‘Prévia’ do PIB indica retração de 0,68% no 1º trimestre de 2019

Se confirmado, será o primeiro tombo da economia após dois anos de expansão. Resultado oficial do PIB do 1º trimestre, porém, será divulgado pelo IBGE somente em 30 de maio. Analistas veem possibilidade de contração, e ministro Guedes diz que economia está no ‘fundo do poço’.

O setor de serviços teve queda nos três primeiros meses de 2019 – Divulgação

A economia brasileira registrou retração de 0,68% no primeiro trimestre de 2019, indica o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), uma espécie de “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado pelo Banco Central nesta quarta-feira (15).

O recuo de 0,68% entre janeiro e março deste ano foi verificado na comparação com o quarto trimestre de 2018 (outubro a dezembro). O número foi calculado após ajuste sazonal, uma espécie de “compensação” para comparar períodos diferentes de um ano.

Quando a comparação é feita com o resultado do primeiro trimestre de 2018, porém, o IBC-Br do primeiro trimestre de 2019 indica alta de 0,23% (sem ajuste sazonal). Em doze meses até março deste ano, também sem ajuste sazonal, os números do BC indicam uma expansão de 1,05%.

O IBC-BR é um indicador criado para tentar antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), que é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números oficiais do PIB do primeiro trimestre serão divulgados no dia 30 de maio.

A retração registrada no primeiro trimestre deste ano, contra os três últimos meses de 2018, se confirmada, será a primeira desde o quarto trimestre de 2016, quando a economia brasileira registrou um tombo de 0,6% – de acordo com dados oficiais do IBGE.

IBC-BR X PIB

O cálculo do IBC-Br é um pouco diferente do usado no PIB. O indicador do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos. Os resultados do IBC-Br, porém, nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais divulgados pelo IBGE.

Além disso, o IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros (Selic) do país. O crescimento ou desaceleração da economia influenciam na inflação, que o Banco Central busca controlar por meio da taxa Selic.

BC e Paulo Guedes

O próprio Banco Central já havia alertado, nesta terça-feira (14), por meio da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que “indicadores disponíveis sugerem probabilidade relevante de que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha recuado ligeiramente no primeiro trimestre do ano, na comparação com o trimestre anterior, após considerados os padrões sazonais”.

Também nesta terça-feira, em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a economia do país está no “fundo do poço” e, na avaliação do ministro, está “nas mãos” do Congresso tirar o Brasil dessa situação, com a aprovação de reformas propostas pelo governo.

“Então, não adianta achar que nós vamos crescer por fora, que vamos crescer 3%. Não é a nossa realidade. A nossa realidade é o seguinte: estamos lá no fundo. Agora, está nas mãos da Casa [Congresso Nacional] nos tirar do fundo do poço, com esse equacionamento fiscal [com a aprovação da reforma da Previdência, entre outras medidas]”, acrescentou ele, na ocasião.

Em linha com as estimativas do mercado financeiro, que prevê uma expansão de 1,45% para a economia neste ano, o ministro também indicou que vai revisar de 2,2% para 1,5% a previsão oficial do governo de alta do PIB em 2019. Com um crescimento menor, a equipe econômica tem alertado que será necessário efetuar um novo bloqueio de gastos no orçamento de 2019 – além dos R$ 29,7 bilhões anunciados em março.

O que dizem os analistas
Alguns economistas do mercado financeiro também alertam que, com dados fracos sobre o desempenho da indústria, do comércio e dos serviços nos primeiros três meses do ano apontam que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre pode vir negativo.

Veja abaixo o resultado dos principais componentes do PIB:

· O setor de serviços teve queda nos três primeiros meses de 2019;

· A indústria caiu em janeiro e teve leve alta em fevereiro, até registrar no mês seguinte o pior resultado em seis meses;

· As vendas do varejo subiram no acumulado dos três meses, mas sem avanço expressivo.

Os analistas ouvidos pelo G1 atribuem o resultado fraco da economia no começo de 2019 a uma frustração das expectativas por reformas econômicas – o que atrasa decisões de investimentos por parte dos empresários e de consumo para os investidores.

Do G1

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