Home Colunistas

A pauta-bomba e a caça ao voto

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves(*)

O Congresso Nacional tem menos de um mês útil para trabalhar até que comece o recesso. Esta semana não haverá pauta porque temos o feriado na quarta-feira e os parlamentares emendaram, ficando em suas bases. Mas, mesmo assim, monta-se uma pauta-bomba, que atenta contra o ajuste fiscal. Foram retiradas da gaveta propostas de correção da tabela de isenção no Imposto de Renda, rolagem da dívida de municípios, perdão de multas e juros rurais e outros favores fiscais que, se aprovados, aumentarão em R$ 20 bilhões o rombo nas contas da União do próximo ano. De outro lado, incentivado pelos seus mosqueteiros da área econômica, o presidente Temer ensaia um projeto de reforma previdenciária mínima cujo objetivo é diminuir o déficit orçamentário aumentando a idade para o trabalhador se aposentar.

Os informes de bastidor dizem que o governo não tem cacife para aprovar, na Câmara e no Senado, a pretendida reforma da Previdência, já que deputados e senadores, na véspera de correr atrás dos votos, dificilmente embarcariam num projeto que vai retardar a aposentadoria do trabalhador (que é o seu eleitor). Por outra parte, o presidente e seus a uxiliares da área política não podem se descuidar porque, da mesma forma que não referendariam o endurecimento das aposentadorias e pensões, os parlamentares poderão aprovar o aumento da faixa de isenção no IR, a isenção de multas e a rolagem da dívida das prefeituras. Tudo isso é coisa simpática e pode se converter em voto.

Todos os governos que conhecemos e até aqueles que pesquisamos na história, pregaram reformas. Mas nenhum deles tem sido forte o suficiente para enfrentar a impopularidade de retirar ou retardar direitos do povo, que é o seu eleitorado. Michel Temer, ao ver a presidência cair em sua cabeça, sonhou passar para a história como um reformador e, por isso, paga o amargo preço da impopularidade recorde. Seus adversários exacerbaram o discurso e o governo teve de recorrer aos métodos de compra de votos para não cair. Palacianos admitem hoje uma reforma ministerial, que também poderá servir de moeda de troca para a aprovação de projetos do Executivo no Congresso Nacional. Espera-se que o presidente tenha sensibilidade suficiente para não gastar esse pequeno cacife com propostas inviáveis para um momento eleitoral. A essa altura dos acontecimentos, os parlamentares só pensam na melhor forma de conseguir a reeleição. Tudo o que soar impopular, com certeza, será rejeitado e aquilo que venha a adoçar a boca do eleitor pode ser aprovado. Mesmo que depois não se concretize…

  • Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) 

aspomilpm@terra.com.br

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UM COMENTÁRIO/RESPOSTA

Por favor, digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Sair da versão mobile

Definição de Cookie

Abaixo você pode escolher quais tipos de cookies permitem neste site. Clique no botão "Salvar configurações de cookies" para aplicar sua escolha.

FuncionalNosso site usa cookies funcionais. Esses cookies são necessários para permitir que nosso site funcione.

AnalíticoNosso site usa cookies analíticos para permitir a análise de nosso site e a otimização para o propósito de otimizar a usabilidade.

Social mediaNosso site coloca cookies de mídia social para mostrar conteúdo de terceiros, como YouTube e FaceBook. Esses cookies podem rastrear seus dados pessoais.

AnúnciosNosso site pode utilizar cookies de publicidade para mostrar anúncios de terceiros com base em seus interesses. Esses cookies podem rastrear seus dados pessoais.

OutrosAlgum conteúdo publicado em nosso site pode incluir cookies de terceiros e de outros serviços de terceiros que não são analíticos, mídia social ou publicidade.