A medida surpreendeu o mercado financeiro, que esperava um ajuste mais moderado, de 0,75 ponto percentual

Essa foi a terceira alta seguida da Selic – Foto: Assessoria/BC

Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic em 1 ponto percentual, atingindo 12,25% ao ano. A recente alta do dólar, somada às incertezas sobre a inflação e a economia global, levou o Banco Central (BC) a intensificar o ritmo de aumento da taxa básica de juros. A medida surpreendeu o mercado financeiro, que esperava um ajuste mais moderado, de 0,75 ponto percentual. Essa foi a terceira elevação consecutiva, devolvendo a taxa ao patamar registrado em dezembro do ano passado, o que reforça o ciclo de aperto monetário.

Esse movimento reflete a estratégia do BC para conter a inflação, que permanece acima da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Após um período de cortes sucessivos na Selic entre agosto de 2022 e maio de 2023, o Copom decidiu retomar as altas, iniciando em setembro deste ano. Atualmente, a Selic é um dos principais instrumentos para regular o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que registrou uma desaceleração para 0,39% em novembro. Apesar disso, pressões inflacionárias continuam em itens como alimentos e passagens aéreas.

No acumulado de 12 meses, a inflação atingiu 4,87%, ultrapassando o teto da meta de 4,5% estabelecido para este ano. O último Relatório de Inflação, divulgado pelo Banco Central, revisou para cima a previsão do IPCA para 2024, fixando-a em 4,31%. No entanto, fatores como a valorização do dólar e os efeitos de uma seca prolongada podem pressionar ainda mais os preços nos próximos meses. As expectativas do mercado também refletem um cenário menos otimista, com projeções de inflação em 4,84%, acima do limite da meta.

A política de juros impacta diretamente o crédito e o crescimento econômico. Taxas mais altas encarecem o crédito, desestimulam o consumo e controlam a demanda, contribuindo para a estabilização dos preços. Por outro lado, juros elevados podem dificultar a expansão econômica. Segundo o boletim Focus, as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 foram ajustadas para um crescimento de 3,39%, após resultados positivos no segundo trimestre deste ano.

A relação entre a Selic e a inflação exige equilíbrio por parte do Banco Central. Enquanto a elevação dos juros é necessária para conter a alta dos preços, cortes só podem ser realizados quando há garantia de estabilidade inflacionária. Dessa forma, o Copom continua monitorando de perto os indicadores econômicos e ajustando sua política monetária conforme as condições econômicas internas e externas.

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