Estudantes tiveram primeiro contato com cinema local por meio do ‘Campo Grande Na Tela’

Projeto durou dois meses, percorreu todas as regiões da Capital, passando por 7 escolas municipais e 3 universidades

Projeto percorreu todas as regiões da Capital, passando por 7 escolas municipais e 3 universidades – Foto: Vaca Azul

Desde a primeira sessão, no dia 26 de março, até a última, no dia 25 de maio, a mostra “Campo Grande Na Tela” passou por 10 instituições de ensino para exibir curtas-metragens feitos aqui. O projeto foi realizado pela Marruá Arte e Cultura, sendo contemplado com recursos do FMIC (Fundo Municipal de Investimentos Culturais).

Sete escolas municipais, uma de cada região da cidade, foram escolhidas para receber a mostra, entre elas: Escola Municipal Arlindo Lima, no Centro; Hércules Maymone, no Nova Lima; Professor Nagib Raslan, no Jardim Petrópolis; Consuleza Margarida Maksoud Trad, no Estrela Dalva; Professor Múcio Teixeira Júnior, na Vila Carlota; Irene Szukala, no Jardim das Hortências; e Tertuliano Meirelles, no Caiçara.

Além das escolas, também teve exibições na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e no IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul).

O Arlindo Lima foi a primeira escola a receber o projeto, que foi um sucesso logo de cara. Com participação intensa dos alunos, a cada nova sessão olhares aguçados e vidrados nas produções para não perder nenhum detalhe de cada filme. Os adolescentes eram os mais interessados.

“O documentário sobre os índios foi o que mais me chamou atenção, não sabia que existiam tantos aqui em Campo Grande”, afirmou a estudante Isadora Ferreira, de 13 anos, que cursa o 9º ano no Arlindo Lima. A película a que ela se refere é “Olhar Indígena Sobre Campo Grande”, de Sidney Albuquerque.

No entanto, as obras de ficção eram as que faziam mais sucesso entre os mais novos. “Ela Veio Me Ver”, de Essi Rafael, arrancava suspiros ao apresentar na tela o primeiro amor, momento que alguns já estão vivendo. “Fala do primeiro amor como algo possível, os personagens têm idade próxima da nossa, é muito sutil e engraçado. Gostei bastante”, frisou Michelly rodrigues, estudante de 15 anos, do 9º ano do Hércules Maymone.

“Enterro” e “Espera”, de Fábio Flecha, mistura momentos de humor com a tensão das histórias de assombrações das lendas que permeiam nosso Pantanal. Os curtas também foram um prato cheio para que os adolescentes se interessassem pelas produções locais. “Eu gosto muito de suspense, além de serem um pouco terror são engraçados. Gostei dos dois”, enumera João Costa, estudante de 19 anos do Eja, no Tertuliano Meirelles.

Os docentes viram uma oportunidade de apresentar a cultura sul-mato-grossense para os alunos fora da sala de aula e dos livros. Rosana Vasconcelos, diretora-adjunta do Arlindo Lima destacou a importância de levar este tipo de projeto para os estudantes. “A escola é um local onde nós temos que trabalhar com os alunos o conceito de cidadania, de participação cidadã e, com certeza, a arte e a cultura contribuem muito para a transformação da sociedade. A partir de eventos como este eles podem refletir mais”, disse.

Após as exibições sempre acontecia debate com pessoas que trabalham com cinema por aqui. Participaram os atores Bruno Moser, Geraldo Saldanha, Nadja Mitidiero, Conceição Leite, diretores André Monteiro, Fábio Flecha, a diretora de arte Maíra Espíndola, os músicos Rodrigo Camargo e Marina Peralta, entre diversos outros profissionais.

As conversas foram enriquecedoras, mostrando que é possível fazer cinema na Cidade Morena e chegou a despertar sonhos em alguns dos estudantes. “Quem sabe um dia eu estude e faça um filme, fiquei com vontade”, revelou a estudante Maria Eduarda Dantas, de 12 anos, do 7º ano da Irene Szukala.

Nas universidades os debates tinham tom mais sério. Na UEMS o músico e roteirista Rodrigo Camargo, que escreveu o roteiro e atuou no videoclipe “Nova Lima Mil Pecados”, de seu grupo de rap La-Firma, falou sobre a violência que vivencia quase que diariamente na zona norte da Capital.

“É importante nós vermos uma realidade que difere da nossa, uma vivência real. Por outro lado, é um lugar muito rico culturalmente também e muitas vezes não conhecemos os artistas que vem de lá”, acredita a estudante do curso de Letras Issel Chaia.

Para o coordenador do projeto, Belchior Cabral, o “Campo Grande Na Tela” superou as expectativas. “Tivemos a participação intensa das escolas, dos alunos, dos educadores. Muitos alunos constataram que a cidade é produtora de filmes e tiveram contato com eles. Essa troca foi o mais interessante”, declara.

O projeto também contou com uma equipe grande, em cada mostra pelo menos 10 pessoas eram mobilizadas. Uma das produtoras, Júlia Basso, conta que a parte que mais gostou foi conhecer novos lugares e diferentes realidades da cidade. “Voltei ano passado de Curitiba para Campo Grande, estava há muitos anos fora. Esse contato com escolas de bairros distantes do Centro foi muito bom para entrar em contato com pessoas, lugares diferentes. Sem falar que levar a cultura para dentro da escola faz com que tenhamos uma formação de público para consumir essas produções locais”, reflete.

Apesar da mostra ter terminado, o projeto ainda segue produzindo uma websérie sobre o cinema campo-grandense pelo YouTube. Já foram lançados três capítulos pelo canal da Marruá Arte e Cultura na plataforma de vídeos. Ainda serão lançados mais sete episódios, cada um mostrando sobre a região onde aconteceram as mostras.

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