
Na sexta-feira (7) e sábado (8), Campo Grande recebe a 5ª edição do UBU ERÊ – Festival para Infância e Juventude, que leva arte, cultura popular e convivência comunitária em quatro bairros: Parque do Sol, São Conrado, Jardim Imperial e Cohab. Criado e realizado pelo Grupo UBU, o festival propõe uma imersão no universo lúdico da infância, com teatro, contação de histórias e rodas brincantes. A programação é gratuita, acessível em Libras e classificação livre.
Entre os destaques está o espetáculo “Pelega & Porca Prenha – Episódio: Na Mata do Pequi”, uma aventura cômica e poética que mistura sabedoria popular e reflexões sobre o meio ambiente. No elenco, Anderson Bosh, Douglas Moreira e Edner Gustavo dão vida a personagens que transitam entre o real e o imaginário, despertando o olhar das crianças para temas como pertencimento, natureza e solidariedade.
“Na mídia se fala muito da preservação do Pantanal, do encontro em Belém da COP 30, mas o que de fato é feito no dia a dia com as comunidades? Trabalhos como o nosso têm esse papel de trazer assuntos de interesse público em forma de histórias, porque ‘Pelega e Porca Prenha’ fala de cuidado com a natureza, da cultura e das pessoas como agentes e protagonistas”, afirma o ator Edner Gustavo.
Apresentações:
• Instituto Misericordes, sexta-feira (7), às 9h – Rua Emiliana Arruda de Araújo, 403 – Parque do Sol
• Instituto Sou Afro, sexta-feira (7), às 17h – Av. Agripino Grieco – Cohab
• Associação das Mulheres das Favelas de MS, sábado (8), às 9h – Rua Livino Godoi, em frente ao nº 710 – São Conrado
• Espaço Ilè Àsè Ojú Odé, sábado (9), às 15h – Av. Rodoviária, 1051 – Jardim Imperial
Cultura e pertencimento – Idealizador do projeto e diretor do grupo de teatro, Anderson Bosh explica que o festival é mais do que um evento artístico — é um gesto de escuta e diálogo com os territórios.
“O ‘UBU ERÊ’ nasce da vontade de construir pontes entre o teatro, a infância e as comunidades. A cada edição, buscamos descentralizar o acesso à cultura e promover experiências afetivas e educativas. A arte tem poder transformador quando chega de forma viva e próxima das pessoas”, destaca.
No Parque do Sol, o Instituto Misericordes atende 70 crianças e 52 famílias em situação de vulnerabilidade, com atividades de balé, capoeira, música e leitura. Para Helenilda do Carmo Silva, presidente do projeto, o reencontro com o grupo é motivo de alegria.
“Da primeira vez, as crianças ficaram encantadas. Muitas nunca tinham assistido a um espetáculo teatral. O teatro trouxe sonhos e mostrou que elas podem fazer diferente”, relata.
Já no Jardim Imperial, a Casa de Candomblé Ilè Àsè Ojú Odé – Àsè Imukaindé, liderado por Pai Deá Odé, recebe o festival pela primeira vez. Fundado em 2003, o Àsè é uma casa de Candomblé que acolhe cerca de 300 pessoas e atua como espaço de cultura e socialização.
“O teatro dialoga com o Candomblé porque ambos tratam da vida, da ancestralidade e da natureza. Receber o Ubu Erê reafirma que o Candomblé é também um espaço cultural, de educação e acolhimento”, destaca Pai Deá Odé.
Cinco edições e muitas histórias – Com espírito mambembe e vocação itinerante, o Grupo UBU já alcançou mais de 4 mil pessoas em bairros, quilombos e aldeias indígenas de Campo Grande. Para Bosh, o festival reafirma o compromisso do grupo com a democratização da cultura e a valorização da infância.
“O Grupo UBU tem esse jeito nômade, mas tudo isso envolve custos e uma equipe comprometida. É essencial que existam políticas públicas que tornem isso possível. Tivemos apoio do Sesc MS, nas duas primeiras edições, e da Funarte nas duas últimas. Agora, com a Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do Governo Federal e da Prefeitura, chegamos à quinta edição”, explica.
Atuando desde a primeira edição, o ator Douglas Moreira destaca o impacto do festival. “É gratificante ver o quanto as crianças se envolvem, criam e se emocionam. A cada sorriso e olhar curioso, entendemos que o teatro cumpre seu papel: despertar a imaginação e a consciência de que a arte é um direito de todos.”
O UBU Erê tem produção logística de Kiara Kido, mediação de Clara Targino, gestão de projeto de Anderson Bosh, produção executiva e social média de Karen Freitas, mentoria de Douglas Moreira e Edner Gustavo, e coordenação pedagógica de Douglas Caetano.
Em cena, Anderson Bosh, Douglas Moreira e Edner Gustavo, com sonoplastia e iluminação de Douglas Caetano.
O projeto conta com financiamento da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do Minc – Ministério da Cultura, Governo Federal, via edital da Fundac e Prefeitura de Campo Grande. A programação completa está disponível no Instagram @grupoubu.



















