Lula e Bolsonaro trocam acusações em último debate

Lula e Bolsonaro durante debate na Bandeirantes, em foto de arquivo – Foto: EPA

Os candidatos Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) protagonizaram momentos tensos no último debate da campanha eleitoral de 2022, exibido pela TV Globo.

Atrás nas pesquisas, o atual presidente chamou o ex-mandatário de “mentiroso” e “bandido”, enquanto o petista definiu Bolsonaro como “descompensado”.

“A verdade é que o salário mínimo é menor do que quando ele entrou. Ele não aumentou o salário mínimo, agora é muito fácil chegar perto da eleição e prometer. Isso é a verdade, e o povo sabe porque está sentindo na carne”, disse Lula.

“Mentiroso, ele fala para influenciar pessoas mais humildes de que eu ia acabar com 13º e férias”, rebateu Bolsonaro, que se irritou com a plateia em pelo menos dois momentos e pediu para as pessoas ficarem quietas.

“O povo sabe quem é mentiroso, ganhamos 60 direitos de resposta por conta das mentiras dele”, afirmou Lula, acrescentando que Bolsonaro estava “descompensado” e deveria paralisar o debate para conversar com sua equipe.

Os dois candidatos também discutiram sobre política externa, com o petista acusando o presidente de deixar o Brasil “mais isolado que Cuba” e de não ser recebido “por ninguém”.

Já Bolsonaro tentou usar o discurso religioso ao dizer que precisaria “exorcizar” seu adversário e ainda pediu: “Fica aqui, rapaz”. “Não vou ficar perto de você”, respondeu Lula, enquanto se afastava.

Aborto e viagra

No segundo bloco, Lula questionou Bolsonaro por que o povo brasileiro “ficou tão miserável” durante os últimos quatro anos.

Citando estudos e reportagens que mostram que o país tem 33 milhões de pessoas com fome e 24 milhões que não conseguem comprar alimentos, o petista acusou seu rival de ignorar o problema durante sua gestão.

“Você não coloca na mesa que teve uma pandemia e que seus governadores fizeram as pessoas ficarem em casa”, rebateu Bolsonaro, que, no entanto, admitiu que existem cidadãos com fome no Brasil.

“Tem gente passando fome? Tem, não há dúvida que tem”, declarou o ex-capitão do Exército, que, em outro momento, acusou o petista de ser “abortista” e “favorável à ideologia de gênero”.

“Você não pensa nas crianças, Lula?”, questionou. O ex-presidente, por sua vez, citou um discurso de 1992 em que Bolsonaro defendeu a distribuição de “pílulas do aborto” para reduzir a pobreza. “É um discurso de 30 anos atrás, nem lembro mais”, minimizou o mandatário.

O petista também criticou Bolsonaro pela compra de 35 mil caixas de Viagra pelas Forças Armadas, acusando-o de negligenciar a aquisição de itens como fraldas geriátricas.

“Explica por quê”, questionou. O ex-capitão do Exército, por sua vez, rebateu que o medicamento é usado em “tratamentos de próstata”. “Então por que não distribuir para todo mundo?”, acrescentou Lula.

Pandemia e Amazônia

A pandemia de Covid-19 foi um dos temas quentes do último debate da eleição presidencial de 2022.

Ao abrir o terceiro bloco, o petista acusou o presidente de atrasar a compra de vacinas e de oxigênio e de ter ignorado recomendações da ciência. “Se você tomou vacina, agradeça a mim”, rebateu Bolsonaro.

Já Lula lembrou que quem iniciou a imunização contra a Covid no Brasil foi o governo do estado de São Paulo. “Ele sabe que um dia vai bater na consciência dele a responsabilidade de pelo menos metade das pessoas que morreram”, criticou, acrescentando que o presidente não expressou “nenhum gesto de humanismo” pelas vítimas da pandemia.

Bolsonaro, por sua vez, acusou o petista de ter dado “graças a Deus” pelo surgimento do novo coronavírus.

O último bloco antes das considerações finais foi marcado pela questão da Amazônia, maior floresta tropical do mundo e que passa por um avanço do desmatamento.

“Até quando o senhor vai continuar essa política de desmate nos biomas brasileiros, principalmente na Amazônia?”, questionou o candidato petista.

“Reduzimos o desmatamento na Amazônia em quase uma década em 80%. Vamos acabar com as queimadas e a invasão nas terras indígenas”, acrescentou Lula, fazendo referência a seus oito anos de mandato como presidente.

Bolsonaro, por outro lado, admitiu que é preciso reduzir o ritmo de destruição da floresta. “Tem que diminuir mais? Tem que diminuir mais, e estamos nos esforçando para isso. O Brasil é um exemplo para o mundo”, declarou.

Segundo o instituto Imazon, o desmatamento na Amazônia de janeiro a setembro cresceu 80% na comparação com igual período de 2019, primeiro ano de governo Bolsonaro.

Da AnsaFlash

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