País oceânico chegou a mais de 600 mil alunos matriculados em suas instituições de ensino; cursos universitários se destacam
A Austrália bateu um novo recorde no número de estudantes estrangeiros matriculados em instituições nacionais, segundo dados do Australian Department of Education and Training (DET). Em 2017, 624 mil alunos do exterior estavam fazendo algum curso no país, o que representa um crescimento de 13% em relação ao ano anterior e comparável à média de expansão anual de 4,5%.
Perto de 200 nacionalidades estavam representadas na população de estudantes estrangeiros em intercâmbio na Austrália. Do total, mais da metade eram oriundos de cinco mercados centrais para as instituições de ensino australianas: a China (30%), a Índia (11%), o Nepal (5%), a Malásia (4%) e o Brasil (4%).
O setor de educação superior possuía a maior porção desses estudantes: eram pouco mais de 350 mil pessoas (44%), o que significa um aumento de 15% do total de universitários que estavam na Austrália em 2016. Em seguida estava o setor de cursos técnicos (que no país são conhecidos como Vocational education and training – VET), com 217 mil estudantes estrangeiros (27% do total). Segundo os números das autoridades locais, o volume desses alunos cresceu 17% em relação a 2016.
Há ainda os estudantes de inglês, que representam 155 mil pessoas da população estudantil do exterior – a maioria de brasileiros. Uma pequena porção dos viajantes, enfim, chega à Austrália para fazer um curso secundário ou frequentar programas específicos não-reconhecidos.
“Os estudantes internacionais estão escolhendo com os pés, fazendo a Austrália o terceiro maior destino estudantil do mundo para alunos universitários e o segundo mais popular para graduandos da China e da Índia”, disse o ministro da educação do país, Simon Birmingham, à rede local SBS.
Brasileiros são os mais qualificados
Há alguns anos o professor Eduardo Picanço Cruz, da Universidade Federal Fluminense (UFF), do Rio de Janeiro, publicou uma pesquisa mostrando que os estudantes brasileiros na Austrália estão entre os mais qualificados entre os que chegam ao país oceânico para estudar. “Estamos surpresos em descobrir isso, mas quem viaja daqui já possui no mínimo um curso universitário ou está perto de concluí-lo”, disse à SBS.
Baseado em estatísticas do censo australiano de 2011, a pesquisa mostra que, entre os imigrantes que já possuem diplomas universitários, os brasileiros estão à frente em relação ao volume de imigrantes total na Austrália. Se MBAs, mestrados e doutorados são incluídos, o Brasil possui o quarto grupo imigrante mais qualificado do país, atrás apenas de Bangladesh, Índia e Nepal – países asiáticos relativamente mais próximos geograficamente.
“Estudos recentes mostram que os imigrantes brasileiros preocupados com seus níveis educacionais têm crescido ano a ano. Os resultados da população estudada mostram que 82,6% daqueles que foram a Austrália possuíam um bacharelado ou estavam cursando um nível terciário, incluindo MBAs, mestrados ou doutorados”, explica Cruz.
Aliado ao fato de que 56,9% desses imigrantes possuem idades entre 21 e 30 anos, Cruz sugere que o país está “perdendo mentes”. “Eles são jovens mentes que estão começando suas carreiras e deixando o Brasil porque não veem perspectivas vigorosas no país”, finaliza ele.