Pré-candidato à Presidência é acusado pelo crime de racismo após declarações sobre quilombolas
O deputado federal Jair Bolsonaro, pré-candidato à Presidência da República pelo PSL, disse que está enfrentando um “processo político” com intenções de tirá-lo da corrida eleitoral. No sábado, 14, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ofereceu ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia contra o político por crime de racismo.
“É um jogo político”, definiu. “Eu não sou bandido, a exemplo do Lula. O Lula não é preso político; o processo pelo qual estou respondendo, esse, sim, é político”, disse em entrevista exclusiva ao Portal da Band, após participar de gravação do programa Agora é com Datena, que estreia às 15h do próximo domingo, 22.
A acusação, que terá relatoria da ministra Rosa Weber, cita expressões discriminatórias que o pré-candidato usou durante uma palestra no Clube Hebraica, em abril do ano passado. Na ocasião, Bolsonaro lembrou de uma visita que fez a uma comunidade quilombola e armou que ali “não fazem nada”, e “nem como procriadores servem mais.
À reportagem, o político repercutiu o assunto e disse que falou apenas a verdade. “Devemos fazer os quilombolas produtivos, e não confinados como se estivessem em um zoológico, recebendo Bolsa Família e cesta básica”, pontuou. “Eles precisam de liberdade até para evoluir, e não ficar apenas recebendo dinheiro do governo, que é de todos nós que pagamos impostos. A maioria deles não quer isso, a maioria quer ganhar o próprio dinheiro e comprar o que quiser, e não ficar esperando algo do governo.
Bolsonaro afirmou ainda que não vê preconceito em sua declaração. “Onde está o racismo nisso? Eu impedi algum afrodescendente de entrar em algum lugar, de tomar posse, de ser promovido como proíbe a lei? Acorda Raquel Dodge! Quer tirar alguém do combate na mão grande? Não vai colar isso aí”.
Segundo o Ministério Público Federal, se condenado, Bolsonaro poderá cumprir pena de reclusão de um a três anos. A PGR também pede o pagamento mínimo de R$ 400 mil por danos morais coletivos.
Para o pré-candidato, a denúncia ao STF pode atrapalhar um pouco sua campanha, mas não a ponto de impossibilitar sua candidatura. Em sua opinião, o eleitor está do seu lado. “Vários afrodescendentes estão gravando vídeos falando que estão comigo nessa”, disse. “Tem gente que fica falando que sou racista, homofóbico, fascista. Vão catar coquinho, bando de imbecis! Isso é papo de uma minoria de ativistas que vive disso. Falam que eu não gosto de mulher. Ué, se eu não gosto de mulher, então eu sou gay”, riu. “Mas eles não vão ter sucesso assim. O Trump venceu isso nos Estados Unidos, aqui será a mesma coisa”.
Datafolha
Bolsonaro também falou sobre a pesquisa de intenção de voto do Datafolha, divulgada neste domingo, 15. No levantamento, o pré-candidato do PSL aparece com 15% em um cenário em que virtualmente concorre com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT). Para ele, essa porcentagem, porém, não representa a realidade.
“Não deixa de ser positivo, mas o Datafolha tem um histórico de errar. Nas eleições passadas, para prefeito do Rio de Janeiro, falaram que meu filho [Flávio Bolsonaro (PSC)] tinha 7% dos votos. Nas eleições, ele teve 14%”, lembrou.
Lula
No mesmo cenário, Lula aparece com 31% mesmo com chances de ter a candidatura impugnada pela Lei da Ficha Limpa, que torna inelegíveis candidatos condenados na segunda instância da Justiça.
Bolsonaro diz não se preocupar com a influência de Lula no pleito, mesmo que ele não possa concorrer e lance um candidato para defender. “Estou focado no meu objetivo de enfrentar qualquer um nessas eleições, mas, pelo ponto de vista da Lei da Ficha Limpa, Lula não é candidato. Agora, com toda certeza, ele vai lançar um nome para apoiar, até para montar uma bancada que vai garantir tempo de televisão nas eleições.
O pré-candidato, entretanto, contou que ficará indignado se a candidatura do líder petista for mantida. “Fico indignado por uma questão de cumprimento da lei. Tem que valer para todo mundo e, em certos momentos, a gente vê que não vale para o Lula. Até quando ele foi preso levou um dia para se entregar. Não pode isso, e isso vale também para a Lei da Ficha Limpa. Não podemos mudá-la só porque um réu quer um tratamento especial”, pontuou.
Da Band News