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MS 42 anos: nas artes plásticas, identidade do Estado revela “Brasil profundo”

Humberto revela detalhes de seu trabalho ao governador Reinaldo Azambuja durante exposição em 2016 – Foto: Chico Ribeiro

Identidade é querer ser alguém, é a busca de caminho próprio. “Somos o Brasil profundo”, define Humberto Espíndola, artista plástico consagrado, criador da bovinocultura – termo de uma iconografia que também transfere a arte para o campo sociológico. “O boi é uma cultura nossa não há como não falar dele”, explica. Primeiro secretario de Cultura do Estado e ex-diretor do MARCO (Museu de Arte Contemporânea), Humberto diz que a identidade aparece automaticamente quando se tem um trabalho sólido. A base, segundo ele, é a educação e a cultura, e a consciência de buscar um espaço é mais importante do que buscar uma figura. “Para encontrar uma identidade, o artista tem é que trabalhar, produzir muito”, observa Humberto.

Uma das funções da arte é criticar a sociedade, mostrar o que não quer ver. A arte lê o pensamento de um período histórico. O artista deve refletir seu meio ambiente. A obra tem que ter força social, durabilidade.

Neste contexto, é preciso lembrar de duas importantes artistas plásticas que, de certa forma, são a fonte desta identidade: Inês Correa da Costa e Lídia Baís, cuja residência era vizinha a de Espíndola. Lídia pintou cerca de 100 quadros e é considerada principal nome da nossa arte. “Se ela tivesse participado dos movimentos culturais, seria nossa Anita Malfatti”, declara Humberto.

Em 1966, época em que o Brasil fervilhava cultura, Campo Grande foi palco do primeiro movimento cultural em busca desta “identidade”. Organizado justamente por Espíndola e pela historiadora e crítica de arte Aline Figueiredo, os dois à época jovens universitários conseguiram reunir dos municípios do Mato Grosso Uno artistas plásticos potenciais e os apresentaram na 1ª Exposição de Pintura dos Artistas Mato-grossenses, no Rádio Clube.

“As artes plásticas, mesmo antes da criação de Mato Grosso do Sul, começam em Campo Grande”, explica Aline Figueiredo, corumbaense, hoje radicada em Cuiabá. Apesar dos esforços, a 1ª Exposição no Rádio Clube não agradou ao renomado crítico paulista Pietro M. Bardi, que afirmou que a produção dos artistas era incipiente. “Estávamos na periferia”, concorda Espíndola, que a partir daí, junto com Aline Figueiredo, sente a necessidade de construir algo novo.

No ano seguinte, em 1967, 10 anos antes da divisão do Estado, cria-se em Campo Grande a Associação Mato-Grossense de Arte (AMA), que dá início ao movimento contemporâneo. “Entender esse processo nas artes permite compreender muito sobre esse processo histórico”, pontua Aline, autora do livro “Artes plásticas no Centro Oeste”. O movimento, inclusive, deu projeção nacional a alguns nomes de sul-mato-grossenses como Jorapimo, Humberto Espíndola, Ilton Silva e Conceição dos Bugres. Neste ano, Espíndola cria o tema Bovinocultura e expõe com sucesso no IV Salão de Arte Moderna do Distrito Federal em Brasília.

Outro momento importante para criação da sonhada identidade cultural, foi o movimento Guaicuru, criado pelo artista plástico Henrique Spengler. Inspirado na cultura dos índios kadiwéu, Spengler levou para as telas a arte que os nativos originalmente reproduziam em vasos de cerâmica e transformou os traços indígenas em marca de identidade. Junto com ele, o Índio (José Carlos da Silva, 1948-1991) Jonir Figueiredo e Adilson Schieffer, fundam a Unidade Guaicuru, e o grupo trabalha a iconografia com clara preocupação relativa à cultura indígena, fazendo uma releitura cromática dos signos kadiwéu, terena e guarani, consolidando a parcela geométrica de nossa tendência abstracionista, ao lado de Áurea Katsuren e do douradense Paulo Rigotti.

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