
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 15% ao ano. A decisão, já esperada pelo mercado financeiro, reflete o recuo da inflação e a desaceleração da economia, mas também demonstra a cautela da autoridade monetária diante de um cenário ainda incerto, tanto no Brasil quanto no exterior.
Em comunicado oficial, o Banco Central destacou que a conjuntura internacional, especialmente a política econômica dos Estados Unidos, continua gerando incertezas e afetando as condições financeiras globais. No Brasil, embora a atividade econômica esteja em desaceleração, a inflação permanece acima da meta estabelecida, o que exige a manutenção dos juros em patamar elevado por mais tempo. O Copom sinalizou que poderá voltar a elevar a taxa caso julgue necessário.
Essa foi a terceira reunião consecutiva em que a Selic foi mantida no nível atual, o maior desde julho de 2006. Após atingir 10,5% ao ano em maio de 2024, os juros começaram a subir em setembro do mesmo ano, chegando aos atuais 15% em julho de 2025. A estratégia visa conter a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que acumula alta de 5,17% em 12 meses até setembro — acima do teto da meta contínua, de 4,5%.
Apesar da aceleração do IPCA em setembro, impulsionada pela alta da energia elétrica, o IPCA-15 de outubro — uma prévia da inflação — mostrou desaceleração, puxada pela queda nos preços dos alimentos pelo quinto mês consecutivo. No novo regime de metas contínuas, a inflação é avaliada mês a mês com base nos 12 meses acumulados, e não apenas no fechamento do ano. A meta central é de 3%, com tolerância entre 1,5% e 4,5%.
O Relatório de Política Monetária do BC, divulgado em setembro, reduziu a projeção oficial do IPCA para 2025 de 5% para 4,8%. No entanto, a previsão pode ser revisada em dezembro, conforme o comportamento do câmbio e dos preços. Já o boletim Focus, que reúne as expectativas do mercado, aponta inflação de 4,55% para o fim de 2025, em linha com a meta, mas ainda acima do limite superior.
Com os juros em alta, o crédito se torna mais caro, o que reduz o consumo e a produção, contribuindo para controlar a inflação. Em contrapartida, esse movimento prejudica o crescimento econômico. O BC revisou para baixo a previsão de crescimento do PIB em 2025, de 2,1% para 2%, enquanto o mercado estima uma leve alta de 2,16%, segundo o Focus.
A Selic é referência para todas as demais taxas da economia e é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia. Quando elevada, tende a conter a demanda e estimular a poupança. Para que haja uma redução segura dos juros, o BC precisa ter confiança de que a inflação está controlada e não representa risco no horizonte relevante.
A próxima reunião do Copom está prevista para dezembro, quando também será divulgado um novo Relatório de Política Monetária. Até lá, as projeções de inflação, o comportamento do dólar e os indicadores de atividade econômica seguirão determinando os rumos da política monetária brasileira.



