
O entorno do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, amanheceu nesta segunda-feira (1º) com reforço significativo de segurança, às vésperas do julgamento que analisa uma suposta tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder. O julgamento tem início marcado para terça-feira (2) e deverá se estender até o dia 12 de setembro, segundo cronograma do Supremo. Policiais militares do Distrito Federal, viaturas extras e drones de imagem térmica integram o esquema montado.
Uma Célula Presencial Integrada de Inteligência foi ativada na sede da Secretaria de Segurança Pública do DF para monitorar a movimentação de pessoas na capital e nas redes sociais. A estrutura reúne órgãos de segurança locais e federais com o objetivo de identificar ameaças e atuar preventivamente. A medida visa evitar tumultos, manifestações irregulares ou atos isolados por apoiadores do ex-presidente.
A partir desta terça, a área ao redor do STF ficará sob controle de um esquema de segurança articulado entre a Polícia Judicial Federal e a SSP-DF. Estão proibidas aglomerações e a instalação de acampamentos próximos à Corte. Policiais realizarão abordagens, revistas em mochilas e bolsas, e fiscalizações constantes na Praça dos Três Poderes e vias de acesso ao prédio.
Apesar das restrições, a expectativa é de movimentação intensa na região central de Brasília. Mais de três mil pessoas se inscreveram para acompanhar presencialmente as sessões, em vagas limitadas ao público. Além disso, o julgamento atraiu forte cobertura midiática, com 501 jornalistas nacionais e estrangeiros credenciados para a cobertura in loco.
O principal réu é o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está em prisão domiciliar e poderá acompanhar o julgamento somente mediante autorização do relator, ministro Alexandre de Moraes. Outros sete réus — entre militares e ex-assessores do ex-presidente — também poderão comparecer às sessões. Todos são acusados de envolvimento na elaboração e tentativa de execução de um golpe contra a democracia.
O julgamento não deve causar interdições permanentes na Esplanada dos Ministérios, exceto para o desfile de 7 de setembro. Nesse caso, o trânsito será fechado gradualmente a partir das 17h do dia 6, nas imediações da Catedral de Brasília, e depois, às 23h, na alça leste, após a Rodoviária do Plano Piloto. O acesso ao público no feriado será permitido a partir das 6h da manhã.
Para quem for ao desfile, a lista de itens proibidos inclui armas de qualquer tipo, objetos perfurocortantes, substâncias inflamáveis, recipientes de vidro, fogos de artifício, mochilas grandes, barracas e drones sem autorização. Essas medidas visam garantir a segurança de todos os presentes e evitar possíveis atos de violência política.
Desde agosto, o STF já vinha se preparando para o julgamento, com reforço da segurança interna. Cerca de 30 agentes da Polícia Judicial foram deslocados de outros estados, alguns dos quais estão dormindo no próprio prédio do Supremo, em dormitórios montados especialmente. Também foram realizadas varreduras nas residências dos ministros da Primeira Turma, que será responsável por julgar os acusados, cujas penas somadas podem ultrapassar 40 anos de prisão. Eles respondem por crimes como golpe de Estado, organização criminosa armada e deterioração de patrimônio da União. (Com Agência Brasil)