TV digital fortalece o rádio brasileiro

 * Por Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

No dia 25 de setembro de 1923, Roquete Pinto o “pai do rádio brasileiro” fundou a primeira emissora do país. Era a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Não demorou para o veículo de comunicação se expandir a todo o território nacional, tornando-se o grande elo entre as regiões e fator de cultura, desenvolvimento, lazer e prestação de serviços. Nos anos 50 e 60 houve quem pensasse que no seu fim por conta do advento da televisão, mas ele apenas se reinventou e se mantém como o mais imediato e veloz dos meios de comunicação. Traz música, informação e orientação a toda a comunidade a que serve. Passados 94 anos da fundação da primeira estação, o governo publicou neste 25 de setembro de 2017 a Portaria Interministerial nº 68, que coloca em vigor a faixa estendida de FM. Em vez de operar de 88 a 108 MHZ, as emissoras trabalharão entre 76 e 108 MHZ. Isso será possível por conta do desligamento do sinal analógico de televisão, que transferirá para o rádio a frequência ocupada pelos canais 5 e 6 da TV antiga.

Na verdade, vivemos uma revolução na área das comunicações. A entrada da TV digital acaba com os chuviscos, que levavam o usuário a colocar palha de aço na antena do aparelho para melhorar o sinal, e libera os antigos canais de 2 a 13 para outras comunicações. Além do rádio de FM, que se utilizará dos antigos canais 5 e 6, teremos os demais canais de VHF e de UHF baixo aplicados para a telefonia celular. Nas próximas semanas, segundo disse o ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, o celular já terá melhores sinais a partir do 4G.

A portaria assinada pelo ministro Kassab e seu colega Marcos Pereira, da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, estabelece que a partir de janeiro de 2019, todos os rádios e receivers fabricados no Brasil terão de trazer a faixa estendida de FM. Todo o processo de modernização deverá concluir com a migração das emissoras de AM, mais dispendiosas, para a faixa de FM. Das 1781 estações existentes no país, 1386 (isto é,78%) já requereram a migração para o novo sistema. Isso já é possível nos estados de menor concentração populacional, mas a faixa de 88 a 108 MHZ é insuficiente para atender a demanda de 14 unidades da federação (BA, CE, DF, ES, GO, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RS, SC e SP). Daí a adoção da faixa estendida, entre 76 e 88 MHz.

A nova distribuição de canais de comunicação e migração de estações de rádio devem revigorar o setor. Além dos aparelhos construídos especialmente para receber o sinal de rádio, ainda temos os celulares que em breve, por força de lei, também serão receptores. Assim o rádio que durante nove décadas vem fazendo o papel cultural e informativo hoje desempenhado também pela televisão, se reinventa e continua servindo a comunidade que ajudou a desenvolver. Seu caráter imediato e local, facilidade de captação e agora a disponibilidade de maior número de canais aumentam sua serventia e o sentido de utilidade pública.

  • Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) 

aspomilpm@terra.com.br

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