Home Economia

Com dólar alto e greve, ‘inflação do aluguel’ sobe 8,42% e pressiona reajustes

Impactado pela desvalorização do real e pela greve dos caminhoneiros, o índice de inflação mais usado para corrigir os reajustes dos aluguéis teve forte avanço no último ano e pressiona o valor dos contratos. Apesar da alta, o mercado ainda desaquecido tem ajudado a segurar os preços médios de locação.

Após ter recuado 0,52% em 2017, o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), subiu com força este ano e já acumula alta de 8,42% nos 12 meses encerrados em julho, segundo divulgou nesta segunda-feira (30) a Fundação Getulio Vargas (FGV). Os contratos de aluguel costumam ser reajustados com base na variação acumulada dos 12 meses anteriores.

A diretora de locação da Lello, Roseli Hernandez, que administra cerca de 11 mil imóveis alugados no país, diz que o índice vem sendo aplicado em todos os contratos, mas que isso só ocorre por causa do comportamento do IGP-M ao longo do ano passado.

“Não houve um caso sequer de pedido para reajustar abaixo do IGP-M, porque no ano passado o índice foi negativo e deu uma certa ‘vantagem’ ao locatário”, explica Roseli.

Um indício de que o mercado desaquecido tem ajudado a segurar a alta pode ser medido pela pesquisa mensal de locação do Secovi-SP (Sindicato da Habitação). Em São Paulo, principal mercado imobiliário, o valor de locação recuou 0,6% no acumulado de 12 meses encerrados em junho. No mesmo período, a variação do IGP-M foi de 6,93%.

“É um sinal de que os inquilinos estão conseguindo negociar o valor do aluguel”, afirma o diretor da vice-presidência de Gestão Patrimonial e Locação do Secovi-SP, Mark Turnbull.

A variação do IGP-M também está bem acima da chamada inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que subiu 4,39% no acumulado em 12 meses até junho.

“Embora o IGP-M sirva como indexador dos valores de aluguel, será um pouco difícil eles subirem tanto, já que o mercado está muito retraído”, considera o superintendente adjunto de índices gerais de preços do FGV/IBRE, Salomão Quadros.

Segundo o pesquisador, é provável que o setor imobiliário adote outros índices de inflação para fazer os reajustes, como o IPCA, ou que cresçam as negociações diretas para corrigir os aluguéis, que não estão subindo.

Efeitos do câmbio e do exterior

O avanço do IGP-M bem mais intenso que do IPCA guarda relação com o fato de ele ser mais abrangente e mostrar os preços do atacado de forma mais precisa. Além do varejo, um forte balizador das despesas das famílias, o indicador também leva em conta os preços da produção industrial e agrícola e da construção civil.

“Ao contrário do ano passado, este ano houve mudanças no quadro internacional nos últimos dois meses que afetaram o índice”, explica Quadros.

O IGP-M sofre uma influência considerável das oscilações do dólar, além das cotações internacionais de produtos primários, como as commodities e metais. Setores como o siderúrgico e petroquímico, por exemplo, repassaram o aumento de preços que não aparece em dados do IPCA.

Com a desvalorização cambial que começou em abril e se intensificou, houve uma pressão maior sobre o índice, explica o pesquisador do Ibre. “Outro fator relevante foi o aumento no preço dos combustíveis, que é mais abrangente no IGP-M.”

Segundo Quadros, a greve dos caminhoneiros, deflagrada há dois meses, também provocou alguns aumentos de grande proporção nos preços e desorganizou certas atividades abrangidas pelo índice, como a avicultura, em maio e junho.

Já em julho, a prévia do IGP-M apontou que a alta dos preços perdeu força e pode começar a arrefecer nos meses seguintes com a estagnação da economia e uma maior estabilidade do dólar nas últimas semanas.

“O IGP-M é também um indicador de pressões que estão acontecendo na cadeia produtiva que podem ou não afetar o consumidor”, define Quadros.

Do G1

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UM COMENTÁRIO/RESPOSTA

Por favor, digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Sair da versão mobile

Definição de Cookie

Abaixo você pode escolher quais tipos de cookies permitem neste site. Clique no botão "Salvar configurações de cookies" para aplicar sua escolha.

FuncionalNosso site usa cookies funcionais. Esses cookies são necessários para permitir que nosso site funcione.

AnalíticoNosso site usa cookies analíticos para permitir a análise de nosso site e a otimização para o propósito de otimizar a usabilidade.

Social mediaNosso site coloca cookies de mídia social para mostrar conteúdo de terceiros, como YouTube e FaceBook. Esses cookies podem rastrear seus dados pessoais.

AnúnciosNosso site pode utilizar cookies de publicidade para mostrar anúncios de terceiros com base em seus interesses. Esses cookies podem rastrear seus dados pessoais.

OutrosAlgum conteúdo publicado em nosso site pode incluir cookies de terceiros e de outros serviços de terceiros que não são analíticos, mídia social ou publicidade.