Pandemia faz taxa de desemprego atingir o maior percentual em dois meses

Número de desempregados teve alta de 26% em sete semanas

Depois de um leve recuo que interrompeu quatro semanas seguidas de alta, o desemprego diante da pandemia do novo coronavírus voltou a crescer e fez a taxa de desemprego atingir o maior percentual em dois meses. É o que aponta o levantamento divulgado nesta sexta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o IBGE, 12.428 milhões de pessoas estavam desempregadas na quarta semana de junho, 675 mil a mais que na semana anterior. Já na comparação com a primeira semana de maio, o contingente de desempregados no país aumentou em cerca de 2,6 milhões de pessoas – uma alta de 26% no período em sete semanas.

A taxa de desemprego ficou ficou em 13,1%, a maior registrada desde o começo de maio, quando era de 10,5%.

“Em relação a primeira semana de maio, o movimento também é de queda na população ocupada, aumento da desocupada e consequentemente aumento da taxa de desocupação. A população desocupada e em busca de ocupação aumentou 26%, em relação à primeira semana de maio”, apontou a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.

A população ocupada passou de cerca de 84 milhões para 82,5 milhões – uma queda de cerca de 1,5 milhão em uma semana. Com isso, o nível de ocupação no país ficou em 48,5%, com queda tanto na comparação com a semana anterior (49,3%) quanto à primeira semana de maio (49,4%).

O IBGE destacou que, do total de trabalhadores ocupados, 8,6 milhões trabalharam de forma remota, o que representa 12,4% de trabalhadores não afastados do trabalho em virtude da pandemia. “Esse grupo segue estável desde a primeira semana de maio”, destacou o instituto.

O levantamento foi feito entre os dias 21 e 27 de junho por meio da Pnad Covid19, versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua realizada com apoio do Ministério da Saúde para identificar os impactos da pandemia no mercado de trabalho e para quantificar as pessoas com sintomas associados à síndrome gripal no Brasil.

Apesar de também avaliar o mercado de trabalho, a Pnad Covid19 não é comparável aos dados da Pnad Contínua, que é usada como indicador oficial do desemprego no país, devido às características metodológicas, que são distintas.

Na última divulgação, a Pnad Contínua mostrou que, entre abril e maio, cerca de 7,8 milhões de postos de trabalho foram fechados no Brasil, chegando 12,7 milhões o número de desempregados no país. Os dados de junho serão divulgados pelo IBGE no dia 27 de julho.

Sudeste e Nordeste lideram alta
Todas as cinco grandes regiões brasileiras registraram alta no número de desempregados, tanto em relação à semana anterior quanto à primeira semana de maio.

Em relação à semana anterior, a Região Norte foi a que apresentou a maior variação do número de desempregados – 27% em uma semana. O Sudeste teve a segunda maior variação (6%) nessa base de comparação, seguida por Nordeste e Sul, com alta de 3% em ambas. O Centro-Oeste teve a menor alta, de apenas 1%.

Já na comparação com a primeira semana de maio, Sudeste e Nordeste lideram a alta no número de desempregados – respectivamente, de 31% e 29% em sete semanas. No Centro-Oeste, a alta foi de 25% no mesmo período, enquanto no Sul houve alta de 17%. A Região Norte foi a que teve a menor variação, de 14%.

Informalidade estável
De acordo com o IBGE, 28,4 milhões de pessoas ocupadas trabalhavam na informalidade na quarta semana de junho, número que ficou estável na comparação com a semana anterior. Já quando comparado com a primeira semana de maio, esse contingente teve queda de 5% – eram 29,9 milhões de trabalhadores informais no começo do levantamento.

O IBGE considera como trabalhador informal aqueles empregados no setor privado sem carteira assinada, trabalhadores domésticos sem carteira, trabalhadores por conta própria sem CNPJ e empregadores sem CNPJ, além de pessoas que ajudam parentes.

Segundo o IBGE, é pela informalidade que o mercado de trabalho brasileiro tem se sustentado. Sem a criação de vagas de empregos formais, é por esta via que os brasileiros têm conseguido se manter ocupados.

A da taxa de informalidade passou de 33,9% para 34,5% entre a terceira e a quarta semana de junho, o que o IBGE considera como estabilidade do indicador. Já na comparação com a primeira semana de maio, o instituto aponta recuo da taxa (era de 35,7%).

Queda de 6 milhões do nº de afastados
A pesquisa mostrou, ainda, que cerca de 10,3 milhões de trabalhadores estavam afastados do trabalho na quarta semana de junho em decorrência do isolamento social. Na primeira semana de maio, esse contingente somava 16,6 milhões de trabalhadores – uma queda de 6 milhões em sete semanas.

A coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira, ponderou que essa redução não significa, necessariamente, que a flexibilização da quarentena em diversas cidades do país permitiu que os trabalhadores reassumissem seus postos de trabalho.

“Isso é resultado de pessoas que podem estar retornando ao trabalho, mas também devido a um possível desligamento dessas pessoas do trabalho que elas tinham”, analisa Maria Lúcia.

Pandemia faz 17,8 milhões deixarem de procurar trabalho
Ainda de acordo com o levantamento, cerca de 26,9 milhões de pessoas disseram que gostariam de trabalhar, contingente que ficou estável tanto em relação à semana anterior quanto à primeira semana de maio.

Dentre estes, cerca de 17,8 milhões disseram que não procuraram trabalho por causa da pandemia ou por não encontrarem uma ocupação na localidade em que moravam. Na comparação com a semana anterior, esse continente foi reduzido em 500 mil pessoas. Já na comparação com a primeira semana de maio, quando este grupo somava 19,1 milhões de pessoas, houve queda de aproximadamente 6%.

“A pandemia vem, cada vez mais, deixando de ser o principal motivo que as pessoas alegam para não ter procurado trabalho”, avaliou a gerente da pesquisa.

Do G1

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