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Cabral pede para depor e relata propinas em governos do RJ desde o fim dos anos 80

Agora réu confesso, ex-governador cita Brizola, Garotinho e Rosinha como cientes do esquema e diz que assumiu ‘caixinha da Fetranspor’ quando foi presidente da Alerj, em 1995.

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB) é ouvido nesta sexta-feira (5) na Justiça Federal. Ele pediu para ser interrogado de novo, depois que se tornou réu confesso, e disse que a propina de empresas de transportes no estado do Rio – via a Fetranspor, federação das empresas – começou no governo Moreira Franco, no fim dos anos 1980, passando ainda pelos governos de Leonel Brizola, Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho.

A audiência desta sexta é sobre a Operação Ponto Final, que investiga irregularidades no setor de transportes. Logo no início da audiência o ex-governador afirmou que foi “com o coração aberto”. Além dos ex-governadores, Cabral também citou empresários, membros do Judiciário, deputados e o ex-prefeito Eduardo Paes.

As defesas de Moreira Franco, Anthony Garotinho, Eduardo Paes ainda não se posicionaram sobre as denúncias de Cabral. O G1 ainda não conseguiu contato com os outros citados por Cabral.

O que disse Cabral:

  • ‘caixinha da Fetranspor’ começou no governo de Moreira Franco;
  • no governo Brizola, o secretário de Transportes Pedro Valente administrava a caixinha, com ‘aval’ do governador;
  • em fevereiro de 95, eleito presidente da Alerj, Cabral assume a administração da ‘caixinha da Fetranspor’;
  • com os então governadores Garotinho e Rosinha Garotinho, a caixinha continuou no Executivo;
  • Garotinho comprou uma afiliada de TV com dinheiro da propina;
  • negociou “compra”, por US$ 1,5 milhão, do apoio de Marcelo Crivella na eleição de 2008, junto com Eike Batista e Eduardo Paes;
  • caixinha também funcionava na Câmara dos Vereadores;
  • na campanha de 2006, recebeu R$ 5 milhões da Fetranspor.

Depoimento

Cabral citou o período anterior, comandado por Leonel Brizola, quando as empresas foram “encampadas”, e houve desordem no serviço público.

“Moreira Franco é o governador, em 1987 e em 1990 é feita a recuperação das empresas [de transporte]. Cria-se na Alerj a primeira propina instituída para o deputado Gilberto Rodrigues, presidente da Alerj e, do ponto de vista jurídico, o procurador de Justiça [do Ministério Público] Carlo Navega dava soluções jurídicas na volta às suas mãos particulares. Ele colaborou com o retorno das empresas às mãos [dos empresários], e recebia junto com o governador Moreira Franco e [com o deputado] Gilberto Rodrigues, junto com o deputado Claudio Moacir, e membros do Tribunal de Justiça”, disse Cabral.

Durante o governo Moreira Franco, Cabral foi diretor da Companhia Estadual de Turismo (TurisRio). Depois, segundo ele, Brizola “voltou com outra postura”, e a caixinha foi sido administrada pelo médico e secretário de transportes Pedro Valente, com o aval de Brizola, de acordo com Cabral.

‘Administrador’ da caixinha na Alerj

“Em fevereiro de 95 fui eleito presidente da Alerj então passo a administrar a caixinha da Fetranspor. O responsável pela distribuição da propina do Executivo foi o secretário de fazenda da época.”

Ainda segundo Cabral, no governo Garotinho, a caixinha da Fetranspor continuou no Executivo, agora supostamente administrada pelo ex-presidente do Tribunal de Contas do RJ, Jonas Lopes, condenado pela Lava Jato, e Augusto Ariston [ex-deputado, e ex-secretário de Transportes e da Casa Civil]. O mesmo teria ocorrido no governo de Rosinha Garotinho.

“Com o dinheiro da Fetranspor, Garotinho comprou a TV Band no Sul Fluminense. Usa uma pessoa chamada Mauro como um testa de ferro, tem um jornal O Diário, que é do Mauro mas na verdade é dele (Garotinho), e eu continuo presidente da Alerj cuidando da caixinha da Fetranspor nesse período”.

Entre 2003 e 2006, Cabral disse ter recebido uma caixinha de Jorge Picciani de R$ 200 a R$ 300 mil, como forma de mantê-lo como o candidato do PMDB ao governo do Estado em 2006. Nesse período, por um projeto contrário aos interesses da Fetranspor sobre gratuidade de passageiros, ele teria ficado sem o recurso de propina.

“Em 2006 me elejo governador. Na campanha de 2006, a Fetranspor me deu cerca de R$ 5 milhões, somando primeiro e segundo turno. Jorge Picciani se reelege presidente da Alerj, onde continua administrando o caixa da Fetranspor. Havia muita reclamação dos deputados na época do Picciani: ‘Ah, não está dando todo mês, não tô recebendo’. Minha filosofia era: ‘É um regime presidencial e é com ele que eu trato, não perguntava quanto recebia mas tinha a informação de que recebia R$ 1 milhão por mês, mas não sei quanto dava para cada um. Para o Executivo eram R$ 420 mil por mês.”

Confissões recentes

A Ponto Final aponta pagamentos de R$ 260 milhões em propina a agentes públicos, feitos pelo setor de transportes. Na ocasião, foram presos o presidente da Fetranspor e o ex-presidente do Detro, por exemplo.

Do G1

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