Brics deve superar participação do G7 na economia global até 2028

Bloco de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul corresponde a 40% da população e cerca de um quarto do PIB mundial

Instalação do Grupo Parlamentar do Brics. Na tribuna o presidente do Brics, senador Irajá (PSD-TO) – Foto: Jonas Pereira/Agência Senado

Brasil, Rússia, Índia e China contribuirão com quase 35% do crescimento global até 2028, segundo estudo conduzido pela agência Bloomberg. O Brics — acrônimo usado para se referir ao bloco que conta ainda com a África do Sul — vai superar a contribuição do G7. O grupo formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido deve representar 27,8% da economia global em cinco anos. Em 2020, os dois blocos contribuíram igualmente para o crescimento econômico mundial.

O bloco de países emergentes, formado em 2009, por Brasil, Rússia, Índia e China teve a adesão da África do Sul no ano seguinte. O grupo atua como um mecanismo de cooperação em áreas que tenham o potencial de gerar resultados concretos aos brasileiros e às populações dos demais países membros. Segundo o governo federal, o grupo representa mais de 3 bilhões de habitantes e US$ 25 trilhões em PIB, ou 40% da população mundial e cerca de um quarto do PIB global.

O grupo tem chamado a atenção de outros países. De acordo com a Bloomberg, mais de 40 nações indicaram interesse em ingressar no bloco Brics. A declaração foi feita pelo embaixador da África do Sul no bloco, Anil Sooklal. O país vai sediar a próxima cúpula do Brics, prevista para acontecer entre os dias 22 e 24 de agosto na capital Johanesburgo. Os critérios para uma eventual expansão devem ser uma das principais pautas da reunião. O professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília Thiago Gehre destaca a importância da participação do Brasil no bloco.

“Para o Brasil é muito importante estar dentro desse clube, um seleto grupo de países, economicamente muito potentes, que tem uma dinâmica própria econômica. E possibilita para o Brasil, obviamente, ampliar tanto a sua pauta comercial de exportação, de importação, seu volume de comércio, como também no âmbito financeiro fazer os recursos brasileiros circularem, assim como capturar outros recursos provenientes de fontes não tradicionais”, afirma.

Em 2022, o volume de comércio exterior entre o Brasil e a África do Sul ficou em US$ 2,6 bilhões, sendo US$ 1,7 bilhão em exportações brasileiras e US$ 900 milhões em exportações sul-africanas. Os produtos brasileiros mais exportados foram petróleo (16% do total), frango (12%) e veículos (7,2%). Nas importações vindas da África do Sul, a prata e platina ficaram no topo (33%), seguidas pelo carvão (11%) e o alumínio (10%). Os dados são do governo federal.

Contexto atual

China e Estados Unidos, os dois maiores parceiros comerciais do Brasil, travam uma guerra comercial há anos. Americanos e chineses disputam o primeiro lugar no ranking de maiores economias globais, hoje liderado pelos EUA. Outro ponto complexo no atual cenário internacional é a guerra no leste europeu entre Rússia e Ucrânia, que tornou a Rússia pária internacional. Potências ocidentais condenam a invasão ao território ucraniano com a imposição de sanções à Moscou.

Além disso, esses países têm dado apoio bélico à Ucrânia, o que faz do confronto uma espécie de guerra indireta entre as duas maiores forças bélicas do mundo, EUA e Rússia, com participação também da União Europeia. Nesse contexto, o Brasil deve adotar uma postura de neutralidade nas relações internacionais, segundo Thiago Gehre. Para o professor, trata-se de um momento delicado e a política externa brasileira deve encontrar um equilíbrio para, ao estreitar a relação com China e Rússia, não se afastar de outros importantes parceiros, como EUA e União Europeia.

“A política externa brasileira já tem uma tradição justamente de conhecer como jogar com as extremidades dos polos de poder mundial. Isso vem muito da tradição, por exemplo, na Segunda Guerra Mundial, quando o Brasil adota uma postura que a gente chama de equidistante e pragmática. Então eu vejo muito isso se repetindo de uma maneira nova no século XXI, uma espécie de equidistância pragmática entre os polos tradicionais de poder ocidental, com o qual o Brasil se identifica. Por outro lado, isso não impede que o Brasil mantenha boas relações com países como Índia, China e Rússia”, afirma.

Frente Parlamentar do Brics

O Senado instalou a Frente Parlamentar de Relacionamento com o Brics no último mês de maio. A iniciativa tem como objetivos acompanhar a legislação e as políticas que envolvam o bloco, promover o intercâmbio com parlamentos dos demais países membros e acompanhar a tramitação no Parlamento brasileiro de matérias que tratem de assuntos de interesse do Brics.

O presidente do colegiado, senador Irajá (PSD-TO), ressalta a representatividade econômica, social e política dos países do bloco. Ele afirma que a frente parlamentar pretende criar uma agenda legislativa que seja convergente com o fortalecimento do país e dos demais membros e que facilite as relações comerciais. O que na visão dele, pode render ganhos na área ambiental e também nas exportações brasileiras.

“Se a gente criar uma agenda que facilite as relações comerciais de importação e exportação com esses países, a nossa balança será mais superavitária do que é hoje. Então essa é a ideia: ter uma relação ainda mais próxima com países já parceiros. E a frente do Brics tem esse objetivo de estar sempre facilitando o ambiente de negócios com os países parceiros”, pontua.

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