Documentos publicados neste final de semana trazem alerta quanto à escassez de medicamentos sedativos e anestésicos para entubação de pacientes mais graves. E advertem para possíveis aplicação de multas e fechamento de estabelecimentos que não cumprem regras sanitárias
Em recentes notas endereçadas às populações de Três Lagoas e Paranaíba, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Estadual e o Ministério Público Federal reforçam a adesão ao distanciamento social como instrumento mais efetivo para evitar a instabilidade nos sistemas de saúde daqueles municípios, além de retrocesso nos avanços até então auferidos.
De acordo com um dos documentos, a situação do Município de Três Lagoas ainda é estável justamente porque o Poder Público, os empresários, os comerciantes, os trabalhadores, as entidades religiosas e a maioria da população adotaram medidas de distanciamento social, de higiene pessoal e de uso obrigatório de máscara. No entanto, a evidente aceleração dos casos de Covid-19 em Mato Grosso do Sul, especialmente nas regiões de Dourados e Campo Grande, bem como a reabertura do estado vizinho São Paulo, onde é alta a incidência da doença, reclamam cuidados redobrados e estrito respeito às regras dos decretos locais.
A nota recomenda, mais uma vez, o uso de máscaras nas ruas e ambientes externos de Três Lagoas, que tenham fluxo de pessoas, ainda que as legislações determinem a obrigatoriedade do equipamento apenas dentro de estabelecimentos públicos e privados. Com isso, as instituições consideram que será possível reprimir o aumento no número de casos e a consequente imposição de medidas mais drásticas, que podem prejudicar muitas empresas e pessoas. O documento também chama atenção para a escassez de medicamentos sedativos e anestésicos para entubação de pacientes mais graves, bem como de um programa de testagem da população em geral, para isolar imediatamente os contaminados, especialmente os assintomáticos.
A primeira nota conjunta dirigida à população de Três Lagoas foi elaborada no dia 3 de maio deste ano e demonstrava evidente preocupação com o déficit de leitos e respiradores no sistema de saúde local. O sinal vermelho foi acompanhado de uma radiografia das estruturas disponibilizadas à época pelo Poder Público para atender à microrregião que abrange outros municípios além de Três Lagoas.
Paranaíba
O Município de Paranaíba, conforme a segunda nota, encontra-se em condição mais debilitada, devido ao crescimento exponencial nos últimos dias do número de casos de contaminação pelo novo coronavírus e pelo fato de a estabilidade não ter sido atingida. A permanência das medidas de higiene pessoal, distanciamento social e uso obrigatório da máscara mesmo fora de estabelecimentos públicos e privados figura entre as orientações apresentadas à população da cidade distante pouco mais de 400 km da capital Campo Grande.
Em outro trecho, as três instituições públicas advertem que as equipes de fiscalização continuam nas ruas e podem multar ou até fechar estabelecimentos que não cumprem as regras dos decretos municipais, bem como autuar pelo crime do artigo 268, do Código Penal, as pessoas que insistem em fazer aglomerações. Esportes coletivos e qualquer tipo de festa que cause aglomeração continuam proibidos.
De acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde, Três Lagoas registra 215 casos confirmados de Covid-19 e cinco óbitos pela doença. Já em Paranaíba foram contabilizados 116 diagnósticos positivos e duas mortes. O Estado de Mato Grosso do Sul tem 5.391 casos confirmados e 47 óbitos.
