destacou as vantagens adaptativas do setor no que tange a inovações, provas de sustentabilidade e cumprimento de requisitos éticos, bem como a importância do compromisso social com as comunidades produtoras de matéria-prima.

Em palestra sobre descarbonização, o diretor do Instituto de Química da UFRJ, Cláudio Mota, destacou a importância do desenvolvimento de pesquisas na área para manutenção do planeta.

Além de captura do ar, o pesquisador destacou a necessidade de pensar cada etapa para de fato ter medidas efetivas na produção de energia limpa. “Para esses processos serem completamente sustentáveis, temos que usar ferramentas para captura que sejam também sustentáveis”.

Após a apresentação, o professor moderou painel sobre o assunto com gerentes que atuam na área e apresentaram iniciativas que buscam atingir a sustentabilidade, especialmente na redução da emissão de carbono.

O gerente de projetos da Tupy, indústria focada na comercialização de peças de engenharia, Élio Kumoto, projeta crescimento nas vendas, mostrando que as medidas adotadas para tornar o processo produtivo mais limpo não interferem no crescimento. “Hoje, 97% dos nossos materiais são recicláveis. Não usamos minérios, usamos material vindo de sucata metálica”, exemplificou. No ano passado, o faturamento da empresa foi de R$ 7 milhões.

O gerente de CQ e P&D da Ciplan Cimento, Luiz Ferracin, também apresentou os desafios em reduzir a emissão de carbono na terceira maior fábrica em operação no Brasil.

Biomassas como casca de arroz, pneu e cavaco de madeira estão entre os itens utilizados no processo de composição do cimento. “Temos que tentar fazer cimento adequado a cada situação, que tenha resistência e ainda garanta a redução de CO2”, destacou.
Fundadora da CCS Brasil, Isabela Morbach, aponta a captura e o armazenamento de carbono como alternativa a redução da emissão. Embora ainda haja desafios no transporte, há viabilidade do projeto com custos menores. “A captura de CO2 pode ser adequada em infraestrutura já existente, gerando competitividade para indústria”, destacou a pesquisadora.

Ainda sobre o tema da redução na emissão de CO2, a gerente de políticas públicas da RSB, Carolina Grassi, alertou, em palestra sobre crédito de carbono, para a urgência em buscar alternativas sustentáveis para geração de energia.

“Já passamos todas as fronteiras do nosso planeta. É um quadro onde temos muitos riscos e perigos em todas as esferas. Devemos trabalhar de forma colaborativa para acelerar para uma economia circular e de baixo carbono”, afirmou.

Na parte da tarde, o uso de hidrogênio para produção de energia continuou em pauta. Segundo o coordenador do Laboratório de Materiais e Células de Combustível da UFMG, Tulio Matencio, a ideia é que gradativamente o elemento seja a substituição do petróleo. “A economia de hidrogênio é cada vez mais citada por suas potenciais perspectivas futuras”.

Bioeconomia circular: As possibilidades do plástico sustentável e o aproveitando integral do babaçu
Moderado pelo pesquisador industrial do ISI Biomassa, Hélio Merá, o painel de Economia Circular debateu a transformação do conceito e as práticas adotadas pelas empresas nesse sentido. “Estamos consumindo muito mais do que nosso planeta é capaz de renovar em recursos humanos”, destacou Merá ao falar da importância das pesquisas.

O professor da Escola de Química, José Vitor Bomtempo, lembrou que a bioeconomia pode envolver etapas de produção, conservação e regeneração de recursos, além de conhecimento e o desenvolvimento de tecnologias e inovação. “Desenvolver a economia circular, seja ela bio ou não, não é fácil. É um processo de difícil estruturação de ponta a ponta”.

Na petroquímica Braskem, ações para tornar o processo de produção mais sustentável já são realidade. Conforme a especialista em mudanças climáticas, Adriana Mello, a empresa é, por exemplo, pioneira na produção e comercialização de polietileno verde e tem como meta atingir 1 milhão de toneladas de capacidade de produção até 2030. “A Braskem trabalha com origem renovável e tem toda uma frente de reciclagem. O grande sonho é chegar na origem 100% renovável e reciclada”, destacou.

Já o diretor-presidente da Tobasa Bioindustrial de Babaçu, Edmond Baruque, não precisou fazer grandes esforços para tornar o aproveitamento de 100% do babaçu e o processo de produção sustentável, já que a empresa é centrada na atuação socioambiental com comunidades locais na Amazônia com a colheita do fruto diretamente da floresta. “Desenvolvemos tecnologia de aproveitamento integral do coco de maneira pioneira”.

A solidez industrial e as possibilidades dos biocombustíveis
O debate sobre os biocombustíveis começou com a participação online e internacional. A pesquisadora da Exxon Mobil, Kelsey McNeely, apresentou uma infinidade de rotas de interesse no uso de biocombustíveis. “A estimativa é que haja 115 bilhões de biomassa crescendo na Terra todos os anos. Perto de um terço disso é aproveitável”, explicou.

Durante o painel moderado pelo professor da UFRJ, João Monnerat, os novos biocombustíveis estiveram no centro do debate. A professora da UFRN, Amanda Gondim, destacou os desafios de atuação nos setores da aviação e navegação. “Esperamos que os novos biocombustíveis sejam hidrocarbonetos líquidos de origem renovável e que tenham funcionalidades equivalente ao dos combustíveis fósseis”, explicou.

O gerente de tecnologias indústrias da Granbio, Julio Santo, apresentou o trabalho da empresa no sentido de oferecer melhores soluções integradas para conversão de biomassa em energia, materiais e produtos químicos. A biomassa vegetal não é só uma fonte de energia, mas tem capacidade de armazenamento de energia”, por exemplo.

Já o consultor técnico da Ubrario e professor da UFRJ, Donato Aranda, destacou o grande sucesso do País no setor. “Em 2008, não havia praticamente nenhuma usina e hoje temos 55 sinas operando no Brasil”.

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