Parte das instituições de ensino brasileiras selecionadas para oferecer o Novo Ensino Médio em 2019, a Escola do Sesi de Campo Grande sediou, nesta terça-feira (29/01), capacitação oferecida pela Somos Educação. As equipes pedagógicas do Sesi e Senai receberam o treinamento e, como o novo modelo prevê o ensino básico articulado com o ensino técnico, alinharam o planejamento das aulas para os alunos do 1º ano que se matricularam na turma do Novo Ensino Médio.
Segundo a gerente de educação do Sistema Fiems, Simone Cruz, a matriz curricular integrada exige, mais do que nunca, um estreitamento entre as áreas de educação das instituições. “A integração do currículo da educação básica com o da educação técnica foi elaborada conjuntamente por profissionais do Sesi e Senai, e os conteúdos básicos que fazem parte da formação do aluno são vistos de uma forma diferenciada e otimizada em relação a um currículo tradicional. E essa mudança de mindset exige uma preparação dos alunos, dos pais e, especialmente, dos professores, que é o que estamos fazendo hoje”, explicou.
A assessora pedagógica da Somos, Denise Di Giovanni, acrescenta que a dinâmica diferenciada que o Novo Ensino Médio traz para a sala de aula demanda que o professor esteja preparado. “A nossa preocupação é a percepção dos professores do que é novo. O novo é que não haverá aulas por disciplinas, e isso precisa ser amadurecido e internalizado pelo professor, que terá de entender que não é mais professor de Filosofia, de Física, mas de Ciências da Natureza”, afirmou.
“É o professor trabalhando o protagonismo do aluno, sendo um mediador, provocador, corrigindo os rumos e atuando como maestro”, resumiu a assessora da Somos, que fornece o material didático e soluções educacionais para a rede de ensino do Sesi. A analista de gestão do Senai, Maise Sá Giacomeli, comenta que o momento é de ampliar a apropriação do novo modelo de aprendizagem que, aos poucos, será implantado em toda as escolas do país.
“Estamos em um processo de muito planejamento, estudo e apropriação desta nova dinâmica, avaliando como as metodologias serão aplicadas, como o docente do Senai estará integrado ao docente do Sesi, porque é uma nova visão para o aluno, para o pai, e para o professor”, esclareceu Maise Giacomeli.
O diretor da Escola do Sesi de Campo Grande, Murilo de Oliveira Júnior, considera que o professor teve de começar a “pensar fora da caixa” quando se deparou com o modelo de educação proposto no Novo Ensino Médio. “A concepção do Novo Ensino tira o docente daquelas ‘caixinhas’ das disciplinas e o faz trabalhar com áreas mais amplas de conhecimento, sem perder o toque da ciência”, analisou.
“Pela primeira vez, professores do Sesi e instrutores do Senai passarão a ter reuniões semanais de planejamento das aulas. Serão todos sentados à mesa para integrar conteúdos e um mesmo tema ser estudado em diferentes áreas do conhecimento, um planejamento integrado para entregar ao aluno um ensino com ainda mais qualidade”, pontuou.
Coordenador do Novo Ensino Médio da Escola do Sesi de Campo Grande, Marcel Giordano Jeffery conclui que, com a capacitação, ficará mais fácil para os professores colocar em prática os conceitos do Novo Ensino Médio. “O Sesi já vem trabalhando para que o professor tenha esse novo olhar para a educação, então estamos introduzindo esta dinâmica do Novo Ensino Médio para que eles possam colocar ampliar essa prática em sala de aula, e quebrem esse paradigma do modelo tradicional”, finalizou.
Como funciona?
O novo Ensino Médio faz parte da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que será implantada pelo MEC em todo o país de forma gradual, até 2022, quando a totalidade os estabelecimentos de ensino estarão contemplados. O tempo mínimo do estudante na escola, que é de 800 horas, passa a ser de 1.000 horas, podendo chegar a 1.800.
Parte deste tempo será destinado aos chamados itinerários formativos, o conjunto de disciplinas, projetos, oficinas, núcleos de estudo, entre outros, criados de maneira a aproximar as escolas à realidade dos estudantes de hoje, já que os alunos podem escolher como elaborar este itinerário e quais conhecimentos pretendem aprofundar.
Nesta modalidade de ensino, os alunos terão a chance de, em um período, aprender os conhecimentos essenciais da educação básica, por área de conhecimento: Matemática, Linguagens (Português, técnicas de redação, gramática, inglês, arte, educação física), Ciências Humanas (Sociologia, Filosofia, Empreendedorismo, História e Geografia), Ciências Naturais (Biologia, Química e Física), além de fazer um curso na área de Tecnologia da Informação: Técnico em Redes de Computadores.
No 1º ano, o Senai vai oferecer para o aluno, no contraturno, a disciplina “Mundo do Trabalho” e, duas vezes por semana, o aproximará de temas para desenvolvimento de habilidades e competências profissionais. A partir do 2º ano, o Senai oferta o curso técnico em redes de computadores em parceria com a CISCO que, além do material didático, disponibiliza toda a estrutura do laboratório de redes e certifica os alunos, após uma avaliação que atesta se eles estão preparados, ou não, para atuar no mercado de trabalho.
