Da pequena Papua Nova Guiné à grande Malásia, turistas brasileiros no país oceânico têm muitas opções turísticas
Quando o sociólogo francês Émile Durkheim publicou um dos seus estudos mais famosos, As formas elementares da vida religiosa, em 1912, muita gente no Ocidente não conhecia a história dos aborígenes da Oceania que, para ele, tinham criado as bases da religiosidade moderna. A Austrália, que havia se tornado independente há pouco tempo, começou a chamar a atenção dos turistas europeus.
Dez anos depois, o antropólogo polonês Bronisław Malinowski aumentaria a área desse radar com a publicação de Argonautas do Pacífico Ocidental, considerado por muitos como um dos grandes livros do século e que modificou as estruturas da disciplina. Nele, Malinowski relata o funcionamento da sociedade dos nativos da Papua Nova Guiné, também na Oceania, com especial atenção para o modelo de trocas econômicas entre eles, chamada de kula.
Enfim, algumas décadas depois, outro antropólogo voltaria a se debruçar sobre aquela região, agora na Ásia, com a publicação de A interpretação das culturas, do estadunidense Clifford Geertz, sobre as rinhas de galo em Bali, na Indonésia. Para a professora Marina Vanzolini, da USP, todas essas obras ajudaram a criar, no Ocidente, uma visão específica dos países daquela região do Oceano Índico. “Muita gente tem esses estudos como fontes de conhecimento sobre o modo de vida dos nativos daquelas ilhas”, explica.
Com o crescimento da indústria de intercâmbio para a Austrália nos últimos anos, se expandiu também o turismo para regiões próximas, como conta o estudante paulistano Gabriel da Hora, que passou seis meses estudando inglês em Melbourne, no ano passado. “Uma das coisas que todo intercambista precisa fazer é mergulhar na história daquela região: seja indo ao interior da própria Austrália, onde tem muita coisa, ou conhecendo os países próximos”, explica.
Para ajudar os brasileiros na Austrália, o Agora MS fez uma breve lista com cinco destinos interessantes próximos ao maior país da Oceania:
Três horas de voo separam Sydney, a principal metrópole australiana, de Auckland, a capital das ilhas que formam a Nova Zelândia. Nos últimos anos, o pequeno país também passou a receber muitos intercambistas brasileiros em busca de destinos alternativos. Ainda assim, a comunidade é pequena: de acordo com dados do escritório de turismo neo-zelandês em São Paulo, o número de brasileiros que desembarcam em seu território cresceu 24% em relação à primeira metade do ano passado, totalizando mais de 15 mil pessoas. No entanto, segundo o último censo do governo da Nova Zelândia, de 2013, apenas cerca de dois mil cidadãos do Brasil viviam no país.
Além da experiência urbana de Auckland, que combina mar, paisagens naturais, vida noturna, cultura e compras, o país ainda oferece atrações como voos de balão sobre as montanhas Canterbury, o fiorde Milford Sound, um dos mais visitados do mundo, e o Monte Tongariro, onde foram filmadas cenas dos filmes da trilogia Senhor dos Anéis.
Papua Nova Guiné
A cidade australiana de Cairns, ao Norte do país, é a que fica mais próxima da capital da Papua Nova Guiné, a pequena Port Moresby. Com apenas 360 mil habitantes, já foi considerada pela revista britânica The Economist uma das piores cidades para se viver no mundo, o que afastou um perfil específico de turistas e aproximou outro. Hoje, a maior parte dos visitantes busca pelas zonas de mergulho que a pequena capital oferece.
A ilha, no entanto, tem como grande destino turístico o vulcão Tavurvur, famoso por suas erupções sobre as regiões próximas nos anos 1990. As praias ao longo da costa e os parques nacionais também são buscados pelos estrangeiros.
Malásia
Voando a partir de Perth, na parte ocidental da Austrália, o voo até a capital da Malásia, Kuala Lumpur, dura cinco horas. No entanto, as grandes ilhas que formam o país não se reduzem à metrópole mundialmente famosa pelas Torres Petronas, pelos santuários hindus, pelas cavernas e pela vida normalmente agitada das grandes cidades asiáticas.
Na Malásia, os turistas se interessam também pelos patrimônios históricos, como o Parque Kinabalu, que abriga a montanha de mesmo nome e que é considerada uma das mais “jovens” do planeta, o Parque Gunung Mulu, onde se situa o maior conjunto de cavernas do mundo e, da mesma forma, a gruta mais extensa do globo, com 700 metros de comprimento – tamanho proporcional a 23 campos de futebol -, e a cidade histórica de Malaca, onde os moradores falam português por causa da colonização lusitana na região.
Cingapura
Os turistas na Malásia costumam abreviar a viagem indo até a cidade-Estado de Cingapura, cujo território se divide apenas pelo Estreito de Johor, por onde se erguem duas grandes pontes de ligação entre malaios e cingapurenses – e que se pode atravessar a pé. O resto os brasileiros já ouviram: ali, está uma ilha não apenas no sentido geográfico, mas também social: ruas organizadas, transporte urbano considerado modelo para grandes metrópoles do mundo, prédios modernos e taxas de desenvolvimento humano altas, que fazem do local um dos mais visitados da Ásia.
Tailândia
Bangkok, a capital indonésia, se tornou pop nos últimos anos pelo turismo internacional graças à sua mistura de tradições locais, religiosidade, desorganização típica dos países do Terceiro Mundo, com um ar de modernidade, de prédios modernos, de capital de negócios e de compras. Tudo isso ficou ainda maior quando Hollywood escolheu a cidade para filmar um dos filmes da trilogia Se Beber, Não Case. De todos os destinos dessa lista, é o mais distante da Austrália: seis horas de voo saindo de Perth, na costa ocidental.
A Tailândia, no entanto, tem outros dois destinos mundialmente famosos para além de sua capital: as praias de Koh Phi Phi e Phuket, ao sul, onde também foram rodados diversos filmes estadunidenses, e as cidades sagradas como Ayutthaya e nos templos de Chiang Mai, onde estão os principais templos religiosos do país e um dos principais da Ásia.