Confiança no Grêmio, incômodo com Fla e projeto foram os motivos da renovação de Renato

Técnico não gostou de vazamento de informações no Rio de Janeiro, viu reafirmada boa relação com presidente Romildo Bolzan e tem promessa de time forte para disputas em 2019

A semana se desenhava rumo a um pesadelo para o torcedor gremista. A saída do principal ídolo e técnico parecia inevitável, a julgar pelo forte assédio do Flamengo. Um ano depois do Tri, o Grêmio reservou um presentão e fez o que não se esperava: anunciou a renovação de contrato de Renato Gaúcho por mais uma temporada. Os motivos para o treinador adiar o sonho de comandar o Rubro-Negro e alargar a realidade no Tricolor gaúcho vão desde um incômodo com o vazamento de informações no Rio até a confiança no presidente Romildo Bolzan Júnior.

As reuniões iniciaram em 9 de novembro, quando o Grêmio já tinha sido eliminado da Libertadores e havia perdido o recurso no Tribunal Disciplinar da Conmebol. Segundo o presidente gremista, para reafirmar a confiança no projeto e no trabalho do treinador. Desde então, outros três encontros ocorreram até o anúncio da renovação nesta quinta. Renato teve um aumento de salário e ajuste nas premiações para 2019, já que o Tricolor não disputa a Recopa.

– Numa decisão dessa natureza, não é exclusivamente o valor do salário que manda. Tem muitos outros componentes que mandam e o Renato, eu tenho certeza, pesou tudo isso – disse Romildo.

Incômodo com vazamentos no Fla
Renato nunca escondeu de ninguém a vontade de comandar o Flamengo. Nem mesmo do próprio presidente gremista. E considerou realmente a situação nos últimos dias. Só que quando viu seu nome vinculado a um acordo já selado, como se tivesse definido a situação sem comunicar ao Grêmio, se sentiu incomodado. Não foi o único fator para a decisão, mas ajudou a recusar o retorno para sua casa no Rio de Janeiro e cumprir seu sonho.

O vazamento também deu uma primeira amostragem da dificuldade do trabalho de Renato na Gávea. O treinador preza por vestiários fechados, com poucas polêmicas e pelo controle em mãos. Com sua carapuça de ídolo e as conquistas recentes, ele consegue ter domínio maior no ambiente gremista. E vê nisso um ponto fundamental para ter sucesso no trabalho.

Confiança de sobra no Grêmio
O acerto com o Grêmio veio depois de apenas quatro reuniões entre Grêmio e Renato Gaúcho. Depois do primeiro encontro, no início de novembro, outros três ocorreram nesta semana: dois entre o empresário Gerson Oldenburg, braço direito do técnico, com o CEO Carlos Amodeo, e um entre presidente e Renato.

– Tanto nós do futebol e a presidência tínhamos com o Renato um roteiro de andamento e implicava rigorosamente na confiança recíproca naquilo que se tratava. Muito do que saiu por aí não tinha a mínima procedência. Para nós, não teve o menor efeito. O Renato acredita naquilo que o Grêmio diz para ele e nós vamos acreditar naquilo que ele nos diz – garantiu Romildo.

A relação entre os dois também se tornou uma espécie de trunfo na negociação. Renato sempre teve linha aberta e direta com Romildo, com a possibilidade de dar pitacos em tudo – por exemplo, o vice de futebol Duda Kroeff foi o primeiro presidente a contratar o treinador, em 2010. Não está ali apenas por uma indicação do treinador. Mas ter bom relacionamento com o ídolo foi determinante.

Na coletiva, por exemplo, o presidente do Grêmio brincou que na reunião, após o acerto, não houve o tradicional “beijo na careca” (veja na foto acima), exclusivo para comemorações de títulos. Mas o treinador beijou a mão do comandante, em uma espécie de “bênção” após o acordo, ato recíproco do mandatário com o ídolo.

Planejamento para 2019
Nas conversas com o treinador, Romildo deixou claro a promessa de manter o nível competitivo alto. Renato quer se manter em alto nível para no futuro ser lembrado para a seleção brasileira. E, como os jogadores, precisa se destacar no clube. O presidente falou em até cinco contratações para disputar posição no time titular, apesar de não ter possibilidade de grande investimento. Certamente até com algumas indicações do próprio treinador para buscar nomes nos mesmos moldes das contratações de Bruno Cortez, Léo Moura e outros.

– Se tu fores olhar a questão orçamentária, vai ver que é pequeno (o poder de investimento). Mas se olhar a questão de possibilidade de diagnóstico, avaliação, nomes, sabemos que temos que ter três, quatro, cinco jogadores que cheguem para ser titular ou disputar posição – comentou Romildo.

Sucesso no projeto
Até aqui, o projeto recíproco de Grêmio e Renato deu muito certo. O clube gaúcho apostou no treinador quando ele estava há dois anos sem trabalhar, em setembro de 2016. Desde então, acabou com um jejum sem títulos ao ganhar a Copa do Brasil daquele ano, foi tricampeão da América e, em 2018, papou a Recopa logo no início do ano e ainda voltou a ganhar o Gauchão depois de oito anos.

Com uma vitória sobre o Corinthians, no domingo, na Arena, o Grêmio garante uma vaga direta na Libertadores de 2019. Até o momento, o Tricolor foi pelo menos até quartas de final em todas as edições de Libertadores e Copa do Brasil desde a chegada de Renato. No Brasileirão, apesar de não usar o time titular em todas as rodadas, esteve constantemente na briga pelo título e pode ficar no G-4 em 2018 – espaço já ocupado em 2017.

Do Globo Esporte

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