O trabalho tem como objetivo a inclusão social das comunidades que vivem próximas aos reservatórios das usinas hidrelétricas Jupiá e Ilha Solteira
Com o título “Do resíduo ao biocombustível: Manejando as macrófitas aquáticas visando o estabelecimento de uma cadeia produtiva sustentável”, o trabalho tem como objetivo a inclusão social das comunidades que vivem próximas aos reservatórios das usinas hidrelétricas Jupiá e Ilha Solteira, na divisa do estado de São Paulo com Mato Grosso do Sul, por meio do manejo sustentável das macrófitas, que são plantas aquáticas que crescem nos reservatórios e, quando em excesso, podem trazer prejuízos à geração de energia, navegabilidade, pesca, recreação, entre outras atividades.
Segundo o gerente do ISI Biomassa, João Gabriel Marini da Silva, a apresentação será uma oportunidade de apresentar um projeto que possui um viés inovador, ambiental e também social, formando uma cadeia sustentável em todos os aspectos. “Esta visibilidade é de extrema importância para o ISI Biomassa, pois além de reconhecer a competência de nossos pesquisadores, é também uma forma de buscarmos a referência nacional em bioeconomia pelo alcance que o seminário proporciona”, afirmou.
Manejo sustentável e produção de bio-óleo
O trabalho desenvolvido com a comunidade é mais um desdobramento do “Projeto Macrofuel – Aproveitamento Energético de Bio-Óleo Pirolítico de Macrófitas Aquáticas para Produção de Biocombustível”, realizado pelo ISI Biomassa, em parceria com a CTG Brasil, uma das líderes em geração de energia limpa no País, que consiste em dar uma destinação mais adequada e sustentável ao excesso de macrófitas retirado dos reservatórios e transformá-las em bio-óleo, que pode ser usado diretamente como combustível em motores a diesel ou ser processado e dar origem a produtos de maior valor agregado.
O pesquisador bolsista especialista visitante do ISI Biomassa, Fernando Alves Ferreira, explicou que o projeto de manejo sustentável das macrófitas ainda não foi implementado devido à pandemia do coronavírus. “Começamos a escrevê-lo no início de 2020. Chegamos inclusive a cadastrar algumas famílias, que se interessaram em realizar essa coleta das plantas aquáticas e seriam pagas pela quantidade de material recolhida dos reservatórios. No entanto, com a pandemia, tivemos de interromper a parte da execução e esperar um momento mais seguro”, explicou.
Ainda conforme o pesquisador, as ações para o controle das macrófitas aquáticas envolvem técnicas de controle mecânico com manejo de mínimo impacto. “Em busca de novas soluções e tecnologias, nosso projeto visa implementar o manejo integrado adequado das macrófitas aquáticas, equacionando a necessidade da empresa, a manutenção dos processos biológicos e a inserção da comunidade ribeirinha. Assim, é possível gerar uma estratégia eficiente e sustentável para controlar o crescimento excessivo das macrófitas aquáticas nos reservatórios de Jupiá e Ilha Solteira”, disse.
O projeto de pesquisa e desenvolvimento ainda busca mapear as condições de desenvolvimento das macrófitas aquáticas e avaliar as características físico-químicas das diversas espécies encontradas nos reservatórios. “A partir da biomassa dessas plantas, a ideia é otimizar a produção de bio-óleo e, finalmente, estudar a viabilidade da produção de biocombustível com esse bio-óleo”, destacou Fernando Alves.
O gerente de Meio Ambiente da CTG Brasil, Rogério Marchetto, ressaltou que a empresa usa ciência e tecnologia para propor uma solução inteligente e ecológica a um problema que afeta o uso da água e a operação das usinas hidrelétricas. “Assim, exercemos o controle de macrófitas ao mesmo tempo em que transformamos os resíduos dessas plantas em energia”.