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PIB do Brasil cresce 1,1% em 2019, menor alta em 3 anos

Economia desacelerou no 4º trimestre e ainda está no patamar de 2013. Investimentos e consumo das famílias cresceram; governo gastou menos

Construção civil teve a 1ª alta após cinco anos consecutivos de queda –
© Antônio Cruz/ABr

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,1% em 2019, segundo divulgou nesta quarta-feira (4) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do menor avanço em 3 anos. Em valores correntes, o PIB do ano passado totalizou R$ 7,3 trilhões em 2019.

Foi a 3ª alta anual consecutiva após 2 anos de retração, mas o ritmo lento de recuperação ainda mantém a economia do país abaixo do patamar pré-recessão.

“São três anos de resultados positivos, mas o PIB ainda não anulou a queda de 2015 e 2016 e está no mesmo patamar do terceiro trimestre de 2013”, destacou Rebeca Palis, coordenadora das Contas Nacionais do IBGE.

Em 2017 e 2018 o crescimento foi de 1,3% em ambos os anos, após retrações de 3,5% em 2015 e de 3,3% em 2016.

Apesar de mais um ano de crescimento decepcionante, o resultado veio dentro do esperado pelo mercado que, após resultados fracos da atividade econômica em novembro e dezembro, passou a projetar mais um ano de taxa bem próxima de 1%. No começo de 2019, a estimativa era de um avanço de mais de 2% no ano. A estimativa do Ministério da Economia era de uma alta de 1,12%.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.

Já o PIB per capita (por habitante) teve alta de apenas 0,3% em termos reais, alcançando R$ 34.533 em 2019.

Veja os principais destaques do PIB em 2019:

· Serviços: 1,3%

· Indústria: 0,5%

· Agropecuária: 1,3%

· Consumo das famílias: 1,8%

· Consumo do governo: -0,4%

· Investimentos: 2,2%

· Construção civil: 1,6% (1ª alta após cinco anos consecutivos de queda).

· Exportação: -2,5%

· Importação: 1,1%

Consumo das famílias tem resultado mais fraco desde 2016
O crescimento da economia em 2019 foi mais uma vez sustentado pelo consumo das famílias, mas o ritmo de recuperação do consumo desacelerou 1,8%, após avanços de 2% em 2017 e 2,1% em 2018. Foi o resultado mais fraco desde 2016, diante da baixa confiança e do mercado de trabalho ainda frágil.

Já os investimentos tiveram uma desaceleração ainda mais forte, registrando uma alta de 2,2% no ano passado após um salto de 3,9% em 2018.

A taxa de investimento em 2019 foi de 15,4% do PIB, acima do observado em 2018 (15,2%), mas ainda bem abaixo do patamar acima de 21% registrado em 2013. Já a taxa de poupança caiu para 12,2%, ante 12,4% em 2018.

No setor de serviços, as atividades que registraram maior avanço no ano foram: informação e comunicação (4,1%), atividades imobiliárias (2,3%) e comércio (1,8%).

Na agropecuária, o crescimento foi puxado pelo cultivo de milho (23,6%), algodão (39,8%), laranja (5,6%) e feijão (2,2%).

Construção tem 1ª alta após 5 anos de quedas
Pela ótica da produção, tanto os serviços como a agropecuária tiveram um crescimento menor em 2019, enquanto que a indústria manteve o resultado de 0,5%, com destaque para construção civil que cresceu 1,6% – (1ª alta após 5 anos consecutivos de quedas).

A indústria extrativa teve queda de 1,1% em 2019, enquanto que a de transformação registraram avanço de apenas 0,1%.

Economia desacelerou no final do ano
No 4º trimestre, o PIB cresceu 0,5% na comparação com o trimestre anterior, o que representa uma desaceleração frente ao avanço de 0,6% registrado no 3º trimestre.

A indústria e os serviços apresentaram variação positiva de 0,2% e 0,6%, respectivamente, enquanto a Agropecuária caiu 0,4%. Do lado da demanda, o consumo das famílias desacelerou para um avanço de 0,5% (ante 0,7% no 3º trimestre), enquanto que os investimentos caíram 3,3%.

Perspectivas para 2020
Após um início de ano de maior otimismo sobre as perspectivas para a economia brasileira, preocupações em torno dos impactos do coronavírus na economia global e incertezas sobre o ritmo de aprovação de reformas no Congresso têm derrubado as projeções para o PIB do Brasil em 2020.

O mercado brasileiro reduziu para 2,17% a previsão a alta do PIB neste ano, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central, mas diversos bancos e consultorias já estimam um crescimento abaixo de 2% e mais cortes na taxa básica de juros.

Até o final de janeiro deste ano, o ministro da Economia, Paulo Guedes, se dizia confiante em uma taxa de crescimento de 2,5% em 2020.

A estimativa atual do governo para o crescimento da economia em 2020 segue em 2,4%, mas o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, já adiantou que, até o início da próxima semana, a projeção oficial deverá ser revisada.

Fatores de impacto em 2019
Entre os principais fatores que impediram um ritmo de recuperação mais forte da economia em 2019, estão:

· a retração da indústria extrativa, impactada pela tragédia de Brumadinho (MG), que levou a Vale, maior produtora de minério do país, a suspender a produção em diversas instalações;

· incertezas no ambiente externo, como a guerra comercial entre China e Estados Unidos e a recessão na Argentina, que impactaram negativamente a produção industrial e o resultado da balança comercial. Pela 1ª vez em 40 anos, Brasil exportou mais produtos básicos do que industrializados;

· a recuperação lenta do mercado de trabalho e o desemprego resistente. No trimestre encerrado em dezembro, a taxa de desocupação ficou em 11%, atingindo 11,6 milhões de pessoas. Mesmo com a redução do desemprego, a informalidade atingiu patamar recorde em 2019, superando 50% em 19 estados e no Distrito Federal;

· dependência cada vez maior da recuperação dos investimentos privados, em meio ao rombo das contas públicas. As contas do governo federal apresentaram em 2019 um déficit primário de R$ 95,065 bilhões, com bloqueio de verbas atingindo diversas atividades do setor público. Foi o sexto ano seguido em que as contas ficaram no vermelho.

Do lado dos fatores positivos para a economia e para a confiança dos investidores no ano passado, destaque para a aprovação da reforma da Previdência, com previsão de economia de R$ 855 bilhões em 10 anos, e a queda da taxa básica de juros para mínimas históricas, que reduziu o custo de empréstimos e permitiu um avanço do crédito bancário.

Para tentar aquecer a economia, o governo Bolsonaro também anunciou, no ano passado, a liberação de saques das contas inativas, e ativas, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), injetando mais de R$ 27 bilhões na economia.

Do G1

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