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Rússia-Ucrânia, uma questão de diplomacia, por Tenente Dirceu C. Gonçalves

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – Reprodução/Facebook

O estopim da 1º Guerra Mundial, foi o assassinato do herdeiro do trono austro-húngaro, em junho de 1914, e o da 2ª Guerra, a invasão da Polônia, em setembro de 1939, por tropas alemãs a serviço do expansionismo territorial de Adolf Hitler. Desses dois conflitos – que duraram 10 anos – resultaram 55 milhões de mortos e igual número de feridos, segundo as estatísticas. Hoje temos a questão Rússia-Ucrânia que se especula ser um possível ponto de deflagração da 3ª Guerra, temida porque a quantidade de equipamentos bélicos hoje existentes – inclusive os nucleares – seria suficiente para destruir o planeta.

A Ucrânia – ex-república soviética – negocia sua entrada na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), capitaneada pelos Estados Unidos, e a vizinha Russia protesta e dá força a separatistas que não querem a aliança. O presidente Vladimir Putin, além de enviar tropas para a fronteira – de 2 mil quilômetros – ainda reconhece como autônomas as regiões onde atuam os separatistas. Isso torna as relações tensas e leva ao risco de invasão. O mundo apela para não concretização do ataque. Existem diferentes interesses em jogo, mas o principal deles é a proximidade do aparato bélico da OTAN ao lado do território russo. Algo que encontra paralelo na Crise dos Mísseis, de 1962, quando a União Soviética se preparava para instalar uma base de mísseis em Cuba, distante apenas 150 quilômetros do território estadunidense. O presidente John Kennedy e seus aliados protestaram e a instalação foi abortada. A frota naval soviética que se dirigia à ilha foi interceptada em alto mar e teve de voltar. Com poderio militar em Cuba, no auge da Guerra Fria, a União Soviética aumentaria consideravelmente sua força na América Latina e, ainda, colocaria em risco o território estadunidense e dos demais países da região.

Pela evolução bélica, das comunicações e da diplomacia desde o final da 2ª Guerra Mundial, é difícil acreditar que alguém em condições tenha a coragem de deflagrar o terceiro conflito planetários. É por isso que se defende a solução negociada, onde as partes cedam no que é secundário para não perderem no principal. O que incomoda a Russia de hoje é o mesmo que há 60 anos a então União Soviética provocou nos norte-americanos através da aventura dos mísseis em território cubano. As tropas da Otan tirarão a tranquilidade dos russos. Uma questão de hegemonia que a moderna diplomacia costuma resolver.

Até agora ouvimos informações de que a Russia pode invadir a Ucrânia, dezenas de chefes de Estado – inclusive o brasileiro Jair Bolsonaro – foram ao presidente Vladimir Putin para tentar demovê-lo do ataque, mas não sabemos o que pensa o povo ucraniano, cujas bombas cairão sobre as cabeças em caso de materialização da guerra. É preciso saber o que a população local acha da militarização do território e, principalmente, a entrega da hegemonia de segurança aos Estados Unidos e seus aliados.

O mundo moderno tem muitas provas de que a militarização nem sempre é a solução. Ao final da 2ª Guerra Mundial, Alemanha, Itália e Japão restaram sem exércitos. Mas nem por isso tiveram problemas. Pelo contrário, dedicaram-se ao trabalho e tornaram-se potências do mundo atual. Essa, provavelmente, seja a solução para a crise russo-ucraniana. A manutenção do equilíbrio de forças (ou da falta de forças) para garantir a paz na região…

* Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

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