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‘Atrevimento de Bolsonaro parece não ter limites’, diz Celso de Mello

Vídeo mostra Bolsonaro como um leão acuado por hienas identificadas como partidos políticos, o Supremo e outras entidades. Para Celso de Mello, atitude mostra falta de ‘estatura presidencial’.

O ministro do STF, Celso de Mello – Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, divulgou uma nota em que comentou o vídeo com críticas à Corte postado pelo presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais. Para Mello, a postagem mostra que o “atrevimento presidencial parece não encontrar limites”. O decano é o ministro mais antigo na Corte.

O vídeo apresenta a imagem de um leão, na savana, cercado por hienas. O leão é identificado como Bolsonaro, enquanto sobre as hienas aparecem símbolos que as representam como instituições que seriam rivais. Por exemplo: partidos políticos (PT, PSDB, PDT, PSL), o Supremo, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e veículos de imprensa.

“A ser verdadeira a postagem feita pelo senhor presidente da República em sua conta pessoal no ‘Twitter’, torna-se evidente que o atrevimento presidencial parece não encontrar limites na compostura que um chefe de Estado deve demonstrar no exercício de suas altas funções”, escreveu Mello (veja a íntegra mais abaixo).

O vídeo, postado na segunda-feira (28), foi excluído das redes sociais de Bolsonaro, mas segue sendo compartilhado por outros perfis. Nesta terça (29), a hashtag #hienasdetoga é uma das mais comentadas no Twitter.

O ministro disse também que, ao apresentar o STF como um dos opositores de Bolsonaro, o vídeo revela “absoluta falta de estatura presidencial”. Para Mello, a atitude é de quem desconhece o princípio da separação de poderes.

“Esse comportamento revelado no vídeo em questão, além de caracterizar absoluta falta de “gravitas” e de apropriada estatura presidencial, também constitui a expressão odiosa (e profundamente lamentável) de quem desconhece o dogma da separação de poderes e, o que é mais grave, de quem teme um Poder Judiciário independente e consciente”, afirmou o decano.

Na semana passada, durante sessão do STF, Mello fez um pronunciamento em que defendeu o Supremo de ataques externos e criticou o que chamou de “submundo digital”.

Ele não citou um caso específico, mas disse que o país convive com “espectros ameaçadores, surtos autoritários, inconformismos incompatíveis com os fundamentos do estado de direito e manifestações de grave intolerância que dividem a sociedade civil”.

Mourão
O vice-presidente Hamilton Mourão, que está no exercício da Presidência durante viagem de Bolsonaro à Ásia e ao Oriente Médio, foi questionado por jornalistas sobre o vídeo.

Mourão declarou que não viu o material. Ele disse acreditar que a peça não foi publicada nas redes sociais por Bolsonaro, mas por “alguém” que tenha acesso às contas do presidente.

“Ver eu não vi [o vídeo], só ouvi os comentários. Acho que foi alguém que postou, alguém que tem acesso à rede social dele, não sei quem. E ele [Bolsonaro], obviamente, quando viu, tirou”, afirmou Mourão.

Veja a íntegra da nota do ministro

A ser verdadeira a postagem feita pelo Senhor Presidente da República em sua conta pessoal no “Twitter”, torna-se evidente que o atrevimento presidencial parece não encontrar limites na compostura que um Chefe de Estado deve demonstrar no exercício de suas altas funções, pois o vídeo que equipara, ofensivamente, o Supremo Tribunal Federal a uma “hiena” culmina, de modo absurdo e grosseiro, por falsamente identificar a Suprema Corte como um de seus opositores. Esse comportamento revelado no vídeo em questão, além de caracterizar absoluta falta de “gravitas” e de apropriada estatura presidencial, também constitui a expressão odiosa (e profundamente lamentável) de quem desconhece o dogma da separação de poderes e, o que é mais grave, de quem teme um Poder Judiciário independente e consciente de que ninguém, nem mesmo o Presidente da República, está acima da autoridade da Constituição e das leis da República. É imperioso que o Senhor Presidente da República – que não é um “monarca presidencial”, como se o nosso País absurdamente fosse uma selva na qual o Leão imperasse com poderes absolutos e ilimitados – saiba que, em uma sociedade civilizada e de perfil democrático, jamais haverá cidadãos livres sem um Poder Judiciário independente, como o é a Magistratura do Brasil.

Do G1

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