A entrega do Prêmio Marçal de Souza Tupã’Y e do Diploma Zumbi dos Palmares teve momentos marcantes durante a Sessão Solene que aconteceu em conjunto com a 42ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Dourados, realizada na segunda-feira (29).
Entre os homenageados, todas as falas destacaram a importância do papel da Casa de Leis, no reconhecimento e valorização de personalidades e entidades que fazem a diferença em meio a comunidade indígena e negra douradense.
Os vereadores Elias Ishy (PT), Marcão da Sepriva (Solidariedade) e Olavo Sul (MDB) foram os propositores dos nomes dos homenageados.
O Prêmio Marçal de Souza Tupã’Y foi instituído em 1994 e é destinado a homenagear aqueles que tenham se destacado na produção jornalística, artística, literária ou científica com temas voltados à problemática indígena. Dourados tem uma das maiores comunidades indígenas do país e a maior vivendo em área urbana.
Nascido na região de Ponta Porã, Marçal foi um representante principalmente na luta pela posse de terras e teve grande participação nas frentes pelos interesses da comunidade indígena douradense. Ele foi assassinado em 1983. A filha dele, Edna Marçal Souza, esteve presente na solenidade.
A homenageada com o prêmio este ano foi a educadora e jornalista Veronice Lovato Rossato. Natural do Rio Grande do Sul, ela trabalha na formação de professores indígenas há 36 anos e atua na assessoria à produção de recursos pedagógicos, através de livros etnográficos em língua guarani e textos com orientações pedagógicas.
“Esse prêmio é importante para dar visibilidade a luta e às conquistas dos povos indígenas de Mato Grosso do Sul. Agradeço aos povos guarani-kaiowá que me acolheram há 36 anos e com quem convivo, possibilitando a mim ser uma pessoa melhor, com tudo que aprendi com eles para construir um mundo mais humano e mais justo”, destacou Veronice durante sua fala em tribuna.
Diploma Zumbi dos Palmares
O Diploma Zumbi dos Palmares teve sua segunda edição este ano. A homenagem foi instituída por uma proposição do vereador Elias Ishy (PT).
Durante sua fala em tribuna, o vereador destacou o papel da Casa de Leis em reconhecer o trabalho de pessoas que se dedicam a combater o racismo direcionado a negros e aos povos indígenas.
“A Câmara através de atos como esse contribui para a história do nosso país, que nunca pode ser esquecida. Nessa noite homenageamos a comunidade indígena, com a qual o povo brasileiro tem uma grande dívida e que vive em situação precária. E homenageamos a comunidade negra, mais de 50% do país é descendente. Também temos uma dívida com essa comunidade. Parabenizo a todos os homenageados pelo trabalho que fazem e por terem se destacado na defesa da dignidade e dos direitos humanos. Que essa Casa reconheça que é nosso papel lutar por uma cidade melhor, com igualdade e justiça social”, disse Ishy.
A educadora Elizete de Sousa Bernardes, doutora em linguística pela UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos) e professora do IFMS (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul) em Dourados, recebeu o Diploma Zumbi dos Palmares na área educacional.
Ela fez uso da fala representando todos os cinco homenageados.
“Estamos aqui hoje para celebrar e reconhecer o trabalho e as ações de luta que nós, os povos negros e também estendo aos povos indígenas, temos no combate ao racismo. Agradeço em nome de todos por esse diploma que reconhece e valoriza as atividades antirracistas em nossa sociedade douradense. Agradecemos também à Câmara Municipal, que abre as portas para acolher essas pessoas que tanto lutam”, destacou Elizete.
Além da professora, receberam também o Diploma Zumbi dos Palmares a cantora, compositora, designer de moda e bacharel em Direito pela UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) Raíssa Souza Carvalho, homenageada na área Cultural.
Na área da Política, a homenageada foi Naiara Fonteles, presidente do Conselho Municipal de Defesa e Desenvolvimento de Direitos dos Afro-brasileiros (Comafro) e acadêmica do curso de Letras na UEMS.
Na área religiosa, o homenageado foi Iliê Axé Angola Megemuleboanã, fundador do terreiro de candomblé que leva seu nome. O espaço contribui há 28 anos para a preservação, valorização e difusão das culturas africanas e afro-brasileiras em Dourados.
Já a Associação Rural Quilombola Dezidério Felipe de Oliveira, que atua no auxílio e proteção às famílias de comunidades remanescentes de quilombo na região do distrito da Picadinha, foi homenageada na categoria Social.
