Home Colunistas

Permitir ou proibir armas de fogo?

  • Por João Baptista Herkenhoff 

O atual Presidente da República é contrário ao Estatuto do Desarmamento. Não pode revogá-lo, por sua simples vontade, porque se trata de uma lei. Entretanto, por meio de decreto (ato do Poder Executivo), pode permitir a posse de arma a todas as pessoas sem ficha criminal. E assim já o fez.

Suas poses com as mãos simulando uma pistola tornaram-se marca.

Em outras palavras – o Presidente quer transformar o Brasil num faroeste. Vimos isto no cinema – cowboys ou pistoleiros armados, com revólveres e rifles da época, em cima dos seus cavalos. Estamos correndo o perigo de ver isto na vida real em nosso país

Em 2005 tivemos um referendo a respeito da proibição do comércio de armas de fogo e munição. O Congresso havia decidido pelo desarmamento.

A proibição pretendida não alcançou apoio da maioria dos votantes.

O resultado final foi de 59.109.265 de votos rejeitando a proposta (63,94%), enquanto 33.333.045 de votos optaram pelo “sim” (36,06%).

De minha parte, cumprindo um dever de consciência, votei pelo sim. Mas, ao lado de milhões de pacifistas, fui derrotado.

O argumento a favor do NÃO era o de que os homens de bem precisavam do direito de se armar. Esqueceram-se os defensores desta tese de um detalhe fundamental: as armas legalmente adquiridas poderiam ser furtadas para a prática de crimes, como tem ocorrido com frequência.

A oposição ao livre armamento dos cidadãos cresceu de 2005 para os dias de hoje.

Segundo pesquisa Datafolha, 61% dos brasileiros entendem que a posse de armas deve ser proibida. O percentual que considera a posse um direito do cidadão alcança apenas 37% das opiniões.

Concordo com o Professor Fabio Comparato, quando disse que, no referendo de 2005, tiveram força os fabricantes e os comerciantes de armas, que viam prejudicados os seus lucros, se o povo tivesse votado pela proibição.

Em princípio, uma legislação que discipline e restrinja o porte de armas está, a meu ver, no caminho acertado. Vejo, porém, a medida como parte de um elenco de providências que visem à redução da violência.

Há toda uma política afirmativa que deve ser desenvolvida, quase que uma revolução cultural, com o incentivo à solidariedade humana.

Há gestos heróicos, fraternos, exemplares que devem merecer aplauso e glória, como o que foi praticado por José Higino de Lima Filho que morreu, aos 46 anos, atingido por um um muro, no Bairro São Diogo, na Serra, como foi noticiado por A Gazeta. Ele, um simples cidadão, tentou salvar a vida de outras pessoas e perdeu sua vida.

  • Juiz de Direito aposentado (ES), palestrante e escritor.

E-mail – jbpherkenhoff@gmail.com

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UM COMENTÁRIO/RESPOSTA

Por favor, digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Sair da versão mobile

Definição de Cookie

Abaixo você pode escolher quais tipos de cookies permitem neste site. Clique no botão "Salvar configurações de cookies" para aplicar sua escolha.

FuncionalNosso site usa cookies funcionais. Esses cookies são necessários para permitir que nosso site funcione.

AnalíticoNosso site usa cookies analíticos para permitir a análise de nosso site e a otimização para o propósito de otimizar a usabilidade.

Social mediaNosso site coloca cookies de mídia social para mostrar conteúdo de terceiros, como YouTube e FaceBook. Esses cookies podem rastrear seus dados pessoais.

AnúnciosNosso site pode utilizar cookies de publicidade para mostrar anúncios de terceiros com base em seus interesses. Esses cookies podem rastrear seus dados pessoais.

OutrosAlgum conteúdo publicado em nosso site pode incluir cookies de terceiros e de outros serviços de terceiros que não são analíticos, mídia social ou publicidade.