Pandemia não deixará fanática torcida do Liverpool comemorar título inédito

Entre precauções da Premier League contra a pandemia, equipes podem se encontrar em campos neutros, para evitar viagens em excesso

Liverpool é uma cidade portuária de encontros. Onde o rio Mersey e o Mar da Irlanda se encontram. Formada por ruas de estilo vitoriano, que se encontram. Onde há o encontro da música com o futebol. De onde partiram para encontrar e encantar o mundo. O próprio nome da cidade, provavelmente, vem do gaélico “Llyvrpwl”, piscina onde as águas se encontram. As informações são do R7.

Nesta cidade, John, antes de uma apresentação do The Quarrymen, encontrou Paul, em cima de um caminhão, quando eram estudantes. Assim como anônimos de todas as partes se encontram todos os dias, em uma confluência de emoções.

E uma torcida de operários acabou encontrando um clube de futebol, que se encontrou a partir do próprio rival Everton, e expressou o sentimento de uma população. Ops, Liverpool Express…Nome de um grupo, de música.

E desde que a antiga vila de pescadores encontrou outro significado, o de cidade, a fundação de Liverpool, em 1207, simbolizou o encontro de um novo estilo de vida na Inglaterra.

Poucos anos depois, afinal, foi assinada a Carta Magna (1215), a primeira Constituição escrita de um país, que impedia o monarca de aumentar os impostos sem que um Grande Conselho, após encontro, aprovasse.

Já no atual milênio, clube, cidade, país e mundo se encontram em uma mesma situação. Na ânsia de se preservar contra uma pandemia e, ao mesmo tempo, encontrar soluções para que a vida volte ao normal enquanto a mesma é controlada. No futebol inglês, se encontrou uma data para o retorno: 17 de junho próximo.

Mas, entre as precauções da Premier League e dos clubes, há a chance de as equipes se encontrarem em campos neutros, para evitar viagens em excesso. Neste caso, cria-se a possibilidade de o Liverpool, clube inglês que mais venceu a Champions, conquistar seu título mais importante, em quase 30 anos, sem poder atuar em casa. Nem na cidade.

Faltando 9 pontos para se encontrar com o título antecipadamente, será a primeira vez que o Liverpool irá conquistar a Premier League, criada em 1992, como novo modelo do campeonato nacional. A atual competição foi interrompida em 13 de março último, na 29ª rodada, por causa da pandemia. O Liverpool acumula 27 vitórias, em 29 jogos e praticamente não tem encontrado adversários à altura.

Há torcedores, como Carlos Oynak, citado pelo Daily Mail, que se preparam há oito anos por esse momento. Proprietário do restaurante de fast-food de Georgie Porgy, na esquina da Walton Breck Road, comprou o local também para torná-lo um santuário de encontros para Liverpool, decorado com assentos do antigo estádio nas paredes e uma réplica do sonhado troféu da Premier.

O encontro com a frustração, neste sentido, será inevitável, segundo outro torcedor fervoroso do clube, o brasileiro André de Leones, 40 anos, escritor, autor do romance “Eufrates”, rio que, no encontro com o Tigre, formou civilizações na Mesopotâmia.Fechar anúncio

“Como torcedor, acho que ganhar a Premier League é muito mais importante do que o hexacampeonato da Liga dos Campeões. Guardiola, técnico do Manchester City, brincou em um evento no ano passado que, se fosse possível, ele e Klopp (técnico do Liverpool) ‘trocariam’ os títulos da temporada: Liverpool ficaria com a Premier League e o City, com a Liga dos Campeões. Acho que é bem por aí. São três décadas de espera”, afirma Leones, goiano que encontrou em São Paulo a metrópole que o acolheu.

Protocolos do título

Leones, no entanto, sabe que os protocolos de segurança contra a pandemia devem ser a prioridade. Nada de aglomerações, nem no estádio, nem nos locais públicos, nem em estabelecimentos. Para que a própria cidade possa, no futuro, continuar celebrando encontros.

“Acho que é uma situação muito complicada. Dadas as circunstâncias, com a pandemia e tudo o mais, creio que quaisquer medidas para assegurar o bem-estar de todos os envolvidos (jogadores, comissões técnicas, funcionários dos clubes, jornalistas) devem ser tomadas e respeitadas. Se isso significa jogar em campos neutros e evitar aglomerações, que seja. É incômodo, é triste, mas estamos enfrentando algo extremamente perigoso. Nesse contexto, o futebol deve se adequar a esse estado de coisas. Não há outra opção, infelizmente”, pondera, em encontro com uma realidade.

Parte dos torcedores argumenta que saberá se comportar, mantendo um distanciamento, caso tenha a permissão das autoridades para festejar nos pontos de encontro mais tradicionais da cidade.

A própria conquista, porém, já será motivo de orgulho, destaca Leones. Uma conquista que poderá se estender até encontrar realmente condições para uma comemoração mais efusiva.

“Acho que não haverá como celebrar isso neste semestre. Creio que o mais indicado seria adiar as comemorações públicas para o início da próxima temporada. Claro que as autoridades terão um trabalho enorme para assegurar isso, mas é o que deve ser feito. E, por conta de tudo isso, o clube terá um estímulo e tanto para repetir o feito, isto é, ganhar o título outra vez na próxima temporada, com a torcida presente”, observa, encontrando alguma esperança.

Quando a bola voltar a rolar, o futebol, e o Liverpool, ainda não estarão completos. Haverá a falta de encontro, com a torcida. Mas, para a equipe vermelha, assim como outras populares pelo mundo, como Corinthians, Flamengo, Boca, Real Madrid e Fenerbahçe, a paixão vai muito além da presença física. Encontra o clube nos melhores e nos piores momentos.

No caso do Liverpool, há até um lema, entoado das arquibancadas, mas que poderá ecoar de qualquer lugar. Das residências, de telões com distanciamento e dos poucos lugares reservados em bares. “You´ll never walk alone”. Mesmo longe de casa, mesmo com o estádio vazio, sempre se encontra um jeito.

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