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Com apoio de aeronaves, força-tarefa combate queimadas que já destruíram 50 mil hectares no Pantanal

Fogo atinge as duas extremidades da BR-262, próximo ao Buraco da Piranha (entroncamento com a MS-184) – Foto: Chico Ribeiro

Incêndios florestais em várias direções e em proporções nunca registradas consomem milhares de hectares no Pantanal de Corumbá, Miranda e Aquidauana, ocasionados pela estiagem e atos criminosos. Uma força-tarefa, sob o comando do Corpo de Bombeiros do Estado, combate os focos de calor, que, somente na região, chegaram a 74 nesta terça-feira (29), segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Estimativa da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) e dos órgãos envolvidos na operação, como o Corpo de Bombeiros e o Grupo de Patrulhamento Aéreo (GPA) da Polícia Militar/MS, indica que pelo menos 50 mil hectares de vegetação nativa foram queimados desde domingo (27), quando reacenderam as queimadas na região. O cenário é de devastação – e o fogo se expande, com a fumaça prejudicando o tráfego na BR-262.

A dimensão da intensidade dos focos de calor se mede a menos de 80 km de Campo Grande, em cuja distância da Capital a nuvem de fumaça vinda de incêndios ocorrendo a 220 km interferem nas condições de visibilidade reduzida para quem trafega na rodovia federal, até próximo a entrada da MS-450, em direção a Palmeiras e Piraputanga, entre Dois Irmãos do Buriti e Aquidauana. Logo depois, a fumaça se dissipa, conforme a direção do vento.

Prioridade: Estrada-Parque

A ação de combate aos focos articulada pelo Governo do Estado, desde segunda-feira, conta com a participação de 26 homens, dos quais 11 são bombeiros e sete brigadistas do PrevFogo do Ibama. A força-tarefa conta ainda com a participação de cinco militares integrantes do GPA e dois oficiais do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso, os quais operam a aeronave Air Tractor AT-400, com capacidade para lançar três mil litros de água em alvos em chamas.

O fogo, nesse momento, atinge áreas particulares, a partir do km 600 da BR-262 (30 km no sentido Oeste de Miranda), nos dois extremos da rodovia, chegando próximo a Porto Morrinho (ponte rodoviária sobre o Rio Paraguai) e abrangendo a Estrada-Parque (MS-184), na região de atrativos turísticos conhecida como Passo do Lontra. O fogo forma uma linha de área queimada que chega a 50 km, algo jamais visto pelos antigos pantaneiros e ribeirinhos.

“Moro aqui há 30 anos e nunca teve um fogo tão intenso com esse”, afirma o catador de iscas Antônio Carlos Oliveira Roman, 34 anos, que mora na beira da BR-262, próximo ao Buraco da Piranha (100 km de Miranda), com a mulher, Ceyla, 27, e dois filhos menores. “Estava distraído catando caranguejo num brejo quando vi o mato estralando, era o fogo chegando. Tive que sair correndo para não morrer queimado. Levei um susto medonho”, narra o nativo.

Apoio de fazendas e pousadas

Segundo o capitão Vinicius Barbosa Gonçalves, que coordena o combate aos focos, a prioridade da ação é proteger a unidade de conservação ambiental da Estrada-Parque. Ele informou que o objetivo também é evitar que o fogo chegue a algumas propriedades da região, como pousadas e hotéis, a maioria com lotação completa de turistas em razão da proximidade do encerramento da temporada de pesca nos rios do Pantanal.

“É um fogo em grandes proporções, que demanda estratégias de combate muito bem coordenadas, cujas dificuldades são extremas pelas condições climáticas, como altas temperaturas, baixa umidade e ventos que chegam a 30 km/h”, informou Vinicius. A força-tarefa, conta com a participação de voluntários das propriedades e apoio logístico da Pousada Morro do Azeite e Fazenda BR Pec, base operacional da aeronave de Mato Grosso.

A ação diária é desenvolvida a partir de sobrevoos do Helicóptero Harpia 01, do GPA, na área afetada pelo fogo, logo ao amanhecer. As aeronaves estão com dificuldades operacionais por conta da intensidade da fumaça, que também colocou em alerta a Polícia Rodoviária Federal (PRF) ao longo a BR-262, entre Miranda e Corumbá. Em vários trechos da rodovia não há mínima visibilidade, ocasionando a interrupção do tráfego em algumas situações mais críticas.

Dificuldades de combate aéreo

O fogo brota nas margens da rodovia e forma uma cortina, tornando em noite um dia com temperatura acima de 40 graus, como nesta terça-feira. As labaredas chegam a mais de dez metros de altura, assustando quem transita pela região, se aproximando dos linhões de transmissão de energia. Em nota, a PRF recomendou aos motoristas não trafegarem à noite nesse trecho crítico, entre Corumbá e Miranda: 20 focos foram registrados na margem da rodovia.

Para os oficiais do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso que operam o Air Tractor AT-400, acostumados a grandes operações na Amazônia, a progressão e a variação do fogo nessa região do Pantanal de Mato Grosso do Sul é “algo impressionante”, diz o piloto tenente-coronel Flávio Gledson Vieira Oliveira, com mais de 12 anos na atividade. “É um ano atípico, mas os ventos fortes e o acúmulo de biomassa estão causando todo esse incêndio”, observou.

A aeronave de apoio de Mato Grosso, somente na terça-feira, realizou 18 voos sobre os focos de calor na região da Estrada-Parque, despejando 50 mil litros de água, durante 7h20. Estas ações necessitam de coordenação com as equipes de solo para surtir efeitos, contudo as dificuldades de acesso por terra aos pontos de focos tem sido um dos obstáculos. A equipe do Air Tractor é integrada ainda pelo piloto tenente-coronel Jean Oliveira.

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