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Cultivo e comercialização da mandioca são temas de seminário na Agrobrasília

A programação da Agrobrasília 2017, feira realizada no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, no PAD-DF, entre os dias 16 e 20 de maio, contou com uma manhã dedicada às discussões sobre o cultivo e a comercialização da mandioca. Na quinta-feira (18), foi promovido o Seminário A Mandioca de Mesa no Distrito Federal: variedades, irrigação e comercialização. O evento foi realizado no auditório instalado no Espaço de Valorização da Agricultura Familiar, organizado pela Emater-DF, e na vitrine de tecnologias da Embrapa, e teve a participação do diretor-executivo de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa, Ladislau Martin Neto.

Coube ao gerente do escritório de comercialização da Emater-DF, Blaiton Carvalho, tratar do tema comercialização de mandioca de mesa no DF. Segundo ele, há disponível muita informação na área de produção de mandioca, mas pouca na de comercialização. “Por ser uma cultura que todo mundo conhece ela acaba marginalizada na hora da comercialização”, pontuou. Ele deu dicas aos produtores a respeito dos passos que devem ser seguidos para que se promova uma boa comercialização. “O mais importante não é simplesmente vender, mas vender sempre. Para isso, o produto tem que atender as necessidades do comprador e da sociedade, que estão em constante mudança”, alertou.

De acordo com um levantamento da Emater-DF, existem no DF cerca de mil agricultores que plantam mandioca em suas propriedades, ocupando aproximadamente mil hectares. No entanto, apenas o corresponde a 52 hectares de mandioca comercializada na Ceasa-DF são provenientes do DF. “80% da mandioca vendida na Ceasa vem de Goiás. Para onde essa produção do Distrito Federal está indo não sabemos ainda”. Segundo ele, o maior volume de comercialização de mandioca na Ceasa é registrado entre os meses de maio a setembro, sendo que o preço médio da caixa é de R$ 30.

O gerente da Emater disse ainda que existem no DF cinco indústrias legalizadas de mandioca que processam 500 caixas do produto por semana, a maior parte também de Goiás. “Três agroindústrias sozinhas consomem quase 100 hectares de mandioca de Goiás”. Ele citou exemplos, no entanto, de produtores do DF de massa de mandioca que abastecem dezenas de lojas de bolos e rede de padarias, mas que não aparecem em nenhum levantamento. “Sabemos de um caso de um agricultor que comercializa em média mil e trezentos quilos de massa por semana, atende uma rede de lojas de bolo que tem 15 pontos de comercialização, além de outra rede de padaria. Mas, para o comércio, ele não existe, é informal”, destacou.

E essa informalidade acaba prejudicando muito a participação dos produtores nos programas governamentais de compra de alimentos, como o Programa Nacional de Aquisição de Alimentos (PAA), Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa de Aquisição da Produção da Agricultura (Papa-DF). “Hoje o DF não possui nenhuma agroindústria de farinha legalizada, por exemplo. Assim todas as demandas que surgem de compras institucionais são atendidas por produtores de Goiás”, afirmou.

Variedades e irrigação – na vitrine da Embrapa, os agricultores que participaram do Seminário puderam conhecer as últimas variedades de mandioca de mesa lançadas pela Empresa. Elas foram apresentadas pelo pesquisador da Embrapa Cerrados, Eduardo Alano, que repassou as principais características de cada uma delas. Ele enfatizou a necessidade de que a sociedade passe a conhecer especialmente as variedades rosadas para que, assim, possam gerar demanda e estimular que mandiocultores invistam nela. “Temos que conquistar esse mercado. São variedades ricas em nutrientes. A coloração diferenciada está relacionada à presença de uma quantidade maior de carotenoides nas raízes, como o licopeno, que apresenta importantes propriedades antioxidantes”, informou.

Para estimular o cultivo dessa variedade rosada e das outras lançadas pela Embrapa, foram distribuídas amostras promocionais das ramas aos agricultores presentes. Os participantes do Seminário também tiveram a oportunidade de provar produtos feitos à base de mandioca, como bolos, caldos, mini pizzas, pães, mandiocas chips, dentre outros. A organização da degustação ficou a cargo do Centro de Capacitação Tecnológica e Desenvolvimento Rural (Centrer) da Emater-DF.

O Seminário foi encerrado com a apresentação do pesquisador da Embrapa Cerrados, Jorge Antonini, que repassou informações relacionadas às pesquisas sobre manejo da irrigação no cultivo da mandioca. Nesse caso, o manejo correto significa irrigar no momento certo e na quantidade adequada para que, dessa forma, não se gaste energia nem água em excesso.  “Temos discutido, também, o melhor método de irrigação para a mandioca, se por aspersão ou gotejamento. Tanto um quanto o outro distribuem a quantidade de água que a planta necessita e podem fazer um bom manejo, no entanto, a irrigação por aspersão nos ajuda a controlar determinados tipos de pragas na mandioca”, afirmou o especialista.

Antonini destacou, na ocasião, as vantagens de se irrigar a mandioca, iniciativa muito questionada por alguns produtores. Ele esclareceu que os ganhos estão relacionados especialmente com a antecipação da época de plantio, prolongamento do ciclo da cultura e, também, aumento de produtividade. “Em experimentos, registramos um aumento de 50% da produtividade das parcelas irrigadas em comparação com as não irrigadas, plantadas no mesmo dia e sob as mesmas condições. São, de fato, altamente significativos os benefícios de se irrigar a mandioca”, afirmou.

Ele pontuou, no entanto, que existe todo um manejo que precisa ser seguido para que a irrigação seja feita de forma adequada e, assim o produtor consiga uma produção acima da obtida em situação de sequeiro. As pesquisas relacionadas ao manejo da irrigação da mandioca foram iniciadas em 2015 e, de acordo com Antonini, as características da cultura em relação à irrigação estão começando a ser definidas. Os resultados já obtidos ainda não são considerados consistentes, mas o pesquisador afirmou que utilizando o bom senso já é possível repassar algumas definições, esclarecendo sempre que ainda não são resultados totais de pesquisa.

Parcerias – a Embrapa Cerrados e a Fundação Banco do Brasil renovaram durante o seminário a parceria entre as duas instituições, iniciada em 2005, com a assinatura de um convênio relacionado ao projeto de reaplicação da metodologia participativa com cultivares de mandioca de mesa biofortificadas e aplicação de tecnologias de produção, pós colheita e irrigação. “A gente tem muita satisfação de fazer parte de um projeto como esse, pois a mandioca é um produto extremamente social, é a base da alimentação de muitas famílias e está de norte a sul do país. É fundamental para nossa instituição apoiar iniciativas dessa natureza”, afirmou o gerente de Assessoramento Técnico da Fundação Banco do Brasil, Edson Anelli.

A Embrapa e a Emater-DF também assinaram o plano anual de trabalho da cultura da mandioca vinculado no acordo de cooperação técnica vigente entre as duas instituições. O documento estabelece as ações conjuntas referentes à transferência de tecnologia e extensão rural com foco no desenvolvimento da cadeia produtiva da mandioca. “Esse instrumento que assinamos aqui hoje é importante porque formaliza as ações já realizadas entre a Emater e a Embrapa. Fortalece nosso vínculo e torna as atividades mais institucionais, já que pessoas vêm e vão. Temos que garantir que o trabalho continue independente de quem esteja conduzindo”, ressaltou o diretor-executivo da Emater-DF, Rodrigo Batista.

Segundo o chefe-geral da Embrapa Cerrados, Claudio Karia, pesquisas com a mandioca são realizadas na Unidade da Embrapa localizada em Planaltina-DF há muitos anos. “E sempre contamos com a parceria forte da Emater nesse trabalho”, afirmou. Para Karia, o desafio agora é fazer com que as variedades de mandioca lançadas em 2015, mais produtivas e nutritivas, cheguem cada vez mais à mesa do consumidor. Além de três cultivares de mandioca de mesa de coloração da polpa da raiz amarela (BRS 396, BRS 397 e BRS 399), também foram lançadas uma cultivar com a coloração da polpa da raiz creme (BRS 398) e duas de coloração rosada (BRS 400 e BRS 401). “Estamos buscando não somente produtividade, mas também um produto de maior valor nutricional”, enfatizou Karia.

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