Parlamentares da oposição avaliaram que a prisão nesta segunda-feira (3) do ex-ministro Geddel Vieira Lima agrava a situação do presidente Michel Temer. Governistas disseram que a prisão não tem relação com o momento do presidente, alvo de denúncia de corrupção da Procuradoria Geral da República, a ser analisada pela Câmara dos Deputados.
Geddel Vieira Lima foi preso nesta segunda acusado de agir para atrapalhar investigações da Operação Cui Bono, que apura fraudes na liberação de crédito da Caixa Econômica Federal â o ex-ministro foi vice-presidente de Pessoa JurÃdica da Caixa entre 2011 e 2013, no governo Dilma Rousseff. O Ministério Público Federal (MPF) argumenta que Geddel atuou para evitar possÃveis delações premiadas do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do doleiro Lúcio Funaro, ambos presos.
Para o lÃder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), a prisão de Geddel é âmais um elemento negativo para o governoâ uma vez que foi um ministro âforte, prestigiadoâ e âpiora a situação de Temerâ, com impacto, inclusive, na votação da denúncia pela Câmara.
âA prisão do Geddel é mais um elemento negativo para o governo. Afinal, era um ministro forte, prestigiadoâ, afirmou. âNão tenho dúvida nenhuma de que piora a situação de Temerâ, completou.
Na avaliação de Zarattini, o governo conseguiu âdesarmar uma bombaâ na semana passada com a soltura do ex-deputado e ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures. Mas, para o deputado, agora há “uma nova bomba armadaâ.
âO Geddel tem muitas informações sobre esse ambiente em que convivia na direção do PMDB e na direção da Câmara quando Michel Temer era presidente. Ele tinha muita influênciaâ, disse.
Logo após a divulgação da notÃcia de que Geddel havia sido preso, o lÃder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse lamentar a situação do ex-ministro.
Questionado sobre se a prisão de Geddel complica a situação de Michel Temer em relação à denúncia contra ele, Jucá disse que isso não vai pesar.
âAcho que não [vai pesar]. Acho que é uma questão especÃfica do Geddel. Eu lamento, mas vamos aguardar o que vai acontecerâ, disse o peemedebista.
No entendimento do deputado Ivan Valente (PSOL-SP), a prisão de um aliado muito próximo de Temer mostra a âfraqueza do governoâ e agrava a situação do presidente na CCJ da Câmara.
âGeddel era um ministro com uma longa tradição polÃtica, inclusive muita influência sobre a bancada baiana da Câmara. A prisão dele mostra que todo o entorno do Temer está sob uma pressão muito forte e revela uma fraqueza do governo. à mais um fato grave que incide sobre Temer, além da denúncia na Câmaraâ, afirmou.
Para o lÃder do governo no Congresso Nacional, deputado André Moura (PSC-SE), a prisão traz “turbulência” na relação com a oposição, mas defendeu que “fatores externos” não influenciem a votação na Câmara.
“A prisão do ex-ministro e ex-deputado Geddel logicamente que traz mais uma instabilidade polÃtica e turbulência”, disse. “[Mas,] no caso da denúncia que vamos votar na CCJ, não há nenhum tipo de conexão da prisão do ex-ministro Geddel com a denúncia”, completou.
Para o deputado DarcÃsio Perondi (PMDB-RS), um dos defensores mais aguerridos do governo, avaliou que o impacto da prisão na CCJ e no plenário da Câmara será nulo. Pelo contrário, disse, irá ajudar Temer e não prejudicá-lo porque, segundo ele, os deputados vão querer contestar o que ele classificou de âarbitrariedadeâ dos procuradores da república, a quem chamou de âjusticeirosâ.
âNão terá impacto nenhum no governo Temer, até porque me parece que o problema [que levou à prisão de Geddel] era do tempo da Dilmaâ, declarou.
âSe houver impacto, vai ser para ajudar e não prejudicar o presidente por causa dos justiceiros. Os procuradores são os justiceiros. O Ministério Público brasileiro está num nÃvel da arbitrariedade… é óbvio que os parlamentares não gostam dissoâ, acrescentou.
A senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), da oposição, comentou a prisão de Geddel no plenário do Senado e afirmou que é mais uma notÃcia âque não permite que o Brasil continue andandoâ.
âAcabou de ser preso o outro ex-assessor do presidente Michel Temer, o ex-deputado Geddelâ, disse. âOu seja, é cada dia uma nova notÃcia, que não permite que o Brasil continue andando. E só quem sofre com isso são os trabalhadoresâ, emendou.
Também no plenário, o senador Magno Malta (PR-ES), que se diz independente em relação ao governo federal, declarou que o Brasil vive um momento âturvoâ.
âA gente já não consegue mais nem enxergar a placa que diz que daqui a 3 km você vai conseguir enxergar uma luz no fundo do túnel. As coisas estão absolutamente tumultuadas. Agora, os jornais dão notÃcia de que o ex-ministro Geddel acaba de ser preso também. E assim vaiâ, disse Malta.
Do G1