Partes demonstraram estar longe de consenso quanto ao pagamento

Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas foi realizada nesta sexta-feira (22), em Baku, Azerbaijão © Fabíola Sinimbú/ABr

Uma segunda proposta para a Nova Meta Quantificada Global de Finanças (NCQG) foi apresentada durante a 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), realizada nesta sexta-feira (22), em Baku, Azerbaijão. O texto sugere um financiamento climático de US$ 250 bilhões anuais até 2035, mas enfrenta forte resistência por parte das delegações presentes, que continuam distantes de um consenso no último dia oficial do evento.

O documento estabelece que os países desenvolvidos liderem os esforços de financiamento climático para nações em desenvolvimento, utilizando uma gama diversificada de fontes, como recursos públicos, privados, bilaterais, multilaterais e alternativas. Além disso, propõe uma meta mais ampla de alcançar US$ 1,3 trilhão anuais até 2035.

Entidades brasileiras que acompanham as negociações criticaram a proposta, considerando-a insuficiente. A WWF Brasil, representada por Tatiana Oliveira, destacou a redução no número de decisões concretas no texto atual em comparação com a versão anterior. “O valor proposto é muito aquém das expectativas e representa um retrocesso nas negociações”, afirmou. A especialista também alertou para os riscos de a ampliação das fontes de financiamento reduzir a contribuição pública de países desenvolvidos, principais responsáveis pelas emissões históricas de gases de efeito estufa.

Outro ponto controverso é o incentivo para que países emergentes, como a China, contribuam com financiamento adicional, especialmente por meio da Cooperação Sul-Sul. Para Oliveira, essa abordagem pode enfraquecer o princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas, previsto no Acordo de Paris.

Já para Míriam Garcia, gerente de políticas climáticas do WRI Brasil, o texto é apenas um ponto de partida e requer ajustes significativos nas próximas horas de negociação. Ela aponta que o grupo G77+China busca um valor inicial de US$ 500 bilhões anuais, cifra que não foi incorporada na nova versão. Garcia também defende melhorias no detalhamento dos recursos destinados à adaptação e mitigação climática, incluindo a ampliação dos financiamentos concessionais.

Com o impasse, espera-se que, como em edições anteriores da COP, as negociações sejam prorrogadas para além do prazo oficial, na tentativa de alcançar um acordo consensual que atenda às expectativas das partes envolvidas.

  • Com Agência Brasil

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