Em “Fernão e a Epopeia da Coluna dos Pretos”, Edison Reis homenageia a espiritualidade e a força dos heróis esquecidos pela história brasileira

No agreste mineiro, entre serras e rios, Fernão, um ex-escravo forjado pela dor e pela coragem, tenta reconstruir a vida após uma trajetória de fugas e conflitos. No entanto, forças espirituais o chamam de volta para ativa quando o escolhem para liderar a Coluna dos Pretos, um grupo de descendentes de africanos guiados pelos orixás rumo à Guerra do Paraguai. Na fantasia histórica Fernão e a Epopeia da Coluna dos Pretos, de Edison Reis, o herói descobrirá que lutar não é apenas sobre vencer o inimigo. É sobre restaurar a honra de uma nação.
A trama inicia com o general Francisco Solano López, que, dominado por um ideal messiânico e inspirado em Napoleão Bonaparte, convoca seus mariscais para planejar a criação do Gran Paraguai e invadir o Brasil. Sua ambição, porém, é alimentada por uma influência invisível: Exu, o orixá das encruzilhadas, que o manipula como parte de um jogo cósmico para despertar Ogum, o deus da guerra, exilado há milênios.
Em paralelo, Dom Pedro II cria os Voluntários da Pátria, no qual milhares de negros são levados à Guerra do Paraguai, incluindo os Zuavos da Bahia, mestres do facão e da capoeira. Exu, por sua vez, convoca o quilombola Fernão a assumir o papel de “cavalo de Ogum”, ou seja, o escolhido para lutar pela libertação e dignidade de seu povo. Assim, o orixá age como estrategista e mensageiro, movimentando os dois mundos — humano e divino — para que a guerra culmine em justiça e o fim da escravidão.
Para Exu, Fernão não era apenas um peão no jogo que desenhava: era especial. Uma peça nobre, ele era destinado a um lugar de destaque. Suas habilidades foram notadas ao longo dos anos, e seus feitos eram únicos e de grande valor para Exu. (Fernão e a Epopeia da Coluna dos Pretos, p. 34)
Com riqueza simbólica e histórica, Edison Reis destaca a contribuição esquecida dos afrodescendentes na Guerra do Paraguai, conferindo-lhes um protagonismo heroico e necessário, entrelaçado com a cultura dos orixás, a capoeira e a oralidade ancestral. O autor resgata ainda a força das mulheres, representadas por Zabelê e Justina, que carregam consigo a espiritualidade e a resiliência necessárias para manter as comunidades unidas em tempos de ausência e sofrimento.
Entre os canhões da guerra e o tambor da ancestralidade, a obra não apenas revisita os horrores da guerra, mas também homenageia a espiritualidade e a força de um povo que moldou a história do Brasil com sangue, suor e fé. “O narrador não é um observador branco posterior, mas um protagonista que forja as próprias armas, carrega mito nos ombros e enfrenta ao mesmo tempo trincheiras e a ferrugem do racismo nas fileiras aliadas”, conclui o autor.
Ficha técnica
Título: Fernão e a Epopeia da Coluna dos Pretos
Autor: Edison Reis
Editora: Alma
ISBN: 978-65-83419-11-8
Páginas: 532
Preço: R$120,00
Onde encontrar: Clube de Autores
Sobre o autor: Edison Reis é biólogo com ampla experiência como pesquisador e especialista em desenvolvimento de dispositivos médicos. Com sólida atuação na área da inovação em saúde, ele se dedica à pesquisa clínica e à tradução do conhecimento científico em soluções que impactam vidas. Além da ciência, também percorre caminhos da palavra escrita como ferramenta de transformação e autoconhecimento. Edison une a precisão da pesquisa com a sensibilidade da escuta humana, trazendo uma abordagem única. Fernão e a Epopeia da Coluna dos Pretos marca sua estreia na literatura. Um segundo livro já está em desenvolvimento, chamado A República de Minas Gerais.
Redes sociais do autor:
- Instagram: @edisonreisoficial
- Facebook: Edison Reis



















