Pesquisadores do Instituto SENAI de Inovação em Biomassa (ISI Biomassa), localizado em Três Lagoas (MS), tiveram projetos aprovados no edital MS Carbono Neutro, que estimula iniciativas para amenizar a emissão de gases efeito estufa. O edital é de responsabilidade da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (Fundect). A cerimônia de assinatura dos Termos de Outorga do edital foi realizada na última segunda-feira (07/02) na sede da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), em Campo Grande.
A proposta intitulada “Forest4fuel” foi idealizada pelo pesquisador industrial do ISI Biomassa Tiago Hendrigo de Almeida e contou com o trabalho conjunto de pesquisadores e analistas do instituto. O projeto visa obter combustíveis de alto desempenho a partir do aproveitamento de resíduos de biomassa florestal de eucalipto da indústria de polpa celulósica. A Fundect concedeu nota 9,4 ao projeto e liberou recursos da ordem de R$ 610 mil para apoio à pesquisa. Já a proposta “Inventário de Gases de Efeito Estufa (GEE) do setor sucroenergético de Mato Grosso do Sul e medidas de mitigação” recebeu nota 8,03 da Fundect e foi aprovada em lista de espera.
Tiago Hendrigo explica que o projeto envolve o ISI Biomassa e a Eldorado Brasil Celulose, sediada em Três Lagoas. De acordo com o pesquisador, um dos objetivos do projeto é evitar que resíduos florestais apodreçam e causem problemas durante o ciclo produtivo. “Com esse projeto, a gente vai utilizar esse resíduo gerando, no mínimo, dois combustíveis de alto desempenho. Carvão, que pode ser utilizado em caldeiras, e hidrocarboneto renovável semelhante a um diesel. A importância de estarmos aqui hoje é para captar apoio a esse projeto inovador, que vai trazer melhoria e desenvolvimento para Mato Grosso do Sul e, em especial, para a região de Três Lagoas, que é considerada a capital internacional da celulose”, afirmou.
Por meio da Fundect, o Governo do Estado vai oferecer um total de R$ 4 milhões em recursos próprios para apoiar 11 projetos aprovados, oriundos de várias instituições de ensino e pesquisa, nas áreas de bioeconomia, biotecnologia, biodiversidade, energias renováveis ou produção sustentável.
Segundo o titular da Semagro, Jaime Verruck, essa estratégia ambiental foi adotada no ano de 2016, quando o governo estadual se comprometeu em neutralizar as emissões de gases de efeito estufa. “Temos uma meta audaciosa de tornar o Estado Carbono Neutro em 2030, ao menos 20 anos antes do previsto. Já temos um inventário de emissão de CO2, mas precisamos revisar e aperfeiçoar essa análise, principalmente no quesito de mudança de uso de solo. Agora queremos buscar pesquisas e tecnologias locais que nos ajudem neste processo”, disse.
O diretor-presidente da Fundect, Márcio de Araújo Pereira, chama a atenção para o compromisso do governo estadual com a sustentabilidade. “Temos visto os efeitos causados pelo aquecimento global: secas extremas em algumas regiões, excesso de chuva em outras, e até frio em lugares atípicos. Isso desperta compromisso com a agenda da sustentabilidade. Mato Grosso do Sul está focado nisso. Negar o aquecimento global é negar a evolução da ciência e a importância que os países têm dado a essa agenda”, finalizou.