Disputa pelo comando de Câmara e Senado movimenta bastidores em Brasília

Os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre – Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

A disputa pelas presidências da Câmara dos Deputados e do Senado movimenta os bastidores de Brasília e tem potencial para afetar o governo, positiva ou negativamente, a depender da capacidade de articulação do presidente Jair Bolsonaro.

Na Câmara, dois aliados do governo podem se enfrentar na disputa: Arthur Lira (Progressista-AL) e o ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD-RN), atualmente licenciado do mandato de deputado. Se confirmada, a disputa provocaria uma divisão na base governista. No Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), visto como um aliado, pode ser sucedido por alguém mais independente ou até mesmo contrário ao governo.

A definição só se dará daqui a seis meses, em 31 de janeiro de 2021. E ainda há uma eleição municipal no meio do caminho. Mas as articulações já começaram, ainda que sem um quadro definido.

Além da força política, os presidentes da Câmara e do Senado comandarão orçamentos robustos: o do Senado é de R$ 4,5 bilhões, e o da Câmara, R$ 6,2 bilhões.

Alcolumbre e Maia
Atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) ainda espera uma possibilidade de disputar novo mandato, o que só poderia acontecer com uma mudança na Constituição ou parecer favorável do Supremo Tribunal Federal (STF).

Na Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) está convencido de que o período à frente da Casa encerra um ciclo ao fim de janeiro do ano que vem. O deputado assumiu o comando da Casa em julho de 2016.

Mas nada a ver com a distribuição de anéis banhados a ouro e prata produzidos por encomenda do deputado Capitão Augusto (PL-SP) para distribuir a colegas.

As articulações são bem mais sofisticadas, envolvem lances inesperados, como a visita de Rodrigo Maia ao ministro da Economia, Paulo Guedes, com promessas de convergência em temas sobre os quais até agora prevaleceram as divergências (como a reforma tributária).

Pacificação do DEM
Uma das primeiras etapas em andamento é a pacificação do DEM, partido ao qual Maia e Alcolumbre são filiados.

A legenda se fortaleceu muito no período de governo Bolsonaro porque conseguiu eleger os presidentes da Câmara e do Senado.

Mas, agora, Maia e Alcolumbre andam se estranhando. Rodrigo Maia vive às turras com o presidente da República e com Guedes. Alcolumbre é bem mais dócil. Por conta de sucessivas divergências, o presidente do partido, ACM Neto, organizou um jantar com os dois em busca da paz interna.

Neto busca tornar viável ao menos uma candidatura do partido, na Câmara ou no Senado, para que o partido não fique à margem a partir do próximo ano.

Movimentos
No momento em que Rodrigo Maia alimentava a convicção de que não poderia abrir a discussão sobre sua sucessão, o deputado Arthur Lira comandou um processo de aproximação com o governo Bolsonaro e, com isso, fincou a candidatura à presidência da Câmara.

Lira tem recolhido benesses (cargos e emendas) para deputados dos partidos do “Centrão” e, com isso, consolidado a candidatura à sucessão de Maia.

Rodrigo Maia, porém, não gostou nada disso e agora se movimenta. Já que não poderá ser candidato à nova reeleição, quer fazer de um aliado o seu sucessor.

Os últimos movimentos indicam que este nome pode ser o do ministro das Comunicações, Fábio Faria. Com mandato discreto até aqui, Faria se tornou um hábil articulador da aproximação de Maia com Guedes. E já é apontado por alguns como o nome de Rodrigo Maia para enfrentar Arthur Lira – de quem se afastou quando considerou uma movimentação precoce do líder do PP.

O governo
O que todos concordam até aqui é que o governo pode não fazer o presidente da Câmara de seu desejo, mas pode atrapalhar aquele que não quer.

Também há a concordância de que Maia terá papel fundamental na disputa. Quem quiser ocupar a vaga, deverá ter apoio do governo e de Maia. Além de Fábio Faria e Arthur Lira, o DEM poderia tentar construir uma candidatura como a de Elmar Nascimento (BA), que já acreditou mais na possibilidade de seu nome e continua se movimentando.

Mas, se ele se viabilizar, o DEM vai levar a candidatura com força. Há, ainda, dois nomes aguardando os próximos lances: Aguinaldo Ribeiro (Progressista-PB), que fica sem capacidade de se movimentar já que o partido está com Arthur Lira, e também Baleia Rossi (MDB).

Senado
No Senado, tudo é bem diferente. Alcolumbre é visto por todos como candidato à reeleição, o que inibe o lançamento de outras candidaturas no mesmo campo político.

O MDB, partido majoritário na Casa e que foi derrotado com Renan Calheiros no ano passado, tem vários pré-candidatos, como Eduardo Braga, líder da bancada; Eduardo Gomes, líder do governo; e a senadora Simone Tebet, presidente da Comissão de Constituição e Justiça.

Todos olham o cenário, mas evitam movimentos explícitos. Se Alcolumbre não viabilizar a candidatura, o DEM tem outro nome: o do senador Rodrigo Pacheco (MG).

Alguns senadores pensam em lançar a candidatura de Antonio Anastasia (PSD-MG), mas ele resiste.

Do G1

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