Com ou sem segurança vou continuar na política, diz juiz Odilon

Odilon de Oliveira, candidato ao governo de MS pelo PDT – Foto: Assessoria

Surpreendido com a decisão do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) divulgada nesta terça-feira, 21, no portal da própria instituição, que vai retirar gradualmente a escolta da Polícia Federal, realizada desde 1998, devido a ameaças de morte em razão de sua atuação no combate ao narcotráfico em Mato Grosso do Sul, o juiz aposentado Odilon de Oliveira, candidato ao governo do Estado pelo PDT, disse que com ou sem segurança vai continuar na política.

Durante seus 30 anos como juiz federal, Odilon retirou cerca de R$ 2 bilhões em bens e dinheiro dos traficantes e repassou aos estados e à União. Foram mais de 100 narcotraficantes condenados, incluindo alguns chefões brasileiros e o colombiano Juan Carlos Abadia, extraditado para os EUA. Desmantelou quadrilhas especializadas em lavagem de dinheiro e tirou das mãos dos criminosos mais de 30 mansões, 18 aviões, 85 fazendas (juntas somam 36 mil hectares) e centenas de automóveis e apartamentos.

Sua cabeça chegou a valer 1 milhão de dólares

Odilon se tornou, neste período, inimigo número um dos traficantes. Sua cabeça chegou a valer, segundo investigações da polícia brasileira e paraguaia, US$ 1 milhão no mercado do crime de encomenda. Com a segurança em risco, chegou a morar integralmente na sala onde despachava em Ponta Porã, a 340 km de Campo Grande, sob a vigilância de sete agentes federais fortemente armados. Em sua defesa, o magistrado disse que a PF descobriu 28 ameaças e planos de mortes contra ele.

Há 20 anos, ele perdeu completamente a liberdade pela escolha que fez de combater o crime. Muitos dos bens apreendidos, Odilon autorizou doações para diversas entidades filantrópicas e instituições públicas, enquanto muitos gestores dilapidam o patrimônio público e desviam recursos do erário. “Embora tenha perdido minha liberdade em razão de meu intenso trabalho como juiz criminal, ao longo de décadas, estou certo de que não perdi meu tempo procurando proteger também seus filhos, principalmente das drogas”, ressaltou o magistrado.

Para ele, a União tem o dever de protegê-lo de riscos de vingança decorrentes do seu trabalho, mesmo na aposentadoria. “É covardia da União jogar na boca de leões quem caiu nessa situação porque enfrentou o crime organizado”, afirmou, acrescentando que o CNJ deveria separar a questão de sua segurança e sua escolha de entrar na política.

Reconhecimento internacional

Por sua atuação implacável, Odilon recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais, dentre eles o prêmio do Escritório das Nações sobre Drogas e Crime (Unodc) em 2011, pelo trabalho contra a corrupção. Em 2015, novamente condecorado pela Organização das Nações Unidas (ONU), com o título de Guardiões dos Objetivos do Milênio. O reconhecimento também veio com o filme “Em nome da Lei”, lançado em 2016, que narra a história do magistrado que enfrentou a bandidagem com firmeza e destemor.

Peso da máquina do Estado

Estranhamente, após Odilon se aposentar, entrar na política e decidir se candidatar ao governo de Mato Grosso do Sul, ele começou a sofrer pressões políticas e conviver com notícias falsas tentando demovê-lo da decisão de concorrer nas próximas eleições. “Com ou sem segurança, vou continuar na política com maior motivação ainda. Temos que substituir pela firmeza e destemor a covardia de uns e a omissão de outros. Nem nos momentos de maior risco, que foram muitos, pensei em desistir. Só os frouxos ou covardes renunciam. Entrei para a política sabendo que encontraria tudo isto. Estava e continuo ciente de que enfrentaria, como venho enfrentando, o peso da máquina administrativa e outras agressões que virão, de fundo exclusivamente político. Resistirei a todas elas juntamente com o povo, que defendi, por anos, sem temor, e continuarei defendendo”, afirmou Odilon.

Em nota divulgada na tarde dessa terça-feira, logo após a divulgação da notícia pelo CNJ, o magistrado observou que o Conselho não deveria considerar na decisão a sua nova atividade como político, mas se permaneceria ou não o risco de vingança em razão do trabalho na ativa. “O processo que tramita no CNJ, de minha iniciativa, trata exclusivamente de manutenção da segurança na inatividade. Vou recorrer na esfera do Conselho e, ao mesmo tempo, ajuizar ação de obrigação de fazer contra a União, com pedido de liminar”, lamentou ele, acrescentando que vai levar o caso à ONU.

Da Assessoria

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