Diretora do ISI Biomassa encerra 8º Encontro de Química Verde e destaca novos projetos

Diretora Carolina Andrade agradeceu a participação de todos e destacou a oportunidade de novos projetos – Divulgação

Ao encerrar o 8º Encontro Nacional da Escola Brasileira de Química Verde, que começou na terça-feira (06/11) e terminou nesta quarta-feira (07/11), no ISI Biomassa (Instituto Senai de Inovação em Biomassa), em Três Lagoas (MS), a diretora Carolina Andrade agradeceu a participação de todos, promovendo discussões ricas e positivas, e destacou a oportunidade de novos projetos.

“Foi um evento bastante positivo. Conseguimos fazer uma mobilização tanto de pessoas da academia, especialistas da área, como também de empresas envolvidas nessas temáticas. As discussões promovidas ao longo das palestras foram bastante ricas e eu acho que isso vai abrir uma série de oportunidades até de novos projetos para o ISI Biomassa não só na liderança como também na parceria com esses grandes parceiros que estiveram aqui presentes”, afirmou Carolina Andrade.

Ela ainda reforçou a importância do ISI Biomassa sediar o evento, podendo expor a infraestrutura que o Senai está colocando à disposição das indústrias que pretendem fazer desenvolvimento seja na área de energia a partir de biomassa, seja na área de biotecnologia. “Os participantes desse evento são um público bastante técnico que consegue fazer uma avaliação da importância e da dimensão dos investimentos que foram feitos aqui nesse Instituto. Acho fundamental essa abertura de portas nesse sentido”, concluiu.

Mesa redonda

As discussões da mesa redonda “Sustentabilidade e Conservação do Meio Ambiente na Mineração” foram iniciadas pelo tecnologista sênior do Centro de Tecnologia Mineral-Cetem, Carlos Peiter, que destacou que como a mineração também lida com recursos naturais não renováveis, há uma questão mais difícil de ser trabalhada quando se fala em sustentabilidade.

“Acho que esse momento inclusive é uma ótima oportunidade para explorar um pouco as diferenças e pontos em comum entre mineração e biomassa aqui. Uma plantação industrial de eucalipto é muito menos agressiva do ponto de vista da sociedade do que um buraco numa mina. Então trabalhando esse exemplo do mais difícil pode ser uma contribuição para quem trabalha com biomassa”, salientou.

Na avaliação do pesquisador do ISI Tecnologias Minerais (Instituto Senai de Inovação em Tecnologias Minerais), Adriano Lucheta, a sustentabilidade do setor mineral é um assunto bastante complexo devido à mineração ser um setor primário, ou seja, que depende muito da extração. “Colocar os conceitos de economia circular dentro da mineração é complicado e vamos mostrar iniciativa do ISI Tecnologias Minerais a respeito do reaproveitamento dos minérios, aproveitamento para produção de outras substancias através dos rejeitos”, disse.

Ele reforçou que uma das iniciativas é a utilização de minérios marginais a partir de processos biológicos. “E também a recuperação de metais dissolvidos em drenagem ácida de mina, que é um problema ambiental. Então conseguimos fazer a recuperação desse metal e reutiliza-lo no segmento metalúrgico”, completou.

O empresário Almir Trindade, da Antares Reciclagem, empresa recicladora de ácido sulfúrico, apresentou um projeto que está em desenvolvimento e foi contemplado com o prêmio da Fundação Newton da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, para desenvolvimento no Brasil da primeira planta de reciclagem de chumbo por via hidrometalúrgica, ou seja, com base em água.

“Para fazer esse processo, o ingrediente mais importante é o ácido cítrico, que não temos nas condições necessárias para esse processo. Então nós vamos produzir esse ácido cítrico no Brasil e desenvolver esse projeto em parceria com o ISI Biomassa”, explicou.

Já o pesquisador da Vale, Fabricio Parreira, abordou como a química verde contribui para a sustentabilidade na mineração apresentando o projeto S11D da Vale no completo Elizer Batista, em Carajás, que é considerado um sucesso mundial por ser a maior unidade produtora de minério de ferro do mundo e que não usa água.

“É um processo limpo e a emissão de CO2 e gases de efeito estufa é baixíssimo. Devido à qualidade do minério de ferro, acabou se desenvolvendo uma tecnologia que não precisa de água, então com isso é possível economizar água e outros insumos que seriam utilizados no processo. É um exemplo de química verde porque economiza água, não usa reagentes químicos e emite menos gases porque não tem veículos a diesel”, afirmou.

Conferência

Para encerrar o encontro, o professor do curso de Nanotecnologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Pedro Romano, apresentou a conferência “Conversão catalítica de produtos derivados de biomassa assistida por micro-ondas”. “São produtos que são produzidos por rotas consolidadas já, mas no caso do funfural, que é um composto químico, o catalisador que se usa é de promito de cobre, que é um catalisador extremamente tóxico, então a ideia é mostrar que é possível utilizar catalisadores que não são tóxicos”, explicou.

Ele ainda completou que é possível fazer o mesmo processo sem utilizar metais nobres e que é possível trabalhar em condições de reação mais brandas, ou seja, temperaturas mais baixas e pressões mais baixas e obter rendimentos tão altos ou maiores do que aqueles que a gente obtém hoje em muitos processos industriais.

“Processo mais limpo tanto por conta do sistema catalítico, que não é tóxico, quanto por conta das condições reacionais. Em outro caso, além da questão de usar um solvente ambiente correto, estaremos fazendo duas reações que são sequenciais na indústria, que é fazer a hidrólise, produzir a glicose para depois hidrogenar a glicose em sorbitol. Então vou mostrar que conseguimos fazer essas reações numa única etapa, economizando energia”, finalizou Pedro Romano.

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