Com projetos para auxiliar astronautas, Interclasse de Robótica do Sesi premia melhores ideias

Tem tecnologia que nem a NASA – sigla em inglês da agência do Governo Federal dos Estados Unidos responsável pela pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e programas de exploração espacial – ainda foi capaz de criar, mas, se depender dos protótipos desenvolvidos pelos alunos das escolas do Sesi, é questão de tempo até uma série de soluções estarem ao alcance dos astronautas para auxilia-los nas viagens espaciais.

Tudo isso foi apresentado por estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental que, durante o sábado (25/08), participaram do Torneio Interclasse de Robótica das escolas do Sesi de Campo Grande e Maracaju, realizado no Centro de Convenções e Exposições Albano Franco, na Capital. Um dos times, de alunos do 6º ano, bolou um capacete inteligente e, nele, está acoplado óculos 3D que armazena uma série de informações, de manuais de instrução sobre os equipamentos da nave a receitas de bolo.

Por meio de realidade virtual, o capacete permite ao astronauta acessar esses dados, de maneira interativa e facilitada. Isso porque o tema do torneio deste ano é “Em órbita – Você tem o que é preciso para entrar em órbita?” e os alunos foram desafiados a pensar em soluções para os principais desafios dos astronautas durante os longos períodos em que permanecem no espaço.

“Pesquisando sobre o assunto, descobrimos que um simples ‘oi’ no WhatsApp demora de 6 a 7 meses para ser enviado quando se está em uma viagem espacial, ou seja, a rede de internet é muito lenta. Então, imagine se um astronauta precisar fazer uma pesquisa no Google? É inviável. Por isso a nossa ideia foi esse óculos, que é acionado por comando de voz. Basta dizer o que se procura, ele cruza os dados e mostra inúmeras fontes de pesquisa”, explicou o aluno do 6º ano do Ensino Fundamental da Escola do Sesi de Campo Grande, Victor de Pádua, 11 anos, com ares de cientista.

A ideia de acoplar tudo isso em um capacete, por sua vez, veio do colega de time, João Vítor de Freitas. “Sabe o Homem de Ferro? Então, foi a nossa inspiração”, explicou ele sobre o traje do super-herói que interpreta ordens. Entre os projetos, também existe uma máquina que ativa o sistema cardiovascular dos astronautas, a MED 2, e um medicamento que abranda os efeitos da exposição excessiva à radiação. “Assistimos diversos vídeos da NASA com depoimentos dos astronautas se queixando dos problemas de circulação, que causam dores nas pernas, por exemplo. Então, a MED 2 exerce uma pressão negativa sobre o corpo dele e faz o sangue circular”, descrevey Beatriz Santana, 13 anos, aluna do 8º ano do Ensino Fundamental da Escola do Sesi.

O Torneio

Todas essas ideias foram avaliadas ao longo do dia por um time de jurados.  Além de apresentarem os projetos de pesquisa, as 18 equipes das escolas do Sesi tiveram que cumprir outros três desafios, sempre sobre o olhar atento do júri: o desafio do robô, uma competição emocionante entre robôs de Lego, construídos e programados pelos próprios alunos para realizar várias missões; o design do robô, que consiste na avaliação da robustez e características da máquina, além do Core Values, a categoria que analisa a capacidade de cada aluno de trabalhar em equipe e também inúmeras habilidades socioemocionais.

O melhor desempenho em todos estes quesitos rendeu o grande prêmio do Interclasse, a categoria “Champion”, ao time Fora de Órbita, dos alunos do 8º ano do Ensino Fundamental da Escola do Sesi de Maracaju. Já o melhor Projeto de Pesquisa foi elaborado pela equipe Robotics Claw, do 6º ano do Ensino Fundamental da Escola do Sesi de Campo Grande. O time se baseou nos estudos do líder da equipe de propulsão avançada da NASA, o engenheiro aeroespacial Harold White, para pensar em uma “camada de lítio” que, hipoteticamente, tornaria as naves espaciais mais velozes.

“A partir do estudo do Harold, teríamos um combustível, feito com base na junção de dois elementos, deutério e lítio 6, que, fundidos em grandes toneladas, provocam uma grande propulsão, atingindo 300 mil km por segundo”, disse o técnico do time, o professor Mateus.

Na categoria “Desafio do Robô”, o time vencedor foi o Lots, do 8º ano da Escola do Sesi de Campo Grande. A medalha de melhor “Design do Robô” ficou com a equipe Space Life, do 9º ano da Escola do Sesi de Maracaju, e os valores do “Core Values” foram melhor representados pela Interestelar, do 7º ano da Escola do Sesi de Campo Grande.

“A preparação para o Torneio Interclasse é tão intensa e começa meses antes do dia competição em si. Então é um momento para consolidar o trabalho que as escolas do Sesi desenvolvem com a robótica, preparando os alunos para o contexto da Indústria 4.0”, avaliou o gerente do Sesi de Campo Grande, Helton Leal.

A diretora da Escola do Sesi de Maracaju, Jaqueline Alves, fala sobre as mudanças e a evolução apresentada pelos alunos com a robótica, que integra a grade curricular e faz parte do dia a dia deles. “É notável que o aluno se apropria de um novo tipo de conhecimento e, de forma lúdica, passa a se envolver com conteúdos e temas que normalmente não fazem parte de uma escola. Esse é um diferencial muito grande”, afirmou.

“Um exemplo muito claro é que, do ano passado para cá, 300 novos alunos se matricularam na Escola do Sesi e, com isso, tiveram pela primeira vez contato com a robótica, apresenta um crescimento fantástico. O aluno passa a ter um relacionamento realmente diferente com os professores, e fica muito mais próximo deles, além de ter prazer em aprender as disciplinas de exatas, que deixam de ser um bicho de cabeças”, completou o diretor da Escola do Sesi de Campo Grande, Murilo Augusto.

Os pais dos alunos confirmam. Juliana Pedroso da Silva, mãe das alunas Isabela e Isadora, do 6º e 9º ano, respectivamente, da Escola do Sesi de Maracaju, fala sobre o interesse das filhas durante o desenvolvimento do trabalho. “Era o tempo todo querendo pesquisar, trabalhando em equipe, então notamos que a robótica tem esse papel não só de contribuir com o raciocínio lógico do aluno, mas faz ele pensar de uma outra forma. Ele passa a compreender que aprender matemática não é só para decorar uma fórmula que nunca mais vai usar na vida, mas pode usa-la no dia a dia, como para ajudar os astronautas”, afirmou.

O Interclasse é promovido todos os anos nas Escolas do Sesi como forma de treino para o torneio FLL (First Lego League), organizado pelo Sesi Nacional com a participação de alunos de escolas públicas e privadas de todo o país. Foi a FLL que escolheu o tema “Into Orbit” para a edição de 2018 e, agora que as sete escolas do Sesi de Mato Grosso do Sul já realizaram o Interclasse, estão preparadas para o torneio nacional, que começa em outubro.

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