Doutorandas da UFGD buscam interação internacional e maior impacto para suas pesquisas

Kelen pesquisa futebol feminino e faz parte do doutorado na Austrália, um dos países sede da Copa do Mundo Feminina da FIFA – Divulgação

A internacionalização do ensino superior tem, cada vez mais, oportunizado o intercâmbio de estudantes e professores para universidades de outros países e a recepção de estrangeiros aqui no Brasil. A oferta de programas educacionais internacionais, acordos de cooperação interinstitucionais e o desenvolvimento de habilidades interculturais preparam os acadêmicos para a dinâmica do mercado de trabalho global. Vivenciar um ambiente acadêmico e científico de excelência no exterior certamente impacta positivamente suas trajetórias profissionais no futuro.

Na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), a política de internacionalização vem possibilitando que tanto estudantes da graduação quanto da pós-graduação tenham oportunidade de complementar seus estudos e pesquisas em universidades de países parceiros. Este ano, por exemplo, o Programa de Pós-graduação em História contou com três doutorandas com atividades de pesquisa no exterior, distribuídas pela Austrália, Estados Unidos e Espanha.

Michelle Christina Castilho Ribeiro da Silva, na verdade, ainda não foi. Sua viagem está marcada para o final de agosto e a estudante vai permanecer, durante três meses, na Universidade de Sevilha, na Espanha. Sua tese está relacionada com as identificações Guarani e Kaiowá na produção cultural dos Brô Mc’s, primeiro grupo de rap indígena do Brasil, da cidade de Dourados – MS. As atividades para publicação de um artigo em conjunto com pesquisadora espanhola já estão marcadas, mas um processo de intercâmbio não se resume a isso. Também está relacionado com as trocas e vivências proporcionadas ao estudante, as quais vão influenciar diretamente em sua formação profissional.

A proximidade da data da viagem está deixando Michelle animada e, ao mesmo tempo, com friozinho na barriga. “A experiência permitirá acesso a novas culturas, novos saberes, que irão somar, e muito, em minha vida. E quero, principalmente, levar um pouco da riqueza cultural Guarani e Kaiowá, por meio da minha pesquisa, para a Espanha. Vai ser uma oportunidade única, enriquecedora e, com certeza, vai somar muito para o desenvolvimento da minha tese e da internacionalização do nosso programa”, avalia a doutoranda.

Agora imagina uma doutoranda cujo objeto de estudo são mulheres no universo futebolístico em Mato Grosso e que tem a oportunidade de complementar a pesquisa estando na Austrália durante a Copa do Mundo Feminina da FIFA, sediada no país e na Nova Zelância em 2023. Esse é o caso da Kelen Katia Prates Silva, que no momento faz doutorado sanduíche na Western Sydney University. Entre seminários temáticos, workshops de escrita e palestras, o futebol feminino está em alta nas discussões acadêmicas de julho e agosto, o que permite que ela conheça muitas pesquisadoras e pesquisadores do esporte e amplie seu conhecimento sobre o tema. “Todas as quintas conheço uma nova pesquisa. Temas próximos e distantes dos meus me ensinaram muito sobre metodologia de pesquisa e me apresentaram novas/os autoras/es. Diferentes estilos de escrita e abordagens foram desafiadores, mas muito enriquecedores”. No âmbito pessoal também há ganhos. “Estar aqui me ajudou a fazer amigas/os. Foi ótimo conhecer boas/bons pesquisadoras/es e levar essa relação para além do ambiente da universidade”, comemora Kelen.

Para quem está se perguntando por onde começar a estudar a possibilidade de um intercâmbio, o primeiro passo é sempre ficar de olho em editais da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). A Kelen cuidou dos trâmites burocráticos sozinha, com ajuda de algumas colegas que já haviam passado em outros editais. “Há muitos grupos de bolsistas e ex-bolsistas nas redes sociais, uma rede de apoio essencial no processo. Porque no início a gente fica um pouco perdido mesmo, são muitos documentos, processos e as demandas da tese. Então os grupos foram uma boa rede de apoio e informações”, complementa a acadêmica.

A burocracia
Apesar de haver setores na UFGD que podem auxiliar nos processos de intercâmbio, é o próprio aluno que precisa estar atento às chamadas de seu interesse e estar sempre em contato com os orientadores para conhecer todas as possibilidades. Antes mesmo de ingressar no doutorado, Paula Yuri Shimonishi Lardo já vislumbrava fazer parte das pós-graduação nos Estados Unidos. Sua tese aborda políticas migratórias americanas pela perspectiva dos imigrantes brasileiros, então nada melhor do entrevistar a comunidade brasileira in loco.

Paula explica que já sabia que a CAPES ia lançar edital, então se adiantou acompanhando os documentos de editais anteriores e se preparando financeiramente para as partes do processo que o órgão não cobre. “Uma coisa importante é que algumas universidades têm processo seletivo interno, como foi o caso da que eu escolhi, Universidade de Columbia. Somente quando consegui o aceite do programa de lá é que pude participar do edital da CAPES”. Outra questão que o estudante precisa levar em consideração diz respeito ao idioma, que acaba reprovando bastante gente no processo seletivo, e à burocracia que pode haver em alguns países. Para entrar nos Estados Unidos, por exemplo, tem a dificuldade em tirar o visto. “É um processo chato, muito rigoroso e você dispende muito dinheiro”.

A recompensa
“A questão acadêmica em Nova Iorque é muito ativa, é uma universidade muito viva, tem muitos eventos, então foi uma viagem muito enriquecedora”. A doutoranda sabia que o intercâmbio seria essencial para ela enquanto pesquisadora, mas afirma que também foi maravilhoso enquanto ser humano. “Pude vivenciar essa nova experiência e fazer parte de uma vivência acadêmica totalmente diferente da que eu tinha no Brasil. E ser uma migrante, porque apesar de eu estar lá para estudar, fora da universidade você é um imigrante e está sujeito a sofrer as coisas que um imigrante sofre nos Estados Unidos”.

A Paula quer mostrar para outros estudantes que as chances de estudar em outro país são reais. “Vejo que ainda existem muitas barreiras para que essas oportunidades sejam viabilizadas, mas é possível. Tenho essa vontade de incentivar outros estudantes, não só do curso de História, a vivenciarem essa experiência também”. Ela incentiva tanto que, gentilmente, disponibilizou seu e-mail para que outros pós-graduandos possam entrar em contato para pedir dicas. Caso tenha interesse, fale com a Paula pelo endereço paulayurishi@gmail.com.

Internacionalização na UFGD
Se você é estudante da UFGD e tem interesse em fazer parte da graduação no exterior, entre em contato com o Escritório de Assuntos Internacionais (ESAI) pelo telefone (67) 3410-2746/ 2794 ou pelos e-mails esai@ufgd.edu.br e esai.mobility@ufgd.edu.br.

Se for aluno da pós-graduação, o setor que pode te auxiliar é a Pró-reitoria de Ensino de Pós-graduação e Pesquisa: (67) 3410-2850 ou propp@ufgd.edu.br.

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