Contra desperdício do dinheiro público, governador conclui obras de outras gestões

Ex-governadores deixaram 215 construções inacabadas; Reinaldo Azambuja concluiu 208, uma delas foi a do Hospital do Trauma – Assessoria

“Elefante branco” é um termo usado para descrever toda obra pública que tenha demandado de grande investimento e que, por falta de planejamento ou por outro motivo, tenha se tornado um enorme problema, a ponto de não sair do papel ou de dificilmente ser concluída. Um grande exemplo desse desperdício do dinheiro público é o Aquário do Pantanal, uma gigantesca edificação oval que começou a ser erguida em 2011, já consumiu R$ 200 milhões e ainda não está pronta. Em Mato Grosso do Sul, o exemplo do Aquário se tornou exceção, graças ao esforço do governador Reinaldo Azambuja.

Ele criou um programa chamado Obra Inacabada Zero para concluir as 215 obras que estavam incompletas, herdadas de governos anteriores. Apesar da crise financeira brasileira, o esforço deu resultado: 208 foram concluídas e entregues à população. São pontes, rodovias, quartéis do Corpo de Bombeiro; ampliações e reformas de escolas, delegacia de polícia, bibliotecas, Centros de Educação Profissional, novos blocos da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), agências fazendárias e laboratórios científicos, entre várias outras edificações.

Apesar de entender que é melhor fazer hospitais e escolas do que aquários, o governador Reinaldo Azambuja propôs um acordo com Poder Judiciário, Ministério Público e Tribunal de Contas para terminar a construção da estrutura de 10 mil m² colocada no Parque das Nações Indígenas, na Avenida Afonso Pena. Para ele, obra inacabada é prejuízo para a população. O objetivo do acordo é simples: se respaldar contra possíveis irregularidades cometidas pela administração anterior e evitar que o Aquário fique ainda mais caro. O acordo não foi fechado até o momento e a construção ainda está paralisada.

Faraós

A obra faraônica foi investigada por suspeita de superfaturamento e fraudes pela Polícia Federal, Controladoria Geral da União e pelos Ministérios Públicos estadual e federal. A PF comprovou que houve má gestão e superfaturamento. O MP também encontrou indícios de superfaturamento e pediu a condenação de duas empresas e seis pessoas. Orçado inicialmente em R$ 84 milhões, o Aquário do Pantanal já consumiu duas vezes mais do que o seu valor original e se transformou em um monumento à falta de planejamento e mau uso do dinheiro público.

Enquanto isso, o dono do projeto, o ex-governador André Puccinelli, permanece atrás das grades por conta de desdobramentos da 5ª Fase da Operação Lama Asfáltica, que investiga desvio de recursos usados em obras públicas. Ele foi preso junto com seu filho, André Puccinelli Júnior, e com o advogado João Paulo Calves no dia 20 de julho, pela Polícia Federal.

História antiga

Algumas construções entregues por Reinaldo Azambuja começaram a ser erguidas há mais de duas décadas – quase o mesmo tempo de edificação da maior pirâmide do Egito, a de Quéops. Esse é o caso do Hospital do Trauma, que finalmente está pronto e aguarda apenas um aporte financeiro do Ministério da Saúde e a decisão da Associação Beneficente de Campo Grande, administradora da Santa Casa, para começar a operar.

Só a título de comparação: a Torre Eiffel, em Paris, com 10 mil toneladas e 300 metros de altura, levou só dois anos para ficar pronta. A construção do Cristo Redentor, cartão postal do Brasil, demorou 10. E a Estátua da Liberdade, presente da França para os EUA, foi construída em 20. O Hospital do Trauma demorou 21 anos e só foi concluído porque passou a integrar o programa Obra Inacabada Zero, do Governo Reinaldo Azambuja. Confira o gráfico.

Específico para atendimento de politraumatizados, o Hospital do Trauma foi construído em anexo à Santa Casa de Campo Grande para realizar atendimentos de média e alta complexidade em ortopedia, ajudando a desafogar o sistema de saúde na Capital. São mais de 6.600 m² de área construída, com 100 leitos de internação, 10 leitos de UTI, cinco salas cirúrgicas, duas salas para cirurgia de pequeno porte, uma sala de fisioterapia, uma sala de reabilitação, três salas de observação com 15 leitos, duas salas de raio x, uma sala de tomografia, duas salas de odontologia, três consultórios e uma sala de emergência.

A previsão é que a nova unidade de urgência e emergência realize anualmente 10 mil internações, nove mil cirurgias, 10 mil consultas, além de ampliar os serviços de diagnósticos clínicos e de imagens. A obra hospitalar foi retomada em 2016 em uma parceria do Governo Reinaldo com o Governo Federal e Prefeitura. O aporte foi de R$ 8,4 milhões – sendo R$ 1,6 milhão da administração estadual.

Novos caminhos

Mais obras do programa criado por Reinaldo Azambuja estão prestes a serem entregues. Uma delas é a chamada rodovia do Curê, o trecho da MS-178 que liga dois importantes destinos: Bonito e Jardim. Dos 17 quilômetros da rota que irá atrair mais turistas, falta concluir apenas 1,5 quilômetro e a ponte de concreto (em substituição à de madeira), que já está quase pronta.

Incluída no programa Obra Inacabada Zero, a pavimentação começa antes do aeroporto e segue até à transposição do rio da Prata. Os recursos de mais de R$ 20 milhões são do Ministério do Turismo. Todas essas são apenas algumas das construções iniciadas em administrações anteriores e que faziam de Mato Grosso do Sul um cemitério de obras inacabadas. Hoje, o cenário mudou. As obras só são iniciadas com dinheiro em caixa como garantia de que os investimentos serão concluídos.

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