Alta demanda metabólica no pré e pós-parto sobrecarrega o fígado com prejuízo para a produção de leite
Leonardo Rocha assinala que entre os equívocos mais comuns nessa fase estão o espaço de linha de cocho inadequado (< 70 cm/vaca), vacas com escore de condição corporal acima do recomendado (ECC > 3,5), falta de conforto térmico e agrupamento de vacas e novilhas no mesmo lote. “O período de transição acende um alerta para o produtor, já que as demandas energéticas da vaca costumam ser maiores do que a quantidade de energia ingerida, gerando balanço energético negativo, caracterizado pela mobilização das reservas de gordura do corpo e seu transporte na forma de ácidos graxos para o fígado, resultando na oxidação para a produção de energia”.
No entanto, a capacidade de processamento de gordura no fígado é limitada e a sobrecarga de ácidos graxos pode desencadear diversos problemas, como cetose e fígado gorduroso. “Para evitar essa adversidade, é essencial oferecer suplementação adequada de vitaminas do complexo B, protegidas da ação ruminal, durante a dieta de transição para ajudar a melhorar a função hepática por meio da oxidação de gordura. Atenção: se o fígado não puder funcionar de forma eficiente, isso pode prolongar o balanço energético negativo da vaca após o parto”, explica o especialista da Trouw Nutrition.
Além das vitaminas, minerais e demais aditivos são muito importantes nessa etapa. É o caso da adição de monensina nas dietas de vacas de transição, que altera o metabolismo ruminal, favorecendo o melhor uso do propionato disponível no rúmen para a síntese de glicose no fígado. Assim, a concentração plasmática de cetonas é reduzida e as chances de ocorrência de cetose subclínica diminuem.
Leonardo Rocha reforça que devido à redução da imunidade das vacas no período de transição, os microminerais têm papel importante na função imunológica e podem impactar positivamente a saúde dos animais. “O resultado é visível: melhora na saúde do úbere, redução de problemas de casco e desempenho reprodutivo positivo. Para isso, o produtor deve levar em consideração a suplementação com fontes de alta biodisponibilidade de zinco, cobre, selênio e vitamina E, nutrientes importantes para o controle de problemas sanitários, como mastite e retenção de placenta”.
A estratégia nutricional mais utilizada no pré-parto é a dieta aniônica, que consiste no fornecimento de sais aniônicos com base em sulfatos e cloretos para negativar o balanço cátion-aniônico da dieta (DCAD). Essa prática minimiza casos de hipocalcemia clínica e subclínica, além da cascata de eventos negativos que podem ocorrer após o parto, como metrite, cetose, deslocamento de abomaso e acidose ruminal.