Anúncio prevê saída de tropas estrangeiras e mercenários do país
O governo de unidade nacional da Líbia, liderado por Fayez al-Sarraj, anunciou nesta sexta-feira (21) um cessar-fogo total em todo o território e a convocação de novas eleições para março de 2021.
“Com base na responsabilidade política e nacional, à luz da atual situação que está vivendo o país e a região, e à luz da emergência do novo coronavírus, o chefe do Conselho Presidencial do Governo de Unidade Nacional da Líbia (GNA), Fayez al-Sarraj, ordena a todas as forças militares observar um cessar-fogo imediato e parar todas as operações de combate em todo o território líbio”, anunciou o governo de Trípoli em comunicado no Facebook.
No longo texto, al-Sarraj destaca que as zonas de Sirte e de Jufra devem ser desmilitarizadas pelos dois lados do conflito para que as “forças de segurança de ambas as partes acordem os preparativos relativos à ordem pública nas duas cidades”.
“Tomando a iniciativa de anunciar o cessar-fogo, o presidente do Conselho afirma que o objetivo definitivo é recuperar a plena soberania sobre o solo líbio e a saída de forças estrangeiras e de mercenários”, ressaltou.
Lembrando sua decisão recente de ordenar a reativação de diversos poços petrolíferos em áreas de conflito, o mandatário ressaltou que é preciso “retomar a produção e a exportação petrolífera” para reativar a economia. No entanto, voltou a reforçar que isso deve ser feito através da Libya’s National Oil Corporation (NOC).
A Organização das Nações Unidas (ONU) celebrou a notícia, citando o “caminho certo” que está sendo tomado.
“Acolhemos favoravelmente as declarações do Conselho da Presidência e da Câmara dos Representantes para um cessar-fogo e a ativação de um processo político”, informou em nota a Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (Unsmil).
A Itália também “acolheu com grande favor” o anúncio e disse que “continuará a desenvolver seu papel ativo de facilitação para uma solução política à crise”.
Em nota oficial, o Ministério das Relações Exteriores “exorta todas as partes interessadas a darem uma rápida sequência ao percurso anunciado nos comunicados” e “deseja a concreta aplicação de todos os artigos sobre a indústria petrolífera no território do país”.
A Alemanha, que está na presidência rotativa da União Europeia, também acolheu positivamente a notícia.
“Não conhecemos os detalhes do acordo, mas seria um primeiro sinal importante para a pacificação do conflito. O governo alemão espera que todos os atores envolvidos sigam adiante nesse caminho com esse espírito construtivo”, acrescentou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Adebahr.
A Líbia vive uma crise política e uma guerra civil desde 2011, com a derrubada do ditador Muammar Khadafi. Há dois grupos disputando o poder desde então, um liderado por al-Sarraj, que é conhecido como o “oficial” por inúmeros países e entidades, e o do general Khalifa Haftar, que lidera o Exército Nacional Líbio e é apoiado por diversas milícias regionais.
Da AnsaFlash