Livro que conta história do tereré no MS deve ser lançado esse ano

Professor da UFGD está pesquisando desde a origem até a influência da bebida nos costumes

O autor do livro, professor Carlos Barros Gonçalves, da UFGD – Divulgação

Bebida mais popular de Mato Grosso do Sul, impossível não imaginar uma cuia de tereré em rodas de amigos ou nas conversas de familiares em todas as partes do Estado, seja urbana ou rural. Agora, a história do tereré vai virar livro pelas mãos do professor Carlos Barros Gonçalves, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), com financiamento do Fundo de Investimentos Culturais do Estado (FIC/MS).

O projeto “Tereré: patrimônio cultural de Mato Grosso do Sul” está em fase de conclusão e o livro a partir dele deve ser lançado ainda em 2022. O formato digital da obra, inclusive, ficará disponível para download gratuito.

Segundo o pesquisador, o livro vai falar em detalhes sobre o surgimento da bebida, sua importância para a história, cultura, economia e cotidiano sul-mato-grossense. “Esse estudo não pode ser desvinculado da história da antiga região Sul do Mato Grosso, hoje o estado de Mato Grosso do Sul, embora o consumo da bebida, ou algo próximo ao que hoje chamamos de tereré, seja bem mais antigo e remeta aos povos indígenas no continente, em especial os Guarani”, explica.

Para Carlos, o livro contribuirá para o campo da Educação e da Cultura, podendo ser utilizado em aulas de humanidades, bem como de educação patrimonial. Segundo ele, O MS é um estado com criação recente e há muita coisa para ser estudada, divulgada, ensinada, aprendida sobre as culturas, pessoas, patrimônios e tudo o que pode marcar uma possível identidade ou jeito de ser do sul-mato-grossense.

Patrimônio de Todos

Para o projeto, o professor Carlos Barros tem buscado informações além do senso comum que aponta a origem para o Paraguai, onde a bebida, de fato, é consumida em larga escala em todo o país. “É comum falarmos que o tereré é de origem paraguaia, mas, o mais correto mesmo é falarmos que trata-se de uma bebida de origem guarani, de origem indígena, que precede a formação do que hoje é o Paraguai. Os Guaranis ocupavam uma vastíssima região que englobava não apenas o atual território paraguaio, mas parte do Brasil, da Bolívia e da Argentina”.

No estudo, porém, Carlos reconhece a importância história do país vizinha no processo de massificação do consumo do tereré, inclusive do Mato Grosso do Sul. Em 2011, o Paraguai declarou o tereré uma bebida nacional e patrimônio cultural, instituindo o último sábado do mês de fevereiro como o Dia Nacional do Tereré. Já em 2020 a Unesco reconheceu o modo de fazer do tereré paraguaio como patrimônio imaterial da humanidade. “Obviamente não se pode negar que o tereré tem maior importância cultural no país vizinho como um todo”, diz.

Também em 2011, pouco depois da declaração paraguaia, o tereré foi registrado como patrimônio imaterial do Mato Grosso do Sul, contudo os estudos para esse fim tiveram origem em Ponta Porã, por meio da Secretaria de Turismo, em 2008. Para o professor, esse caminho é natural pelo dinamismo que envolve os bens culturais, como festas, comidas, bebidas e odos de fazer. “Esses processos mudam com o tempo, adquirem novos sentidos, importância histórica e, sobretudo, não conhecem fronteiras”, conclui.

O projeto “Tereré: patrimônio cultural de Mato Grosso do Sul” está em fase de conclusão e o livro a partir dele deve ser lançado ainda em 2022 – Divulgação

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