Levantamento aponta que o produto ilícito ocupa 84% do comércio de cigarros — recorde nacional
Com mais de 1,5 mil quilômetros de fronteiras, sendo a maior parte com o Paraguai, o Mato Grosso do Sul lidera o mercado ilegal de cigarros no país. De acordo com o último levantamento realizado pelo Ipec e divulgado pelo Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP) o produto ilegal domina 84% do comércio de cigarros no estado — 36 pontos percentuais acima da média nacional, que é de 48%.
A pesquisa mostra que, mesmo com a queda de dois pontos percentuais em relação a 2020, o índice é o mais alto do país, seguido do Paraná (60%). Ambos os estados são as principais rotas de entrada de contrabando para o Brasil, e têm seus mercados abastecidos principalmente pelo cigarro contrabandeado do Paraguai.
Das 10 marcas de cigarros mais vendidas no Mato Grosso do Sul, quatro são ilegais, e, juntas, somam os 84% do mercado. No topo das vendas está a marca paraguaia Fox, responsável por 61,4% do mercado.
Além de causar um prejuízo econômico, o contrabando de cigarros ainda tem uma enorme relação com outros crimes, como lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e armas e organizações criminosas.
Cenário nacional
O caso do Mato Grosso do Sul é apenas um reflexo da dificuldade brasileira em combater o contrabando. A mesma pesquisa Ipec estima que mercado ilegal de cigarros causou ao país uma sonegação fiscal de R$ 10,2 bilhões somente em 2021 — na soma dos últimos 10 anos, essa quantia chega aos R$ 86 bilhões.
Entretanto, medidas econômicas poderiam diminuir essa desvantagem. No Brasil, os impostos sobre os cigarros variam de 70% a 90%, dependendo do Estado. Já no Paraguai, o produto é taxado em apenas 20%. Por isso o presidente do FNCP defende o debate tributário como parte da estratégia de combate à ilegalidade. “É importante que sejam tomadas medidas que impactem a demanda do cigarro do crime e não apenas medidas que se restrinjam ao combate da oferta do produto ilegal. Para isso, a questão tributária é fundamental e deve ser colocada em discussão,” finaliza Vismona.