Ações das duas gigantes de brinquedos dos Estados Unidos refletem momentos distintos no mercado mundial
Na Bolsa de Nova York, as ações da Hasbro estão próximas do máximo o tempo todo, enquanto as da Mattel tem tido um dos piores desempenhos das chamadas 500 maiores empresas do mundo, segundo a revista Fortune. E assim tem sido pelo menos desde 2013. As respostas para isso são variadas, segundo os economistas.
Em primeiro lugar, a Hasbro tem permissão para “emocionar”. A empresa se colocou à frente da sua rival ao produzir brinquedos que foram personagens de filmes de Hollywood. É o caso dos Transformers, em que apenas uma das versões da franquia de Michael Bay rendeu mais de US$ 1 bilhão (R$ 3,7 bilhões, na cotação de junho) em bilheterias ao redor do mundo.
A empresa também adquiriu os direitos de fabricar os brinquedos inspirados nos personagens da Marvel e do filme Star Wars. Quando foram lançados as franquias “Vingadores” e “Star Wars” no cinema, em 2015, a Hasbro teve um grande ano graças aos geeks que gastaram boa parte das rendas comprando produtos e indo ver os filmes nas salas de exibição.
Em 2016, a Mattel perdeu a chance de renovar o acordo com a Disney que a permitia vender bonecas das princesas da empresa, como a Frozen, que já era sucesso mundial. Naquele ano, a Hasbro se colocou novamente adiante ao fechar uma parceria semelhante para produzir os brinquedos que a Mattel deixara.
Mas não se trata apenas de fabricação de brinquedos do cinema: o grande problema da Mattel é que sua principal marca, a boneca Barbie, não vive seus melhores dias nos Estados Unidos. Outra boneca produzida pela empresa, a American Girl, que outrora ajudou a compensar as perdas em vendas da Barbie, deixou de colaborar.
Segundo a CNN, a Barbie teve uma queda de 21% nas vendas em 2014, quando as ações da Hasbro e da Mattel na Bolsa de Nova York ficaram completamente díspares. As vendas da American Girl também reduziram 7% no país. Na mesma época, brinquedos da Hasbro eram desejados por todas as crianças estadunidenses e do mundo afora, como a baby alive, o My Little Pony e o Littlest Pet Shop.
Apesar das distinções, ambas as gigantes enfrentam outra crise nos Estados Unidos: vão perder a maior revendedora do setor do mundo, a Toys R Us, que anunciou em setembro de 2017 o fim das suas atividades no país e já iniciou o processo no Reino Unido. As quedas nas receitas do primeiro trimestre já somaram 16%, segundo a CNN Money.
As vendas estáveis de icônes criados pela empresa, como o “Monopoly” e os brinquedos licenciados pela Marvel não foram suficientes para as perdas relacionadas ao fim da Toys R Us nos EUA, que era responsável por 10% das vendas da Hasbro até o ano passado. Segundo a CNN, os executivos da empresa insistem em dizer que a redução nos lucros é uma consequência temporária do fim da loja.
A Toys R Us tem 15% do mercado de brinquedos dos Estados Unidos e iniciou o ano com mais de 800 lojas espalhadas pelo país, mas anunciou em janeiro que fecharia 180 delas. Para a revista Fortune, especializada no varejo estadunidense, a falência da rede se deve à sua dívida de US$ 5,2 bilhões (R$ 18 bilhões) e, mais recentemente, à entrada de gigantes do e-commerce, como a Amazon, no mesmo ramo.