As demissões nos sindicatos

  • Por Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves 

Sem o imposto sindical, que recebiam desde os anos 40, os sindicatos vão demitir 100 mil trabalhadores. Sedes gigantescas serão trocadas por instalações modestas e a vida seguirá. O governo não parece disposto a criar uma nova versão do imposto extinto e, com isso, as entidades que existiam apenas para fazer proselitismo político ou ideológico, vão fechar. Permanecerão só as que têm trabalho efetivo na área sindical e, com isso, justificam a anuidade paga pelo trabalhador. E o trabalhador paga com satisfação quando é bem servido. A nova lei trabalhista é um duro golpe na chamada república sindicalista e tende a recolocar os sindicatos nos seus devidos lugares: representar e negociar os interesses do trabalhador. Os que funcionam como aparelhos político-ideológico, tendem a fechar, pois nenhum trabalhador tem a disposição de pagar para alguém fazer política.

Sindicatos e entidades que congregam trabalhadores, públicos ou privados, jamais deveriam atuar partidária ou ideologicamente. No momento em que o fazem, perdem a sua finalidade e desamparam o associado que, na ausência de serviços, acaba deixando o quadro social. Como sobreviviam do imposto compulsório, os sindicalistas transformam-se em políticos e utilizam a estrutura do sindicato para fazer campanha e movimentos, quando deveriam usar esses recursos em ações de interesse do associado e, principalmente, na negociação de salários e outros benefícios.

Nada obsta que o sindicalista se torne político. Mas tem de fazer cada coisa em seu lugar. Do sindicato pode levar para a política apenas a imagem positiva de quem trabalha pela classe e, se investido em qualquer posto eletivo, poderá fazer ainda melhor. E, mesmo tendo um político em sua direção ou quadro associativo, o sindicato tem de ser protegido, como órgão de representação da classe e não de partido ou de lutas políticas.

Da mesma forma, os partidos também precisam ter o meio de subsistência modernizado e regulamentado. O partido político deve ser o ambiente onde os cidadãos da mesma ideologia se reúnem e buscam os melhores para representá-los nas eleições. O ideal seria que o partido vivesse exclusivamente da anuidade paga pelos seus filiados (da mesma forma que fazem os clubes) e não houvesse espaço para a existência dos chamados partidos de aluguel, que não elegem ninguém mas servem para desequilibrar a balança das forças partidárias em troca de dinheiro e de cargos na administração pública. É preciso encontrar, urgentemente, meios sustentáveis de vida para os partidos políticos e evitar que funcionem como meio de vida. O partido não pode servir a alguns; tem de representar todos.

Além da reforma trabalhista que começa a vigorar timidamente e da previdenciária, que o governo luta para implantar, o Brasil precisa de novos parâmetros para a vida partidária, a divisão justa do tributo arrecadado entre os três níveis da federação (federal, estadual e municipal) e ganhar sustentabilidade. Sem esse equilíbrio, jamais seremos uma nação desenvolvida…

  • Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

aspomilpm@terra.com.br

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