Em novo áudio recuperado pela PF, Joesley Batista diz que é integrante de organização criminosa

Dono da JBS usa a expressão ‘batom na cueca’ ao dizer que delação premiada é o melhor jeito de escapar da cadeia

Novos áudios relevam o dono JBS, Joesley Batista, afirmando que é integrante de uma organização criminosa. O material sugere que o empresário havia acabado de se reunir com a Procuradoria-Geral da República sobre os acordos de delação premiada.

O conteúdo foi recuperado pela Polícia Federal dos gravadores entregues pelos delatores e divulgado pela revista Veja.

Em um dos trechos, Joesley diz que soube pelo ex-ministro da justiça, José Eduardo Cardoso, da criação da lei de organizações criminosas. Sancionada em 2013, ela trouxe um conceito novo sobre o crime organizado no Brasil e regulamentou métodos de investigação, como a colaboração premiada.

Joesley, então, conclui: “eu sou criminoso. Eu faço parte de várias organizações criminosas, porque o que diz lá? Junta quatro pessoas que cometem um ilícito”.

Em outra gravação, o dono da JBS defende a delação como alternativa para escapar da Justiça. “Se você tem um problema e se o problema é, como se diz, batom na cueca… Ô, meu, corre lá e faz a p…. dessa delação”.

Em outro ponto, o empresário se mostra preocupado e fala que as delações poderão atingir o Judiciário no futuro. “Começou os operadores a fazer delação, depois os empresários, agora os políticos. Depois dos políticos, não sei quem vai delatar. Vai ser o Judiciário”.

Conversa com advogada

O conteúdo divulgado nesta sexta-feira (29) revela ainda novas conversas entre Joesley e o executivo da JBS Ricardo Saud, também delator. Um dos áudios é de um diálogo com advogados da empresa que teria sido registrado logo após a assinatura do acordo de colaboração com a PGR.

“Agora eu vou para Nova York; vou amanhecer em Nova York. Eu vou ficar aqui, Fernanda [advogada], você tá louca? Soltar uma bomba dessas e ficar aqui fazendo o quê?”

A advogada, então, responde: “para eles, é bom que você se ‘empirulite’ do Brasil. Se for para dar imunidade, que seja fora para ninguém ver a sua cara, ninguém lembrar que você existe”.

A bomba a que Joesley se refere é a gravação da conversa com o presidente Michel Temer (PMDB) no Palácio do Jaburu em que o empresário sugere que mantinha pagamentos ao doleiro Lúcio Funaro, apontado como operador de propinas do PMDB e também ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.

No novo áudio, ele reafirma que pagava ao doleiro: “o que isso vai provocar, além de tudo? Uma: quem gravou, né? Não é que foi o garçom que gravou. Foi o maior empresário brasileiro. Foi lá 11 horas da noite e tal. Mas segundo, que é o seguinte: quando isso explodir, vai quebrar a aliança Eduardo Cunha e Lúcio. Vamos parar de pagar o Lúcio.”

Lúcio Funaro depois fecharia o acordo de delação, que baseia a segunda denúncia do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot contra Temer.

Para Joesley e seus interlocutores, Janot tinha total interesse em prejudicar o PMDB e controlar a presidente da republica. “Para mim, Janot quer ou ser presidente da República ou indicar quem vai ser”.

Áudios omitidos

Os novos áudios estão entre os materiais que os delatores haviam omitido do Ministério Público e que levaram à rescisão do acordo e à prisão de Joesley e Saud.

Joesley e seu irmão, Wesley Batista, ainda tiveram outro pedido de prisão preventiva decretado por suspeita de crime financeiro, por terem usado informações privilegiadas para lucrar com a venda e compra de ações e dólares. Os dois estão presos na superintendência da PF em São Paulo.

O Conselho de Controle da Atividade Econômica, o COAF, identificou R$ 248 bilhões em movimentações suspeitas da holding J&F nos últimos catorze anos. São pagamentos injustificados, compras de joias e outras irregularidades que se comprovadas, se tornarão uma das maiores fraudes financeiras já registradas no mundo.

Da Band news

DEIXE UM COMENTÁRIO/RESPOSTA

Por favor, digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.